31-07-2019
Em 2017, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do seu Departamento de Alimentação e Nutrição, realizou a investigação laboratorial de 18 surtos de toxinfeção alimentar ocorridos em Portugal, que causaram 323 casos de doença e envolveram 145 hospitalizações, não tendo sido reportados óbitos. Em 10 surtos a força da evidência do veículo alimentar implicado foi forte, enquanto que nos restantes 8 surtos foi fraca.
Relativamente à identificação do agente causal nos surtos investigados, os dados conjuntos de 2017 indicam que este foi identificado em 72% (13/18) dos surtos, sendo os agentes causais mais frequentemente implicados as “Toxinas/Bactérias produtoras de toxinas”, correspondendo a 67% (12/18) do número total de surtos, seguidos de “Vírus” em 5% (1/18) dos surtos, não tendo sido possível identificar o agente em 28% (5/18) dos surtos.
Ainda segundo os dados compilados e analisados pelo Instituto Ricardo Jorge, os agentes causais identificados em mais de metade dos surtos reportados foram: Bacillus cereus e/ou suas toxinas (5 surtos); Enterotoxinas estafilocócicas/Estafilocococos coagulase positiva (3 surtos); Clostridium perfringens (3 surtos); Toxina botulínica tipo B (1 surto) e Norovírus GII (1 surto). Dos 13 surtos confirmados por isolamento do agente etiológico causal, em 12 foi possível a deteção nos géneros alimentícios e em 1 a deteção só foi possível em amostras biológicas de doentes.
Quanto aos fatores que poderão ter contribuído para a ocorrência dos 13 surtos em que o agente causal foi identificado, os autores deste estudo salientam “o abuso no tempo e temperatura de conservação em 11 surtos, sabendo-se ainda que ocorreu contaminação cruzada em 3 destes surtos, evidenciando que o incumprimento das boas práticas de tempo e temperatura após preparação foi a causa mais frequente na origem da ocorrência dos surtos de toxinfeção alimentar”.
Um surto de toxinfeção alimentar é definido como uma doença infeciosa ou tóxica que afeta dois ou mais indivíduos, causada, ou que se suspeita ter sido causada, pelo consumo de um género alimentício contaminado por microrganismos, suas toxinas ou metabolitos. As toxinfeções alimentares são causa de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, podendo ser prevenidas pela minimização dos fatores que estão na sua origem.
“Investigação laboratorial de surtos de toxinfeção alimentar: dados referentes a 2017” foi publicado no Boletim Epidemiológico Observações. Para consultar o artigo de Cristina Belo Correia, Isabel Campos Cunha, Anabela Coelho, Carla Maia, Cláudia Pena, Conceição Costa Bonito, Cristina Flores, Isabel Bastos Moura, Isabel Sousa, Maria João Barreira, Maria Manuel Toscano, Rosália Furtado, Sílvia Marcos, Susana Santos, Teresa Teixeira Lopes, Margarida Saraiva e Isabel Castanheira, clique aqui.