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Instituto Ricardo Jorge participa em projeto para controlo de infeção em São Tomé e Príncipe

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20-04-2018

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através dos seus departamentos de Doenças Infeciosas e de Genética Humana, está a participar num projeto que tem como objetivo o controlo da celulite necrotizante em São Tomé e Príncipe. Este projeto pretende identificar a causa do aumento anormal do número de casos desta infeção dos tecidos moles (geralmente nos membros inferiores), originada por agentes microbianos e que pode provocar lesões irreversíveis e debilitantes se não for rapidamente diagnosticada e tratada.

Coordenado pela Fundação Calouste Gulbenkian e com uma duração prevista de quatro meses, este projeto, que se encontra a ser desenvolvido em articulação com as autoridades de saúde locais, vai permitir reforçar e apoiar a implementação de procedimentos clínicos e laboratoriais de diagnóstico, assim como a gestão terapêutica e ou cirúrgica dos casos detetados, através da formação especializada de profissionais de saúde de São Tomé e Príncipe. Será também desenvolvido um plano de intervenção para a prevenção e controlo da doença, que continua a apresentar um elevado número de casos (cerca de 30 novos casos por semana).

A participação do Instituto Ricardo Jorge prevê a formação de profissionais de laboratório do Hospital Ayres de Menezes, particularmente focada na colheita e análise bacteriológica de feridas e úlceras, incluindo o estudo de suscetibilidade aos antibióticos e o estudo de potenciais fontes de infeção endógena. É também da responsabilidade do Instituto desenvolver o estudo molecular, por sequenciação do genoma completo, das bactérias isoladas pelos métodos bacteriológicos convencionais, a fim de conhecer a proximidade genética de estirpes da infeção e de colonização (intradoente) e de estirpes da infeção isoladas em diferentes doentes (interdoentes), bem como os fatores de virulência (toxinas) presentes nas estirpes identificadas como o agente causal de celulite necrotizante.

Este projeto decorre de uma missão realizada em São Tomé e Príncipe, em março do ano passado, por uma equipa recrutada pela Organização Mundial da Saúde, da qual fez parte a microbiologista Maria João Simões, responsável da Unidade Laboratorial Integrada do Departamento de Doenças Infeciosas. Os dados obtidos então, por análise bacteriológica e molecular de amostras de feridas/úlceras, indicaram que Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes estavam presentes em todas as amostras sendo, presumivelmente, estas bactérias as responsáveis pela infeção, como agente único ou em coinfecção.

Além de especialistas do Instituto Ricardo Jorge, a equipa multidisciplinar envolvida agora neste projeto integra elementos do Instituto Gulbenkian de Ciência, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, do Hospital Egas Moniz e conta com o apoio da Cooperação Portuguesa, através do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, e do Ministério da Saúde de Portugal, designadamente da Direção-Geral de Saúde.

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