- Decreto-Lei n.º 86/2018 – Diário da República n.º 208/2018, Série I de 2018-10-29
Presidência do Conselho de Ministros
Altera o Regulamento das Custas Processuais
«RESUMO EM LINGUAGEM CLARA (SEM VALOR LEGAL)
O que é?
Este decreto-lei vem tornar os tribunais administrativos mais rápidos e reduzir os custos associados aos processos em tribunal através da:
-
- dispensa do pagamento do remanescente da taxa de justiça.
- redução da taxa de justiça e dispensa do pagamento da segunda prestação da taxa de justiça nos processos administrativos.
A taxa de justiça é o valor que tem de se pagar para começar um processo em tribunal.
O remanescente é o valor da taxa de justiça, nos processos que valham mais do que 275 000 euros, que fica para pagar no final do processo, quando já houver uma decisão.
A segunda prestação da taxa de justiça é a parcela da taxa de justiça que é paga até 10 dias a contar da notificação para a audiência final.
O que vai mudar?
Passa a haver redução da taxa de justiça nos processos administrativos
A taxa de justiça é reduzida a 90%, se a parte apresentar o seu pedido através de um formulário aprovado para esse efeito.
Prevê-se a dispensa do pagamento do remanescente e da segunda prestação da taxa de justiça
Se o processo terminar antes de concluída a fase de instrução, ou seja, antes que o juiz analise as provas, não é necessário pagar o remanescente.
No caso das ações administrativas, não é necessário pagar a segunda prestação da taxa de justiça quando não haja audiência final ou em certos casos em que a ação tenha sido suspensa.
O prazo para a parte enviar a conta de custas para o tribunal passa de 5 para 10 dias.
Que vantagens traz?
Com este decreto-lei pretende-se:
-
- tornar os processos mais rápidos e menos repetitivos
- tornar mais clara a comunicação entre as partes e o tribunal.
Quando entra em vigor?
Este decreto-lei entra em vigor no dia a seguir à sua publicação.
O valor da causa, para efeitos de custas, é sempre fixado de acordo com as regras que estavam em vigor quando o processo entrou no tribunal.
«Decreto-Lei n.º 86/2018
de 29 de outubro
Após a reforma do Código de Processo nos Tribunais Administrativos, operada pelo Decreto-Lei n.º 214-G/2015, de 2 de outubro, verifica-se a necessidade de algumas adaptações sistemáticas, nomeadamente a atualização e a adaptação do Regulamento das Custas Processuais a alguns dos novos mecanismos processuais ali previstos.
Aproveita-se o ensejo para proceder a outras alterações, norteadas pelos seguintes objetivos complementares:
Consagrar um mecanismo de incentivo à economia e à clareza na produção de peças processuais pelas partes no processo administrativo, tantas vezes desnecessariamente prolixas e repetitivas, com efeitos nefastos para a jurisdição administrativa, tanto para as partes, com a deficiente transmissão das causas de pedir e pedidos das partes, como para o tribunal, com a consequente morosidade na tramitação, através de uma redução da taxa de justiça pela elaboração e apresentação dos respetivos articulados em conformidade com os formulários e instruções práticas constantes de portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça, alterando o artigo 6.º;
Prever a dispensa do pagamento do remanescente quando o processo termine antes de concluída a fase de instrução, através da previsão de um n.º 8 no artigo 6.º
Foram ouvidos o Conselho Superior da Magistratura, o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, a Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução, o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, o Sindicato dos Funcionários Judiciais e o Sindicato dos Oficiais de Justiça.
Foi promovida a audição do Conselho Superior do Ministério Publico, do Conselho dos Oficiais de Justiça, da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, da Ordem dos Advogados e da Ordem dos Contabilistas Certificados.
Assim:
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Objeto
O presente decreto-lei procede à décima quarta alteração ao Regulamento das Custas Processuais, aprovado no anexo III ao Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro (Regulamento das Custas Processuais), na sua redação atual.
Artigo 2.º
Alteração ao Regulamento das Custas Processuais
Os artigos 6.º, 7.º, 14.º-A e 25.º do Regulamento das Custas Processuais, passam a ter a seguinte redação:
«Artigo 6.º
[…]
1 – […].
2 – […].
3 – […].
4 – […].
5 – […].
6 – […].
7 – […].
8 – Quando o processo termine antes de concluída a fase de instrução, não há lugar ao pagamento do remanescente.
9 – Nos processos administrativos, a taxa de justiça é reduzida a 90 % do seu valor quando a parte proceda à elaboração e apresentação dos respetivos articulados em conformidade com os formulários e instruções práticas constantes de portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça.
Artigo 7.º
[…]
1 – […].
2 – […].
3 – […].
4 – […].
5 – […].
6 – […].
7 – […].
8 – […].
9 – A modificação do objeto do processo, no âmbito da ação administrativa, está sujeita a tributação, nos termos do 1.1 da tabela I-B.
Artigo 14.º-A
Não pagamento da segunda prestação
[…];
a) […];
b) […];
c) […];
d) […];
e) Ações administrativas em que não haja lugar a audiência final;
f) Ações administrativas que tenham sido suspensas no âmbito da seleção de processos com andamento prioritário, salvo se o autor requerer a continuação do seu próprio processo;
g) […];
h) […].
i) […];
j) […].
Artigo 25.º
[…]
1 – Até 10 dias após o trânsito em julgado ou após a notificação de que foi obtida a totalidade do pagamento ou do produto da penhora, consoante os casos, as partes que tenham direito a custas de parte remetem para o tribunal, para a parte vencida e para o agente de execução, quando aplicável, a respetiva nota discriminativa e justificativa, sem prejuízo de esta poder vir a ser retificada para todos os efeitos legais até 10 dias após a notificação da conta de custas.
2 – […].
3 – O patrocínio de entidades públicas por licenciado em direito ou em solicitadoria com funções de apoio jurídico equivale à constituição de mandatário judicial, para efeitos de compensação da parte vencedora a título de custas de parte.
4 – (Anterior n.º 3.)»
Artigo 3.º
Alteração à tabela II do Regulamento das Custas Processuais
A tabela II aprovada em anexo ao Regulamento das Custas Processuais, é alterada com a redação constante do anexo ao presente decreto-lei e do qual faz parte integrante.
Artigo 4.º
Norma transitória
As alterações efetuadas pelo presente decreto-lei ao Regulamento das Custas Processuais entram em vigor no prazo estipulado, com as seguintes exceções:
a) Relativamente aos processos pendentes, as alterações apenas se aplicam aos atos praticados a partir da entrada em vigor do presente decreto-lei, considerando-se válidos e eficazes todos os pagamentos e demais atos regularmente efetuados ao abrigo da legislação aplicável no momento da prática do ato, ainda que a aplicação do Regulamento das Custas Processuais, com a redação dada pelo presente decreto-lei, determine solução diferente;
b) Todos os montantes cuja constituição da obrigação de pagamento ocorra após a entrada em vigor do presente decreto-lei, nomeadamente os relativos a taxas de justiça, a encargos, a multas ou a outras penalidades, são calculados nos termos previstos no Regulamento das Custas Processuais, com a redação dada pelo presente decreto-lei;
c) O valor da causa, para efeitos de custas, é sempre fixado de acordo com as regras que vigoravam na data da entrada do processo;
d) Nos processos em que há lugar ao pagamento da segunda prestação da taxa de justiça e o mesmo ainda não se tenha tornado exigível, o montante da prestação é fixado nos termos da redação que é dada ao Regulamento das Custas Processuais pelo presente decreto-lei, ainda que tal determine um montante diverso do da primeira prestação;
e) Nos processos em que o pagamento da taxa de justiça devida por cada uma das partes foi regularmente efetuado num único momento não há lugar ao pagamento da segunda prestação da taxa de justiça previsto no n.º 2 do artigo 13.º do Regulamento das Custas Processuais, com a redação dada pelo presente decreto-lei;
f) Nos processos em que, em virtude da legislação aplicável, houve lugar à dispensa do pagamento prévio da taxa de justiça, essa dispensa mantém-se, sendo o pagamento dos montantes que a parte teria de ter pago caso não estivesse dispensada devidos apenas a final, ainda que a aplicação da redação que é dada ao Regulamento das Custas Processuais pelo presente decreto-lei determinasse solução diferente.
Artigo 5.º
Entrada em vigor
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte à sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 20 de setembro de 2018. – Augusto Ernesto Santos Silva – Francisca Eugénia da Silva Dias Van Dunem.
Promulgado em 10 de outubro de 2018.
Publique-se.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Referendado em 17 de outubro de 2018.
O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa.
ANEXO
(a que se refere o artigo 3.º)
TABELA II
(a que se referem os n.os 1, 4, 5 e 7 do artigo 7.º do Regulamento)