22/05/2018
O transporte inter-hospitalar pediátrico permitiu, nos últimos 11 anos, «levar os cuidados intensivos a cerca de 15 mil crianças», que se traduz numa redução de morbilidade e mortalidade em situações críticas.
«O objetivo deste transporte é levar os cuidados intensivos até à criança e não a criança até aos cuidados intensivos. Isso sem dúvida foi uma grande mais-valia e traduz-se em muito menos morbilidade e mortalidade neste tipo de situações críticas», afirma Francisco Abecassis, coordenador médico responsável pelo transporte inter-hospitalar pediátrico (TIP) Sul.
De acordo com o perito do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para a área da pediatria, a criação deste serviço permitiu reduzir a taxa de «morbilidade e mortalidade neste tipo de situações críticas» que afetam desde recém-nascidos prematuros a jovens até 18 anos.
«Estamos a falar de crianças em estado muito crítico, mas a taxa de mortalidade quer antes, durante ou imediatamente a seguir ao transporte é abaixo de 0,5%, são números muito baixos, o que quer dizer que a esmagadora maioria das crianças que é transportada por nós chega com sucesso ao seu destino e consegue depois que as coisas corram bem», afirma.
Para o responsável e membro das equipas TIP, a estabilização dos doentes é um dos maiores desafios.
«Em termos de recém-nascidos há o grande prematuro, a extrema prematuridade, podemos estar a falar de recém-nascidos que têm 500 gramas de peso e que nascem num hospital que não está preparado para isso e, portanto, uma série de cuidados têm de ser tidos e, depois, há a doença aguda em crianças mais velhas, quer o trauma, (…) quer infeções graves, como meningites graves ou sépsis, que são situações em que os doentes estão muito instáveis e precisam de muitas manobras de estabilização», explica.
São transportadas quatro crianças por dia em situações críticas
Atualmente há quatro ambulâncias de TIP no país: TIP Norte (no Porto), TIP Centro (em Coimbra), TIP Sul Lisboa e TIP Sul Algarve (em Faro), o que permite cobrir a totalidade do território continental, algo que poucos países na União Europeia conseguem.
De acordo com o responsável, Francisco Abecassis, está a ser trabalhada uma solução juntamente com o INEM, os Açores e a Madeira, para que o sistema de transporte possa ser alargado.
«Estamos também a trabalhar numa solução juntamente com o INEM e com as regiões autónomas de tentar que este sistema de transporte possa também ir buscar crianças às ilhas quando assim for necessário e, então aí, poderíamos dizer que todo Portugal está coberto por este sistema de transporte», refere.
O transporte inter-hospitalar pediátrico deu os primeiros passos no final da década de 80, com o transporte neonatal e pediátrico. Em 2005, Coimbra começou a efetuar o transporte de crianças e jovens até aos 18 anos e, em 2010, surgiu em Lisboa o Suporte Avançado de Vida (SAV) pediátrico.
Da fusão do SAV pediátrico com o transporte de recém-nascidos de alto risco, foi o TIP oficialmente constituído como meio de emergência médica do INEM em 2013.
Em média, desde 2007, são transportadas quatro crianças por dia em situações críticas, que precisam de cuidados intensivos, tendo o transporte uma taxa de mortalidade abaixo dos 0,5%.