Durante o ano de 2015, com a exceção da Madeira, onde uma espécie de mosquito invasor (Aedes aegypti) está presente pelo menos desde 2005, não foram identificadas em Portugal espécies de mosquitos exóticas/invasoras no total de 37798 mosquitos de 21 espécies. Esta é uma das conclusões que consta no relatório da Rede de Vigilância de Vetores REVIVE, relativo ao ano de 2015 e a sua evolução nos últimos 5 anos (2011-2015).
Este relatório, divulgado dia 29 de abril durante o 8.º Workshop REVIVE, refere também que nas amostras em que foi pesquisada a presença de flavivírus patogénicos para o Homem os resultados foram negativos. Em 2015, participaram no “REVIVE – Culicídeos” as cinco Administrações Regionais de Saúde e o Instituto da Administração da Saúde e dos Assuntos Sociais da Madeira, entidades que realizaram colheitas de mosquitos em 156 concelhos de Portugal.
No total do “REVIVE – Culicídeos”, desde 2008 foram identificados 259111 mosquitos de 25 espécies em 189 concelhos de Portugal, tendo sido confirmada a identificação de Aedes aegyptina Madeira, onde foi sinalizada pela primeira vez em 2005. Não foram identificadas outras espécies exóticas/invasoras e a pesquisa de agentes patogénicos (flavivírus e plasmódio) foi sempre negativa.
Já em relação ao REVIVE – Ixodídeos” participaram em 2015 cinco Administrações Regionais de Saúde, tendo sido realizadas colheitas de carraças em 154 concelhos. No total de 6716 exemplares, foram identificadas 11 espécies de carraças descritas anteriormente nas regiões.
No âmbito dos cinco anos do “REVIVE – Ixodídeos” foram identificados 36018 ixodídeos em 180 concelhos de Portugal continental, tendo sido identificada uma espécie importada, o que sublinha a importância desta vigilância epidemiológica nos vetores. Nas amostras em que foi pesquisada a presença de Rickettsia e Borrelia foi observada uma prevalência de 14,2% e 1,9%, respetivamente.
A criação do REVIVE deveu-se principalmente à necessidade de instalar capacidades nas diversas regiões, visando aumentar o conhecimento sobre as espécies de vetores presentes, sua distribuição e abundância, impacte das alterações climáticas, explicar o seu papel como vetores e para detetar espécies invasoras em tempo útil, com importância na saúde pública. O Instituto Ricardo Jorge, como autoridade competente na vigilância epidemiológica, formação e divulgação de conhecimento, participa através do Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI) no REVIVE, coordenando a atividade deste grupo.
O REVIVE tem como objetivos monitorizar a atividade de artrópodes hematófagos e caracterizar as espécies e sua ocorrência sazonal. A rede visa também identificar agentes patogénicos importantes em saúde pública, dependendo da densidade dos vetores, o nível de infeção ou a introdução de espécies exóticas para alertar para as medidas de controlo.
O primeiro protocolo REVIVE (2008-2010) foi criado como uma rede entre a Direção-Geral da Saúde, Administrações Regionais de Saúde do Algarve, do Alentejo, do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte e o Instituto Ricardo Jorge. O segundo protocolo REVIVE (2011-2015) prorrogou a vigilância para incluir também as carraças vetores com importância em Saúde Pública em Portugal. O terceiro protocolo REVIVE (2016-2020) encontra-se em fase de implementação.