A Organização Mundial de Saúde (OMS) elogiou o modelo de Portugal na resposta à violência contra crianças e jovens. A rede nacional, coordenada pelo Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, da Direção-geral da Saúde, é constituída por centros de saúde e hospitais portugueses, que têm núcleos próprios para avaliar estes casos. Cerca de nove mil crianças ou jovens em risco foram sinalizados em 2018. Bárbara Menezes, citada pela Lusa, refere que desde que começaram a ser feitos relatórios de recolha de dados, em 2009, foi possível contabilizar cerca de 70 mil situações de crianças e jovens em risco.
“São cerca de nove mil situações por ano e no ano de 2018 manteve-se nas nove mil situações”, revelou.
A maior parte dos casos (75%) foi resolvida com participação da família, graças ao trabalho do núcleo.
As equipas que respondem a estes casos são constituídas por médicos, enfermeiros, técnicos de serviço social e psicólogos, todos com formação específica nesta área.
Yongjie Yon, o representante da Organização Mundial de Saúde que esteve no Centro de Saúde de Oeiras, visitou um destes Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco, para perceber o que são estas unidades, para que servem e como funcionam.
Um modelo que impressionou o responsável, já que vai ao encontro do que a própria organização recomenda como prática para combater os maus tratos contra crianças e jovens.
“Isto é algo que frequentemente defendemos como um elemento importante na abordagem que os países devem ter para combater a violência contra as crianças, que é diferentes setores juntarem-se. E o que aprendi hoje, vi em ação e posso dizer a outros países é que Portugal conseguiu e têm os resultados que mostram o impacto deste trabalho intersetorial”, apontou Yongjie Yon à Lusa.
Referiu que muitas vezes os países mostram-se céticos quanto aos resultados de uma política deste género, alegando que não têm os meios ou que é de difícil implementação.
“Podemos partilhar o exemplo de Portugal. Vimos e isto de facto funciona e tem resultados. Por isso, é importante que recolhamos informação para depois partilhar a experiência de Portugal noutros países”, defendeu o representante da OMS, que está em Portugal para participar no seminário “Saúde Infantil, Promoção e Prevenção”, que decorre sexta-feira, em Lisboa, e onde vai falar sobre lesões não intencionais na infância.
Os dados mais atuais da rede mostram que existem atualmente 289 núcleos em Portugal continental e Açores, nos quais trabalham 1.050 profissionais de saúde, divididos entre 41 hospitais com atendimento pediátrico e 248 centros de saúde.
O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Oeiras abrange uma área territorial de 61,21 quilómetros quadrados e serve 250.489 utentes, dos quais 49.663 são crianças com idade entre os zero e os 18 anos.
Fonte: DGS e Agência Lusa