18/05/2018
A região do Porto está a «trabalhar arduamente» para reunir condições para abrir um Banco de Leite Humano até ao final do ano e, em Lisboa, o serviço vai passar a cobrir mais quatro hospitais, de acordo com o pediatra Israel Macedo.
O especialista, responsável pelo Banco de Leite Humano do Centro Hospitalar de Lisboa Central – Maternidade Alfredo da Costa (CHLC – MAC), o único banco de leite no país, explicou que a necessidade de um banco de leite no Porto é «clara», pois há «muitos bebés prematuros», e que já «estão na fase de arranjar meios financeiros».
Israel Macedo, que falava a propósito do Dia Mundial de Doação de Leite Humano, que se assinala no sábado, dia 19 de maio, esclareceu que estão a decorrer reuniões na Direção-Geral da Saúde (DGS) no âmbito da alimentação de crianças onde «entra o problema do número de bancos de leite a nível nacional».
O pediatra deixou também em aberto a hipótese da criação de um banco de leite que sirva a zona Norte e Centro, onde se inserem os hospitais de Coimbra que «registam um grande número de cirurgias a crianças», que podiam beneficiar também do «leite de dadora» na recuperação.
«Vamos ter de fazer contas também em relação à possibilidade de, do Porto, fornecerem Coimbra, porque geograficamente são mais próximas (…) Um a dois bancos de leite mais no país faz todo o sentido. Se só no Porto ou numa zona intermédia, se no Porto e Coimbra, ainda temos de ver», disse.
Em relação à expansão do serviço já existente a mais hospitais na área de Lisboa, o especialista explicou que, desde a sua criação, o banco fornece leite materno ao Hospital Dona Estefânia e ao Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) estando a dar-se «passos sólidos» para que o fornecimento seja alargado ao Hospital Santa Maria, ao Hospital Garcia de Orta e ao Hospital São Francisco Xavier.
Israel Macedo referiu ainda ter recebido recentemente um pedido do Hospital de Cascais, que «tem bebés com menos de 32 semanas», a população alvo do banco de leite.
Desde a criação do Banco de Leite Humano do CHLC – MAC, em 2009, «mais de 200 mulheres foram dadoras», estando atualmente ativas cerca de 15. O banco processa, «em média, 200 litros de leite», que permite alimentar «uma média de 150 bebés por ano», adiantou o pediatra.
«As dadoras ficam ativas cerca de três a seis meses. Quando começam a trabalhar normalmente é um problema». A questão da «amamentação é que a partir dos cinco ou seis meses a nossa legislação não permite que as pessoas consigam, nos seus locais de trabalho, recolher o leite e, portanto, normalmente perdemos as dadoras quando começam a trabalhar», afirmou.
O leite materno permite «diminuir as infeções intestinais graves», fornecer gorduras e proteínas mais adequadas que fazem com que «o cérebro se desenvolva melhor» e tem também um «papel anti-inflamatório».
«Quando se faz ressonância magnética a estas crianças encontram-se cérebros mais desenvolvidos do que os das crianças que são alimentados com leite artificial», exemplificou o especialista.
Fonte: Lusa