31/01/2018
Investigadores de Coimbra vão utilizar células estaminais para recuperar doentes que sofreram acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos agudos, de acordo com um estudo que vai passar a ensaio clínico no segundo semestre de 2018. Trata-se de uma técnica inovadora, que vai ser testada durante um ano em trinta doentes, e conta com um financiamento de aproximadamente um milhão de euros, através do programa comunitário Compete 2020.
O estudo observacional em pessoas, iniciado há quatro anos, envolvendo o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais e os laboratórios Crioestaminal, conclui que as células progenitoras endoteliais (um tipo de células estaminais) contribuem para reconstituir os vasos lesados.
Segundo o coordenador da unidade de AVC do CHUC, João Sargento Freitas, o estudo demonstra que «existem células estaminais que estão associadas ao desenvolvimento de novos vasos, que nós todos temos no sangue, em concentrações muito pequenas, produzidas pela medula óssea, que nos permitem fazer novos vasos sempre que precisamos».
De acordo com o neurologista, vão ser retiradas células do doente diretamente da medula óssea, separar as células que fazem vasos e injetá-las por cateter na zona do AVC, recriando novos vasos para voltar a dar sangue à zona que foi lesada. Na prática, o método passa por colocar «o maior número de células que se conseguir no sítio onde elas são precisas (local do AVC)».
O coordenador frisou que «os dados preliminares são promissores e realmente indicam que têm potencial e um impacto clínico importante em doentes, mas agora queremos, como em qualquer passo de investigação, validar e demonstrar a sua eficácia no ensaio clínico».
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