10/07/2019
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) lançou uma campanha nacional de sensibilização para o retinoblastoma, um tipo de tumor raro que atinge o olho, mais concretamente a retina. Cerca de 90% dos casos ocorrem em crianças abaixo dos 5 anos de idade. O diagnóstico precoce «faz toda a diferença».
A campanha, intitulada «Pare e olhe nos olhos», passa, em parte, pela distribuição de panfletos por todos os centros de saúde e serviços de pediatria a nível nacional, alertando para a necessidade de um diagnóstico precoce do retinoblastoma, um tumor que é exclusivamente tratado no Centro de Referência Nacional de Onco-Oftalmologia, no CHUC, que funciona desde 2015.
«As crianças aparecem tardiamente e este é um tumor que quanto mais precoce» maiores são as probabilidades de sobrevivência do olho e da não utilização de tratamentos mais evasivos, explicou o Diretor do Centro de Referência Nacional de Onco-Oftalmologia, Joaquim Murta, na conferencia de imprensa que decorreu ontem, dia 9 de julho.
O responsável pela área da oftalmologia no Centro de Referência, Guilherme Castela, referiu que, em quatro anos de funcionamento, foram tratados 36 crianças com este tumor, 23 das quais portuguesas.
«80% chegam em fase tardia e tivemos que retirar, em 11 doentes, o olho, porque já chegaram mais tarde», disse, salientando que, num diagnóstico precoce, para além de se salvar o olho, é também possível manter a visão.
Diagnóstico precoce pode ter influência decisiva na vida das crianças
Este tumor, que pode matar, pode ser facilmente diagnosticado, sublinhou Joaquim Murta, explicando que um dos sintomas é um reflexo branco na pupila, notado em ambientes de pouca luz ou numa fotografia tirada com flash e sem a câmara estar configurada com a remoção automática do olho vermelho.
Segundo a oncologista pediátrica do CHUC Sónia Silva, já há a promessa da Direção-Geral da Saúde de incluir orientações em torno deste tumor no boletim de saúde infantil e juvenil.
Para o presidente do CHUC, Fernando Regateiro, «é fundamental sensibilizar a população para detetar situações em que, havendo uma atuação precoce, poderão ser tratadas com melhores resultados».
A campanha tem como público-alvo fundamentalmente os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos de medicina geral e familiar e os pediatras, e conta com o apoio da Direcção-Geral da Saúde, Comissão do Plano Nacional para as Doenças Oncológicas, Colégio da Especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos e da Acreditar (Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro).
«Para a Acreditar, na qualidade de associação de referência para a oncologia pediátrica, é extremamente importante dar todo o suporte a campanhas de sensibilização como a do retinoblastoma, na medida em que qualquer diagnóstico precoce pode ter uma influência decisiva na vida das crianças», disse Margarida Cruz, Diretora-Geral da Acreditar.
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