11/09/2020
Um novo modelo de neuroestimulador foi implantado no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), num doente com epilepsia, no final do mês de junho. Portugal torna-se o primeiro país do mundo a recorrer a esta solução de monitorização de longo termo.
Este novo neuroestimulador, aprovado para uso humano na Europa em janeiro deste ano, permite em simultâneo gerar estímulos e efetuar a leitura do sinal cerebral nas zonas profundas do cérebro.
A utilização deste novo neuroestimulador possibilita a estimulação e captação de sinais cerebrais em simultâneo, o que poderá fazer toda a diferença na qualidade de vida dos doentes.
“Este sistema foi implantado num doente com epilepsia crónica e incapacitante, resistente ao tratamento com fármacos antiepiléticos. Tem “focos” epiléticos independentes nos dois hemisférios cerebrais, o que quer dizer que que não é bom candidato a uma cirurgia ressectiva (ou seja, de remoção de lesão). Para este tipo de doentes, a neuroestimulação é a melhor hipótese de melhorar o controlo da epilepsia. Temos esperança que esta nova geração de neuroestimuladores possa vir a ser mais eficaz do que as atuais, uma vez que a médio prazo seremos capazes de modular os parâmetros elétricos de estimulação de forma bem individualizada.
Para o CHUSJ e para o Centro de Referência de Epilepsia Refratária é motivo de orgulho sermos o primeiro centro nacional (e um dos primeiros mundiais) a utilizar este sistema em benefício dos nossos doentes e o primeiro a nível mundial a fazê-lo num contexto de monitorização vídeo 3D-EEG de longo termo para aprofundarmos as suas possibilidades terapêuticas futuras em parceria científica com o INESC TEC.”, destaca Ricardo Rego, coordenador da Unidade de Monitorização de Epilepsia do Serviço de Neurologia do CHUSJ e do Centro de Referência de Epilepsia Refratária.
Os dados obtidos durante uma semana de monitorização irão agora ser objeto de estudo aprofundado nos próximos meses, por forma a estudar todas as componentes: Estimulação, sinais cerebrais profundos, sinais cerebrais superfície (EEG) e movimento 3D do doente, por uma equipa pluridisciplinar, que inclui médicos dos serviços de Neurofisiologia e de Neurocirurgia do CHUSJ e engenheiros do INESC TEC.
Os serviços do CHUSJ preveem implantar mais neuroestimuladores iguais noutros doentes e existe ainda uma forte colaboração nesta área, com o Hospital Universitário de Tampere na Finlândia e com o Hospital Universitário de Munique na Baviera, que permitirá elevar muito o número destes casos para acelerar a descoberta de novas terapias de estimulação adaptativas em epilepsia.
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