28-12-2017
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Epidemiologia, participou num estudo internacional, coordenado pelo Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), sobre mortalidade por doenças do aparelho respiratório associadas à gripe. O trabalho agora publicado na revista “The Lancet” utilizou dados atualizados, do período de 1999 a 2015, de 33 países.
De acordo com o artigo “Estimates of global seasonal influenza-associated respiratory mortality: a modeling study“, a estimativa do número anual de óbitos, por doenças do aparelho respiratório associados às epidemias de gripe, ao nível global, de 1999 a 2015, ter-se-á situado entre 291 mil e 646 mil óbitos por ano. Estas estimativas são superiores aos valores anteriormente apontados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) relativos ao impacte mundial da gripe na mortalidade por todas as causas, que estimou valores entre 250 mil a 500 mil óbitos por ano.
Na revisão da estimativa do impacte das epidemias da gripe na mortalidade por doenças respiratórias agora publicada no “The Lancet”, os investigadores envolvidos calcularam os excessos de mortalidade por doença respiratória associada à gripe, em cada um dos países participantes, recorrendo aos registos nacionais de mortalidade e à informação colhida pelos sistemas de vigilância epidemiológica da gripe nacionais. O Departamento de Epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge participou no estudo calculando o impacte das epidemias de gripe na população portuguesa para o período de 1999 a 2014.
A aplicação de modelos estatísticos às estimativas obtidas dos países participantes, que representam 57% da população global, permitiu a extrapolação da mortalidade por doenças do aparelho respiratório associada à gripe para 185 países ao nível global. Segundo estes resultados, a maioria dos óbitos ocorreram em indivíduos com 75 ou mais anos de idade e nos países localizados nas regiões mais pobres do mundo (África Subsariana, Sudoeste Asiático e Mediterrânico Oriental).
Em comunicado de imprensa sobre estes resultados, o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Peter Salama, sublinha a importância de todos os países trabalharem em conjunto para controlar as epidemias de gripe antes da chegada da próxima pandemia. “Isso inclui o aumento da capacidade de detetar e responder às epidemias e fortalecer os sistemas de saúde para melhorar a saúde dos mais vulneráveis e daqueles que têm maior risco de sofrer complicações”, refere.
Em Portugal, existe em funcionamento um sistema de vigilância epidemiológica da gripe integrado com uma componente clínica e virológica, que reporta informação semanalmente para apoio à tomada de decisão tendo em vista o controlo e a mitigação dos impactes das epidemias gripe sazonais. Por outro lado, a Direção-Geral da Saúde e as Administrações Regionais de Saúde desenvolveram o Plano de Contingência Saúde Sazonal – Módulo Inverno, que é anualmente implementado e que tem como finalidade prevenir e mitigar os efeitos negativos do frio e das infeções respiratórias, mais especificamente a gripe.