28-12-2018
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge integra um projeto na área da vigilância de vetores de doenças infeciosas que foi distinguido pela Comissão Europeia com um apoio financeiro de 1,5 milhões de euros. O projeto “Vectrack” propõe o desenvolvimento de um método completamente inovador na vigilância de mosquitos vetores de agentes de doença que vai possibilitar a identificação da espécie, sexo, idade e potencial de infeção das populações de mosquitos, mas de uma forma completamente automatizada e remota.
Financiado ao abrigo do programa Fast Track to Innovation (FTI), do Conselho Europeu de Inovação (CEI), no âmbito do Programa Horizonte 2020, o sistema de “Vectrack”, associado a um serviço sentinela por satélite, vai permitir a obtenção de mapas de distribuição geográfica e temporal em tempo-real para vigilância dos mosquitos vetores e avaliação de risco das doenças associadas. O projeto conta com a participação de quatro entidades de três países europeus Bélgica, Espanha e Portugal, representado pelo Instituto Ricardo Jorge, através do seu Centro de Vetores e Doenças Infeciosas Doutor Francisco Cambournac (CEVDI).
Para a implementação do “Vectrack” vão ser usadas estações de captura de mosquitos que incluem armadilhas equipadas com sensores eletrónicos capazes de detetar sinais específicos do batimento das asas dos insetos, e que podem, deste modo, contar o número de mosquitos capturados, bem como diferenciá-los por espécie, sexo e idade. Estas estações de colheita vão ser instaladas em locais que são atualmente monitorizados pelo Programa Nacional de Vigilância de Vetores (REVIVE), em território nacional, nomeadamente na região do Algarve e Madeira.
A aplicação e desenvolvimento desta tecnologia vai permitir ainda otimizar a elaborada e dispendiosa logística que é investida nas atividades de vigilância de vetores e doenças associadas, desde as visitas periódicas ao terreno por técnicos especializados, bem como aos procedimentos de colheita e envio das amostras para o laboratório. Vai ser possível também gerar informação sobre a atividade dos mosquitos vetores num determinado local, em tempo real e de modo remoto, o que em articulação com um sistema sentinela por satélite vai gerar mapas de distribuição e risco que ficam imediatamente disponíveis para análise pelas entidades responsáveis pelo controlo dos insetos e doenças associadas.
A vigilância de insetos vetores associados a doença é realizada em Portugal desde 2008 através do programa REVIVE, coordenado pelo Instituto Ricardo Jorge, em articulação com a Direção-Geral da Saúde, Administrações Regionais de Saúde, Instituto da Administração da Saúde e Assuntos Sociais e Direção Regional da Saúde dos Açores. A gestão deste programa é responsável pela vigilância a nível nacional de artrópodes hematófagos, incluindo mosquitos, carraças e flebótomos, com o objetivo de determinar a abundância e diversidade de espécies vetoras e detetar atempadamente espécies invasoras em território nacional, assim como pesquisar agentes de doença nos insetos vetores e executar planos de vigilância em aeroportos, portos e pontos de entrada, de acordo com o Regulamento Sanitário Internacional.
Além do projeto do Instituto Ricardo Jorge, que se encontra já na fase de “processo acelerado para a inovação”, foram ainda distinguidos pela Comissão Europeia, num total de 283 projetos a apoiar, mais três projetos portugueses, com um financiamento de 50 mil euros cada, com vista o desenvolvimento de um plano seguro de identificação digital, um teste para diagnosticar a doença de lúpus numa fase inicial e uma solução para a produção em larga escala de um substância química chamada esparteína. Até 2020, o projeto-piloto do CEI vai distribuir 2,7 mil milhões de euros a inovações revolucionárias, sob alçada do Horizonte 2020.