21/12/2017
Um doente que recorra aos serviços de urgência do distrito de Bragança, durante a noite, tem agora a garantia de que os medicamentos que lhe são prescritos estarão disponíveis e com a possibilidade de lhe serem levados a casa gratuitamente.
Os novos serviços surgem no âmbito do projeto SAFE (Serviço de Assistência Nacional Farmacêutica), anunciado em julho pelo Ministério da Saúde, e que começou a funcionar esta semana envolvendo as entidades ligadas à saúde e todas as farmácias deste distrito, que é o primeiro de Portugal a experimentar este projeto.
O doente só precisa de um telemóvel para saber qual a farmácia que tem disponível os medicamentos que lhe são prescritos nos serviços de urgência, podendo optar por aquela onde pretende aviar a receita ou pedir que lhe seja entregue ao domicílio.
O projeto, que visa complementar o atual regime de turnos das farmácias, destina-se apenas a medicamentos prescritos durante o período noturno, em contexto de urgência, nos quatro serviços existentes na região, nomeadamente as urgências médico-cirúrgicas de Bragança e Mirandela, e as básicas de Macedo de Cavaleiros e Mogadouro, segundo a Diretora Clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, Eugénia Parreira.
A ULS do Nordeste e as farmácias de todo o distrito entram «na implementação do projeto», com o apoio da Administração Regional de Saúde do Norte, dos SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e da Associação Nacional das Farmácias para a operacionalização no terreno.
Este serviço funciona todos os dias, entre as 21 e as 9 horas, e domingos e feriados, durante 24 horas.
O distrito de Bragança foi escolhido devido à elevada dispersão populacional, tendo em conta que os 136 mil habitantes estão dispersos por 226 freguesias, quase todas rurais, ao longo de 6.608 km². A população é servida por 41 farmácias, 15 das quais fazem atualmente serviço noturno: três em serviço permanente e 12 em disponibilidade.
Para o serviço funcionar, o doente tem de ter disponível um telemóvel.
A Unidade Local de Saúde do Nordeste elaborou uma lista com os 14 medicamentos mais prescritos nos quatro serviços de urgência, que vão de antibióticos a antipiréticos, anti-inflamatórios, anti-histamínicos, antieméticos.
Para o serviço funcionar, o doente tem de ter disponível um telemóvel, no qual vai receber uma mensagem quando lhe é prescrito, nas urgências, algum destes medicamentos, tendo depois de ligar para o número gratuito 800 24 14 00.
O atendimento é feito por farmacêuticos, que irão dar a indicação de quais as farmácias de serviço (turno) ou em disponibilidade que têm o medicamento disponível. O doente pode optar pela mais próxima da sua residência, por exemplo, e também pedir que lhe seja entregue no domicílio, a custo zero.
O projeto SAFE informa o doente das farmácias onde os medicamentos que lhe são prescritos estão disponíveis e simultaneamente faz uma espécie de reserva até este chegar com a receita.
Para a distribuição no domicílio, foi criada uma equipa própria de motoristas, com viaturas adaptadas e com a identificação do projeto SAFE.
O projeto está «ainda na fase zero», indicou a Diretora Clínica da Unidade Local de Saúde do Nordeste, Eugénia Parreira, explicando que serão feitos ajustamentos no futuro, nomeadamente a nível tecnológico e na rede de ligação entre as entidades envolvidas.
Aos doentes, serão os médicos nas urgências quem vai explicar, nesta fase inicial, o que se está a passar, segundo a responsável.
As partes envolvidas garantem que o mesmo não visa substituir nenhum serviço, mas complementar, em resposta à associação que está a ser feita na região entres este projeto e as alterações aos horários que podem deixar vários concelhos sem farmácia durante a noite.
A Diretora Clínica é também médica internista e garantiu que a experiência que tem é de que «80 % ou mais» daqueles que recorrem aos serviços de urgência durante a noite «são indivíduos perfeitamente autónomos», sem dificuldade em lidar com as exigências do projeto.
De acordo com a médica, «há uma percentagem residual de indivíduos mais idosos, mas ou vêm acompanhados por familiares ou com um funcionário do lar e também há sempre um telemóvel que está disponível», acrescentou.
Consulte:
Portal SNS > Projeto-piloto em Bragança