24/09/2020
O investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2019 permitiu um retorno de 5,4 mil milhões para a economia, tendo em conta o impacto dos cuidados de saúde no absentismo e na produtividade.
De acordo com os dados do Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela Nova Information Management School (NOVA-IMS), mais de metade do valor investido no SNS em 2019 acabou por voltar para a economia no mesmo ano.
De acordo com os dados do estudo, a maioria dos portugueses faltou pelo menos um dia ao trabalho em 2019 por motivos de saúde. No entanto, a prestação de cuidados de saúde através do SNS permitiu evitar a ausência laboral de 2,8 dias, representando uma poupança de 1,1 mil milhões de euros.
O SNS permitiu ainda evitar 6,4 dias de trabalho perdidos em produtividade, resultando numa poupança de 2,5 mil milhões de euros. No total, somando o impacto no absentismo e na produtividade, o SNS permitiu uma poupança global de 3,6 mil milhões de euros.
Considerando o impacto dessa poupança por via dos salários e a relação entre produtividade/remuneração (valor referência do INE), o estudo conclui que os cuidados prestados pelo SNS permitiram um retorno para a economia de 5,4 mil milhões.
O estudo realça, ainda, o aumento significativo da qualidade dos serviços de saúde percecionada pelos cidadãos (+4,6 pontos face ao ano anterior), depois de anos em que se manteve estabilizada. Como pontos positivos são ainda destacados a diminuição da dívida vencida (-20%) e do deficit (-8,5%).
O trabalho, desenvolvido pela NOVA-IMS em colaboração com a AbbVie, avalia não só a evolução da sustentabilidade do SNS, mas também o SNS do ponto de vista do utilizador. Identifica pontos fracos e fortes, bem como possíveis áreas prioritárias de atuação, além de procurar compreender os contributos económicos e não económicos do SNS, nomeadamente no que diz respeito ao estado de saúde dos portugueses e participação no mercado laboral.
De acordo com os resultados, o estado de saúde dos portugueses melhorou e a maioria dos inquiridos faz uma avaliação positiva do seu estado de saúde: 59,2% consideram-no «bom» ou «muito bom», uma percentagem superior à registada no ano anterior (57,9%).
Numa escala de 1 a 100, os portugueses classificam o seu estado de saúde com 74,2 pontos. Sem o contributo do SNS, o índice do estado de saúde ficaria pelos 62,8 pontos (+11,4 pontos do que em 2018), segundo o estudo.
Os profissionais de saúde continuam a ser o ponto mais forte do SNS na ótica dos utentes (80,4 pontos numa escala de 0 a 100) e aquele que mais merece ser valorizado.
Por outro lado, a facilidade de acesso aos cuidados (60,8 pontos) e os tempos de espera entre a marcação e a realização de atos médicos (54,5 pontos) são encarados como os dois aspetos mais negativos.
Fonte: Lusa