03-01-2019
Uma reserva de alimentos não perecíveis e uma reserva de água foram as medidas básicas de preparação para emergências mais adotadas pela população afetada pelos incêndios florestais na região Centro, em junho de 2017, revela um inquérito divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. O estudo concluiu também que a maioria dos inquiridos prefere meios de comunicação sem autonomia energética.
Na sequência dos incêndios de 2017 ocorridos nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera foi desenvolvido o Plano Estratégico no âmbito da Saúde Pública, decorrente de uma Resolução do Conselho de Ministros, que tinha como um dos objetivos a recolha de evidências que permitam “aumentar a resiliência das populações em risco e capacitar os serviços de saúde para disponibilizarem a resposta adequada às necessidades da população”.
No âmbito deste plano, foi desenvolvido um inquérito, centrado no incêndio de junho de 2017, aplicado a uma amostra de 330 pessoas, com idade compreendida entre os 18 e os 79 anos, representativa da população dos três concelhos afetados, tendo o trabalho de campo decorrido entre 19 de março e 7 de maio de 2018.
Os alimentos que não requerem refrigeração nem preparação culinária e o abastecimento de água foram as medidas de preparação mais referidas pelos inquiridos (85% e 63% respetivamente), segundo os resultados do inquérito, apresentados no Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica editada pelo Instituto Ricardo Jorge. Os resultados deste trabalho mostram também que “a maioria (69%) prefere meios de comunicação sem autonomia energética (televisão, telefone, internet), o que poderá ser muito limitativo em caso de falha no fornecimento”.
Aproximadamente 79% dos respondentes referiram dispor de um rádio a pilhas e 47% de uma lanterna a pilhas, mas apenas 35% verificava regularmente a carga das pilhas. Quando inquiridos em relação aos principais meios de comunicação utilizados para receber informações e indicações das autoridades no caso de uma catástrofe de grandes dimensões, (36%) mencionaram a televisão, 22% o telefone (fixo e móvel), 15% o rádio e 11% a Internet.
À semelhança de outros estudos, verificou-se que os doentes crónicos têm uma probabilidade estatisticamente significativa de manter em casa uma reserva de medicação que possibilite o controlo da sua doença durante um determinado período de tempo. Segundo o inquérito, mais de metade dos inquiridos (58,2%) referiram estar preparados ou bem preparados, tendo adotado três ou quatro das medidas previstas.
“Preparação das famílias para fazer face a emergências e catástrofes: avaliação após o incêndio de 2017 ocorrido nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera” foi publicado na edição de setembro-dezembro de 2018 do Boletim Epidemiológico Observações. Para consultar o artigo de Mariana Neto, João Pimentel, António Morais, Cristina Santos, António J. Ferreira e Pedro L. Ferreira, clique aqui.