27/09/2017
Portugal está entre os países europeus com mais novos casos de VIH entre pessoas com mais de 50 anos, de acordo com um estudo internacional, divulgado pelo jornal The Lancet, em que se defende que é necessária mais informação naquela faixa etária.
«Nos 12 anos mais recentes, houve um aumento contínuo de novos casos de VIH em pessoas mais velhas, o que significa que são necessários mais informação e mais testes específicos para a geração mais idosa», lê-se nas conclusões do estudo do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças publicado pelo jornal britânico especializado em saúde.
Em 2015, 17 % dos novos casos foram diagnosticados em pessoas com mais de 50 anos. Portugal, com seis casos por cada 100.000 cidadãos com mais de 50 anos, foi o país com a quarta maior taxa de novos casos nesta idade, embora tenha diminuído o número global de pessoas mais velhas infetadas.
Estónia, com 7,5 casos, Letónia, com 7,17, e Malta, com 7,15 casos por 100.000, foram os países com taxas maiores.
De 2004 a 2015, o ritmo de aumento de novos casos subiu em 16 países, assinala-se no estudo.
«Os resultados indicam uma clara necessidade de criar programas de prevenção completos, incluindo educação, acesso a preservativos, facilidade nos testes e tratamentos virados para adultos mais velhos em toda a Europa», afirmou a principal autora do estudo, Lara Tavoschi.
Acrescentou que é preciso reduzir estigmas e dizer às pessoas como se podem defender da doença, a par de um reforço dos testes, que devem ser mais acessíveis, para o diagnóstico e o começo dos tratamentos serem mais rápidos.
Nos países analisados – os 28 da União Europeia mais a Islândia, Noruega e Liechtenstein -, a média de novos casos acima dos 50 anos aumentou de 2,1 casos por 100.000 em 2004 para 2,5 em 2015.
Isto representa 54.102 pessoas com mais de 50 anos diagnosticadas com VIH, a maior parte dos casos com a infeção em estado avançado.
Lara Tavoschi afirmou que a epidemia de VIH está a evoluir num sentido diferente do que se pensava, «potencialmente devido à pouca consciência da doença entre os mais velhos, as formas de transmissão, o que leva a equívocos e pouca noção dos riscos que correm».
«O nosso estudo mostra a necessidade de garantir que todas as idades são abrangidas pelos serviços de saúde competentes», salientou.
No caso das pessoas com mais de 50 anos, doenças características da idade, como complicações cardíacas, de fígado e rins, podem acelerar a progressão do VIH, aumentando a mortalidade.
Quanto a pessoas mais novas, no estudo indica-se que as taxas de infeção com o VIH diminuíram em seis países: Áustria, França, Holanda, Noruega, Portugal e Reino Unido.
Fonte: Lusa
Consulte:
The Lancet – HIV diagnosis increasing in older adults in Europe (em inglês)
Informação do INSA:
Infeções por VIH na Europa: número de casos aumenta entre pessoas com mais de 50 anos
29-09-2017
Portugal está entre os países europeus em que, no período de 2004 a 2015, a taxa de novos diagnósticos de infeção por VIH em pessoas com 50 ou mais anos foi mais elevada, segundo um estudo internacional divulgado pela revista “The Lancet HIV”. Com seis casos por cada 100 mil habitantes com 50 ou mais anos, foi o país com a quarta maior taxa de novos casos nesse grupo etário.
Só foram observadas taxas mais elevadas na Estónia, Letónia e Malta, respetivamente com 7,5, 7,17 e 7,15 casos por 100 mil habitantes. No entanto, ao contrário do observado num grande número desses países, em Portugal, no período em análise, a taxa de novos diagnósticos neste grupo etário mostrou uma tendência decrescente significativa.
Os resultados do estudo mostram ainda que, a nível europeu, ao contrário do verificado para os casos de infeção por VIH diagnosticados em adultos mais jovens, os novos casos em indivíduos com 50 ou mais anos mostraram-se mais frequentemente associados a transmissão heterossexual e o diagnóstico foi tardio também com maior frequência.
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge é responsável por coligir, analisar e divulgar a informação epidemiológica nacional sobre a infeção VIH e SIDA desde 1985. No último relatório publicado, foi dada nota da elevada proporção (25,5%) de novos diagnósticos, ocorridos em 2015, em adultos do grupo etário agora em estudo e da consequente necessidade dos serviços de saúde estarem cientes desta situação, de modo a promoverem o diagnóstico mais precoce das infeções e também a adequarem às idades em questão a informação relacionada com a prevenção.
“New HIV diagnoses among adults aged 50 years or older in 31 European countries, 2004–15: an analysis of surveillance data” analisa a informação epidemiológica reunida pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), através do sistema de vigilância epidemiológica europeu, ao qual 31 países da Comunidade Europeia e do Espaço Económico Europeu, entre os quais Portugal, submetem anualmente a informação recolhida a nível nacional. Para consultar o artigo, clique aqui.