25/09/2019
Um serviço desenvolvido por três enfermeiras no Centro Materno-infantil do Norte (CMIN), no Porto, ensina os bebés prematuros a mamar, corrigindo o problema anatómico que os faz imaturos para combinar a sucção, deglutição e respiração.
A ciência e o conhecimento empírico conjugam-se diariamente na maternidade do Porto, numa luta constante contra a fome dos bebés e a angústias dos pais, na esmagadora maioria sem o conhecimento de que, uma vez prematuros, os bebés não têm desenvolvida a capacidade de mamar, explicou a enfermeira Cecília Mendes.
«Os bebés prematuros, como nascem muito pequeninos, são imaturos ao nível da sucção, deglutição e até da respiração. Não conseguem fazer essas três coisas juntas e têm imensa dificuldade em mamar», explicou a especialista.
Criado no âmbito do projeto Hospital Amigo Bebés, da UNICEF, o serviço recebeu um «forte incremento há cerca de 10, 15 anos porque é importantíssimo a todos os níveis, sobretudo na saúde».
«As mães chegam-nos completamente assustadas (…) muito angustiadas, com medo, sentem-se incompetentes e, quando são gémeos, pior. O que aqui fazemos é dar muito apoio, empoderar as mães, torná-las capazes», sintetizou Cecília Mendes.
Elsa Ferreira, mãe da Sara, que nasceu com 34 semanas e sem saber mamar, destacou a qualidade do apoio prestado, argumentando tratar-se de «uma aprendizagem que exige disciplina, paciência, muito amor e persistência», ao mesmo tempo que reconheceu não ter «noção, quando estava grávida, de que os bebés prematuros nasciam com esta incapacidade».
Cecília Mendes refere que o processo de aprendizagem chega a demorar cerca de «dois meses», sendo que o «mais importante é a mãe querer, o sucesso está todo na mãe».
Destacando um grau de sucesso, em prematuros, de entre 50 e 60%, «o que é muito bom, porque é muito difícil mamar», o processo de ensino é feito, também, de pequenos truques, contou.
«Às vezes damos de mamar com leite da mãe, extraído, numa sondinha na maminha (colocada junto ao mamilo), e eles mamam da sonda e da mama da mãe», contou, a título de exemplo. Outra técnica é «deixá-las (às mães) exprimir os medos enquanto o bebé mama, apoiar muito fisicamente, ensinar o pai, envolver o pai, envolver as avós, ensiná-los como agarrar na mama da mãe».
A Iara Margarida não nasceu prematura, mas com 37 semanas e quatro dias, não sabia mamar e a mãe, Fátima Moreira, teve o apoio de que precisava. «Não pensava que iria ter ajuda para ela mamar. Não sabia que isto acontecia aos bebés prematuros», disse a mãe, testemunhando a «confiança» transmitida pelo serviço, até nos pequenos detalhes.
Fonte: Lusa