17/10/2017
As equipas de psicólogos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) realizaram, desde domingo, dia 15 de outubro, 126 assistências às vítimas e familiares dos incêndios que atingiram a zona Centro, bem como a bombeiros que entraram em crise psicológica devido ao sentimento de impotência contra o fogo.
A responsável pelo Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do INEM, Sónia Cunha, disse à agência Lusa que, desde domingo, estão no terreno cinco unidades móveis, que contaram com o apoio de elementos da Cruz Vermelha Portuguesa.
Desde o início dos fogos na zona Centro – que provocaram 37 mortos, dezenas de feridos e destruíram centenas de habitações e empresas – estas equipas têm-se deslocado até junto das vítimas, nomeadamente as que viram os seus bens destruídos pelas chamas, bem como familiares de mortos e ainda bombeiros.
Os familiares das vítimas mortais receberam as primeiras atenções dos psicólogos, que as apoiaram à medida que iam identificando os mortos.
No caso dos bombeiros, Sónia Cunha explicou que foram vários os que manifestaram sinais de crise psicológica, provocada pelo «sentimento de impotência» face à dimensão dos incêndios.
Tal como aconteceu nos incêndios de há quatro meses, em Pedrógão Grande, «a vulnerabilidade» das populações atingidas foi o sentimento mais identificado pelas equipas de psicólogos que encontraram nestas pessoas a dor de «não conseguirem controlar o que está à sua volta».
A psicóloga considera que a proximidade da catástrofe em Pedrógão Grande poderá ter agravado este sentimento de vulnerabilidade, uma vez que «ainda não passou o tempo suficiente para as pessoas se organizarem».
Ao contrário dos fogos em Pedrógão Grande, a dispersão da área atingida por estes incêndios representa um desafio maior para as equipas de apoio psicológico que, por esta razão, e apesar dos fogos já estarem controlados, vão permanecer mais tempo no local.
Fonte: LUSA