16-01-2018
O sistema de vigilância epidemiológica (SVIG) do Festival Andanças 2016, bem como o sistema de prestação de cuidados de saúde em que este se apoia, cumpriu os seus objetivos e provou a sua adaptabilidade e capacidade de resposta a eventos adversos, previsíveis ou imprevisíveis. Esta é a principal conclusão da análise aos problemas de saúde e cuidados de saúde prestados no âmbito da vigilância epidemiológica da edição de 2016, marcada por um incêndio no parque de estacionamento.
Apesar deste incêndio, que destruiu 458 viaturas de participantes e colaboradores e obrigou à evacuação provisória do festival, o SVIG Andanças 2016, bem como o serviço de prestação de cuidados de saúde, foi capaz de responder a esta situação sem repercussões relevantes na qualidade e acessibilidade dos cuidados prestados. “Os dados recolhidos permitem concluir que não houve um aumento da procura de cuidados de saúde e a existência de meios diferenciados de prestação de cuidados no recinto do festival permitiu evitar deslocações desnecessárias dos participantes para fora do festival”, referem os autores desta análise.
O Festival Andanças é um festival de música e dança que reúne todos os anos no verão mais de 15 mil pessoas durante uma semana em ambiente rural no centro-interior de Portugal. O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Epidemiologia, participa, desde 2014, em articulação com a Autoridade de Saúde local, na vigilância epidemiológica do festival para permitir a deteção precoce de qualquer problema de saúde que possa afetar os participantes, permitindo uma intervenção rápida que resolva ou mitigue a situação.
Eventos de massas ou de multidões (mass gatherings) podem ser definidos como reunindo mais do que um determinado número de pessoas num local específico para uma finalidade específica, por um período definido de tempo. Na situação concreta dos festivais de música, os riscos para a saúde aumentam devido ao maior número de contactos interpessoais, a concentração elevada de participantes, oriundos de outras regiões ou países, com alojamentos e estruturas de restauração temporárias que podem contribuir para um maior risco de doenças transmissíveis e eventuais consumos elevados de bebidas alcoólicas ou de drogas recreativas, o que pode também propiciar comportamentos de risco.
“Uma catástrofe num festival de verão – resposta na área da saúde” foi publicado no Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica periódica editada pelo Instituto Ricardo Jorge em acesso aberto. Para consultar o artigo de Ricardo Mexia, Ana San-Bento e Manuela Castro, clique aqui.