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Investigação: Neurocirurgião do Hospital de Santa Maria em projeto da NASA

09/08/2019

Edson Santos Oliveira, neurocirurgião do Hospital de Santa Maria, está a trabalhar num projeto da NASA que pretende descobrir porque é que viajar no espaço diminui a visão.

Numa entrevista à Revista E, do Expresso, o neurocirurgião referiu que o convite para integrar a agência espacial surgiu após ter terminado a especialidade no Hospital de Santa Maria.

Edson Oliveira está integrado num projeto que está a ser desenvolvido pela NASA, MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e o Massachusetts General Hospital, para estudar uma síndrome neuro-ocular induzida por voo espacial.

O neurocirurgião referiu que, com a permanência na Estação Espacial Internacional, a acuidade visual diminui, podendo atingir valores de 30% em meio ano, o que é bastante significativo. Existem, ainda, alterações na retina, com hemorragias e edema da papila, e no globo ocular, que fica mais achatado. «E isto preocupa bastante quando se está a almejar uma viagem a Marte, com três anos entre ir e voltar», afirmou.

«Suspeita-se de que no espaço existe um aumento da pressão intracraniana do ponto de vista crónico, de longa duração, o que origina uma hipertensão ocular». Como a pressão intracraniana tem de ser medida no espaço, estão a validar um dispositivo, desenvolvido pelo MIT, que mede esta pressão de forma não invasiva.

Referiu ainda que, «além do globo ocular, verificam-se alterações anatómicas no cérebro, que se identificam em ressonância magnética. Por exemplo, o sulco central (que divide duas grandes áreas funcionais) fica mais pequeno. E o sistema neurovestibular, do equilíbrio, sofre alterações profundas porque não tem gravidade para se orientar».

Com a ausência da gravidade «os movimentos da cabeça originam uma vertigem constante e esta é a primeira alteração que os astronautas sentem e que ocorre novamente quando regressam à Terra». Existe, também, uma «perda de cálcio e de densidade óssea, obrigando os astronautas a duas horas de exercício todos os dias».

Outra adaptação é a alimentação uma vez que só há alimentos frescos «a cada dois meses, quando chega a nave de carga. Todos eles dizem que têm saudades do cheiro do café».

Fonte: Revista E, Jornal Expresso (Entrevista de Vera Lúcia Arreigoso)

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