17/07/2020
Portugal realizou, em março, o primeiro transplante renal cruzado internacional, dirigido a doentes com grandes incompatibilidades imunológicas, «uns dias antes» de ter sido declarado o Estado de Emergência devido à pandemia de Covid-19.
O transplante foi realizado no dia 12 março e «os pares implicados no cruzamento, do Centro Hospitalar Universitário do Porto e da Fundación Puigvert de Barcelona, fizeram teste à Covid-19, antes do cruzamento, com resultado negativo», revela o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), em comunicado.
Em 2019, o programa de doação renal cruzada, dirigido a doentes com grandes incompatibilidades imunológicas, permitiu e realização de seis transplantes de dador vivo em dois ciclos de três transplantes cada um.
Programa Nacional de Doação Renal Cruzada
«Um dos marcos da doação em vida em Portugal foi a criação do Programa Nacional de Doação Renal Cruzada em 2010», que conta com a participação de mais de 120 pares dador-recetor.
Este programa baseia-se no intercâmbio de rins de dadores vivos entre dois ou mais pares que não são compatíveis entre si. Desde o seu início, 24 doentes foram transplantados ao abrigo deste programa em cadeias de dois ou três pares.
«O transplante renal cruzado é uma modalidade terapêutica bem desenvolvida em países com elevada atividade de transplante renal de dador vivo, como é o caso da Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, Holanda ou Reino Unido, que realizam este tipo de procedimentos há muito tempo com excelentes resultados», explica o IPST.
De acordo com o instituto, o «correto funcionamento» do programa baseia-se num registo de pares dador-recetor incompatíveis associado a um algoritmo matemático que permite ao IPST, a cada três meses, realizar combinações de pares compatíveis.
Internacionalização visa aumentar possibilidade dos pares dador-recetor
Está também sustentado num protocolo específico de atuação e uma cooperação constante com os peritos nomeados para este programa no IPST, os nefrologistas e urologistas das equipas de transplante renal, os laboratórios de histocompatibilidade e os Gabinetes Coordenadores de Colheita e Transplantação.
«Tudo associado a um complexo processo logístico com a colaboração da Força Aérea Portuguesa e da Guarda Nacional Republicana», sublinha.
O IPST destaca que, «ao longo do tempo o programa tem-se desenvolvido, adaptando-se à complexidade dos doentes», tendo a sua internacionalização ocorrido ao abrigo da South Alliance for Transplants, envolvendo os pares dador-recetor de Portugal, Espanha e Itália.
«Com a internacionalização do programa pretende-se aumentar a possibilidade dos pares dador-recetor, incluídos nos registos nacional de transplante cruzado, encontrarem uma combinação adequada», refere o instituto, salientando que «quanto mais pares dador-recetor participarem num cruzamento, maior a sua heterogeneidade genética, maiores são as opções para efetivar a doação e o intercâmbio renal».
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IPST – http://www.ipst.pt/