Reconstrução mamária inovadora: Hospital de São João faz reconstrução inovadora em Portugal

14/09/2017

Uma equipa de cirurgiões plásticos do Serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética do Hospital de São João, Porto, realizou com sucesso a primeira reconstrução mamária bilateral associada à transferência de gânglios linfáticos.

«Foi realizada a reconstrução das duas mamas em simultâneo com o tratamento do linfedema (acumulação de líquidos) do braço numa doente com risco aumentado de cancro de mama», declarou à agência Lusa a cirurgiã Inês Correia de Sá, sobre esta técnica que o próprio hospital considerou «inovadora».

De acordo com a especialista, esta foi a primeira vez que este procedimento simultâneo foi realizado em Portugal.

A técnica foi implementada numa utente previamente submetida a tumorectomia (cirurgia em que apenas é removido o tumor, respeitando a zona de tecido em volta dele) e esvaziamento axilar ganglionar para o tratamento de um cancro de mama.

Segundo explicou Inês Correia de Sá, após este procedimento cirúrgico foi-lhe diagnosticada uma mutação genética que lhe confere um elevado risco de voltar a desenvolver cancro de mama pelo que a utente optou por fazer mastectomia bilateral profilática (extração das duas mamas para diminuição de risco de cancro).

«Como a doente apresentava já linfedema acentuado do membro superior, sem melhoria com o uso de mangas elásticas ou fisioterapia e condicionando elevada limitação motora, optou-se por realizar uma transferência microcirúrgica de gânglios linfáticos localizados na região inguinal para a axila no mesmo tempo cirúrgico em que se realizou a reconstrução mamária bilateral recorrendo a técnicas microcirúrgicas», esclareceu.

Ambas as técnicas – para reconstrução da mama e a transferência de gânglios linfáticos – «são procedimentos altamente diferenciados e com elevado grau de exigência técnica», salientou Inês Correia de Sá.

Acrescentou que «a reconstrução fisiológica com transferência microvascularizada de gânglios linfáticos é, por si só, uma técnica recentemente desenvolvida e que apenas se realiza rotineiramente em alguns centros diferenciados a nível mundial».

De acordo com a cirurgiã, com esta intervenção, «é expectável uma melhoria significativa do linfedema, com redução da circunferência do membro superior e das complicações inerentes a esta patologia».

O linfedema pode chegar aos 50% das doentes tratadas para o cancro da mama. No entanto, esclareceu Inês Correia de Sá, «esta patologia afeta outros doentes como, por exemplo, pessoas que fazem tratamento de melanoma (cancro da pele)» e pode ocorrer nos braços e nas pernas.

As cirurgiãs responsáveis pelo procedimento, Inês Correia de Sá e Joana Costa, fizeram parte da sua formação cirúrgica em centros de referência em Nova Iorque, EUA e Gent, na Bélgica, respetivamente.

Inês Correia de Sá acrescentou ainda que, com este avanço, o Serviço de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética espera dar resposta no tratamento de doentes de qualquer área do país que sofram de linfedema dos membros superiores ou inferiores, adquiridos no tratamento de tumores, secundários a traumatismos, infeções ou outras causas.

Fonte: Lusa

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