Doença bipolar: Descoberta portuguesa identifica quem pode desenvolver a patologia

02/11/2018

Médicos psiquiatras do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) descobriram que os níveis de ácido úrico no sangue de doentes com depressão poderão identificar quem está em risco de desenvolver doença bipolar.

Uma investigação portuguesa, publicada recentemente na revista científica internacional Bipolar Disorders mostrou que doentes internados por depressão com níveis altos de ácido úrico no sangue apresentam maior risco de progressão para uma outra doença psiquiátrica, a chamada doença bipolar.

Segundo os autores do estudo – Pedro Oliveira, Vítor Santos, Manuel Coroa, Joana Ribeiro e Nuno Madeira -, médicos psiquiatras do CHUC e investigadores no Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, «não existia até então nenhum exame acessível no dia-a-dia capaz de identificar indivíduos em risco de desenvolver doença bipolar».

Pedro Oliveira refere também que «este achado inovador, apesar de necessitar de maior investigação, poderá revolucionar a abordagem e tratamento dos doentes deprimidos permitindo, além de uma melhor resposta ao tratamento, a identificação de formas iniciais de doença bipolar, intervindo numa fase mais precoce e minimizando o impacto da doença na vida do doente».

A doença bipolar é caracterizada não só por episódios persistentes de tristeza, semelhantes ao que acontecem na depressão, mas também por fases de euforia e energia aumentada, os chamados episódios maníacos. O diagnóstico desta doença é frequentemente tardio, sendo frequente que, durante bastantes anos, os doentes sejam considerados como tendo apenas depressão.

Um em cada quatro portugueses sofrerá de depressão ao longo da sua vida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão já é a principal causa de incapacidade no mundo. Esta doença é, na maioria dos casos, tratável com recurso a antidepressivos. No entanto, em certas formas de depressão, como em indivíduos com doença bipolar, o tratamento com antidepressivos é pouco eficaz e poderá agravar o prognóstico da doença.