Mais de 10.600 doentes com hepatite C curados, nos últimos 3 anos
Mais de 10.600 doentes com hepatite C ficaram curados, nos últimos três anos, em Portugal, com os medicamentos inovadores para a doença, continuando a percentagem de cura acima dos 96%.
Números do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde mostram que foram realizados mais de 20 mil tratamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) desde que foi aprovado o primeiro medicamento de nova geração para a hepatite C.
A percentagem de sucesso mantém-se elevada (96,6%), tendo ficado curados 10.664 doentes, dos 11.041 que já tiveram resultados após o tratamento, refere o instituto, em vésperas do Dia Mundial das Hepatites, que se assinala no sábado, 28 de julho.
Existem atualmente oito medicamentos distintos para tratar a hepatite C e os fármacos mais recentes e inovadores permitem tratamentos de menor duração, havendo ainda outros medicamentos em avaliação.
A decisão, tomada em 2015, de tratar de forma universal e gratuita todos os doentes com hepatite C veio permitir que os tratamentos fossem iniciados em fases mais precoces da doença.
Jorge Rodrigues, perito do Infarmed, sublinha que «os doentes estão a ser tratados mais cedo» e que o facto de haver pouca espera entre o diagnóstico e o tratamento leva a que comecem a ser tratados em fases mais iniciais de doença hepática.
De acordo com os dados do Infarmed, há três anos eram 57% os doentes em tratamento que estavam em estádios avançados da doença, com fibrose grave ou cirrose. Atualmente, em 2018, estes dados inverteram-se: mais de 54% dos doentes estavam em estádios menos avançados e 45% é que se encontravam em fase mais avançada da doença.
O universo dos doentes potencialmente abrangidos pelos tratamentos havia sido definido em 13 mil pessoas em 2015, mas foi já ultrapassado, com mais de 20.300 tratamentos realizados no SNS.
Segundo Jorge Rodrigues, a estimativa de 13 mil doentes havia sido avançada ao Infarmed, pelos hospitais, há cerca de três anos, aquando das negociações com as farmacêuticas para o Estado dar acesso universal aos novos fármacos.
Entretanto, acrescenta o perito, novos doentes foram sendo diagnosticados e são logo dirigidos para tratamento, o que fez ultrapassar já os 20 mil tratamentos realizados.
Do universo de doentes registados em Portugal, três em cada quatro são homens e a idade média é de 50,4 anos. De todos os doentes, 22% estão também infetados com o vírus do VIH/sida.
O Dia Mundial contra as Hepatites assinala-se, anualmente, a 28 de julho. A celebração tem como objetivo clarificar aspetos referentes à infeção, sublinhar a sua prevalência a nível mundial, sensibilizar para a necessidade de investir na prevenção e informar os doentes, os seus familiares e a população em geral.
Sobre a Hepatite
A hepatite é uma inflamação do fígado. Esta inflamação pode desaparecer espontaneamente ou progredir para fibrose (cicatrizes), cirrose ou cancro do fígado. Os vírus da hepatite são a causa mais comum de hepatite no mundo. Pode, também, ser causada por substâncias tóxicas (por exemplo, álcool, certos medicamentos) e doenças autoimunes.
A hepatite viral consiste num grupo de doenças infeciosas que compreende as hepatites A, B, C, D e E.
A hepatite representa um elevado risco para a saúde global, uma vez que existem cerca de 240 milhões de pessoas com infeções crónicas por hepatite B e cerca de 130-150 milhões de pessoas infetadas pelo vírus da hepatite C.
As hepatites A e E são geralmente causadas por ingestão de alimentos ou de água contaminados, enquanto as hepatites B, C e D derivam do contacto com fluidos corporais infetados. A transmissão mais comum destes últimos tipos é através de transfusão de sangue, produtos sanguíneos contaminados e procedimentos médicos invasivos em que se utilizaram equipamentos contaminados. A transmissão da hepatite B pode ocorrer também através do contacto sexual.
Embora muitas vezes assintomática ou acompanhada de poucos sintomas, a infeção pode manifestar-se através de icterícia, urina escura, cansaço intenso, náuseas, vómitos e dor abdominal. O vírus da hepatite pode causar infeções agudas e crónicas, como, por exemplo, a inflamação do fígado, que pode levar o paciente a desenvolver cirrose e cancro hepático.
Trata-se, geralmente, de uma doença com cura, pelo que se apela ao diagnóstico precoce e consequente tratamento.
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