Investigação do Instituto Ricardo Jorge abre possibilidade de nova estratégia terapêutica em diversos tipos de cancro

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29-12-2017

Uma investigação do Departamento de Genética Humana do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge permitiu descobrir que a proteína mTOR, que se encontra “hiperativada” na maior parte dos cancros e outras doenças humanas, como diabetes e doenças cardiovasculares, pode ser produzida no organismo através de um mecanismo alternativo da iniciação da síntese proteica. Esta descoberta abre a possibilidade para o estabelecimento de uma nova estratégia terapêutica em diversos tipos de cancro.

Os resultados publicados no artigo “Cap-independent translation ensures mTOR expression and function upon protein synthesis inhibition” mostram também que este mecanismo se encontra ativo tanto em condições normais, como em condições de baixa oxigenação, como é o caso dos tumores sólidos. A mesma publicação revela que este mecanismo alternativo da iniciação da síntese proteica é essencial para a função do mTOR na progressão do ciclo celular.

A proteína mTOR (mechanistic target of rapamycin) está envolvida na resposta celular a estímulos ambientais, fazendo parte de vias ou cascatas de sinalização dirigidas à regulação da expressão dos genes. Segundo Luísa Romão, investigadora do Departamento de Genética Humana e uma das autoras deste trabalho, estas observações além de contribuírem para o conhecimento da regulação da expressão do mTOR podem também abrir a possibilidade de estabelecimento de uma nova estratégia terapêutica através da inibição da via alternativa de síntese desta proteína.

“Têm sido desenvolvidos vários compostos para inativar a via de sinalização em que se insere o mTOR, estando alguns deles já a ser testados em ensaios clínicos. Dado que muitos desses compostos possuem alvos não específicos com potenciais efeitos adversos, a inibição direta do mTOR através da inativação do mecanismo alternativo da sua síntese pode ser a próxima forma de contrariar a híper-ativação desta proteína em diversos tipos de cancro e, assim, bloquear a sua progressão”, explica a investigadora do Instituto Ricardo Jorge.