CHULN é pioneiro em transplante de membrana amniótica para encerrar buraco na retina

06/01/2020

O serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), liderado pelo médico Walter Rodrigues, é pioneiro num tratamento inovador com transplante de membrana amniótica para encerramento de buraco macular na retina.

O CHULN realizou quatro destas cirurgias nos últimos meses e prevê realizar mais três transplantes até ao final de janeiro com recurso a esta técnica inovadora, usada em poucos centros a nível mundial, que se mostra 100% eficaz em casos que até há pouco tempo não tinham solução.

O buraco macular atinge a espessura total na parte central da retina, a mácula, responsável pela visão fina, central e das cores. Tem uma prevalência de 0.3% em pessoas com mais de 55 anos de idade. Até 1990 não havia tratamento cirúrgico conhecido para este problema. A partir dessa altura surgiram técnicas que permitiram encerrar os buracos maculares em algumas situações e hoje a taxa de sucesso ronda já os 90%. No entanto, nos casos em que não se conseguia o encerramento ou quando os buracos maculares tinham grandes dimensões, não havia mais tratamento possível.

A partir de 2017, surgiram técnicas para estes casos particulares, como o transplante de retina autólogo, cirurgia introduzida no CHULN pelo Prof. Carlos Marques Neves, diretor da Clinica Universitária de Oftalmologia. Em meados de 2019, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte evoluiu para o encerramento do buraco macular com transplante de membrana amniótica, tendo realizado já quatro cirurgias, todas com 100% de sucesso.

«Muito recentemente passámos a realizar uma intervenção ainda mais eficaz, com membrana amniótica, da placenta», explica a Dra. Mun Faria, médica oftalmologista e coordenadora do departamento de Retina Cirúrgica do CHULN, que adianta os pormenores desta técnica inovadora. «Colocamos uma porção de membrana no buraco macular e temos conseguido uma taxa de encerramento de 100%, com os doentes a recuperarem a visão».

Uma descoberta que pode abrir portas para outros tratamentos. «É uma solução de continuidade num tecido nervoso», sublinha a Dra. Mun Faria. «Nós sabemos que quando há lesão num tecido nervoso não há recuperação. O globo ocular tem na sua zona central uma extensão do sistema nervoso, com camadas de células nervosas. Conseguindo estes resultados, não só tratamos os doentes como podemos abrir perspetivas para novos tratamentos neurológicos».

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