19-11-2020
Portugal é um dos países em que as crianças e adolescentes mostram, nos últimos 35 anos, uma evolução mais saudável na estatura em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), de acordo com um estudo recentemente publicado na revista “The Lancet”. Este trabalho, que contou com a colaboração do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), monitorizou a trajetória da altura e do IMC de crianças e adolescentes (5-19 anos), entre 1985 e 2019, em 200 países e envolveu 65 milhões de participantes.
Portugal surge como um dos países, ao lado da Dinamarca, Polónia e Montenegro, em que se observaram os maiores ganhos em saúde nos últimos 35 anos em termos de nutrição e obesidade, evidenciados pelo aumento em estatura relativamente ao IMC. Este é um dos resultados de um estudo que compilou dados publicados por investigadores e peritos que trabalham em universidades, centros de investigação, agências governamentais e institutos nacionais de saúde de todo o mundo, entre os quais o INSA.
Enquanto Centro Colaborativo da Organização Mundial de Saúde (OMS-Europa) para a nutrição e obesidade infantil e instituição coordenadora do estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) em Portugal, o Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA contribuiu com dados de 2008 a 2019, que constatam igualmente uma melhoria no estado nutricional infantil já que houve, neste período, um decréscimo de 8,3% no excesso de peso de crianças portuguesas dos 6 aos 9 anos. Estes progressos nas medidas antropométricas conduzem a uma melhoria do estado nutricional que depois se correlaciona positivamente com uma redução do risco de co-morbilidades e complicações em casos de doenças crónicas ou evitáveis, na idade adulta.
O trabalho agora publicado evidencia a importância de se olhar para os países que têm vindo a implementar medidas bem-sucedidas de saúde pública para a prevenção e abordagem das doenças evitáveis, na idade adulta, como a obesidade. Estas compilações que englobam estudos multicêntricos contribuem para a fundamentação científica que suporta as politicas de saúde pública, recomendadas pela OMS e que devem ser implementadas pelos países.
Os contributos para este estudo, onde se encontra a investigadora do INSA Ana Rito, enfatizam que a prevenção das doenças evitáveis que conduzem a estilos de vida mais saudáveis tem diversos resultados a nível global. Com efeito a evolução das medidas do IMC e da Estatura em jovens e adolescentes acompanhados entre 1985 e 2019 evidencia que a qualidade nutricional e da alimentação na adolescência e na juventude é crucial para a sua saúde adulta.
As famílias portuguesas destacam-se no que toca à consciencialização conducente à mudança de comportamentos associados ao estilo de vida saudáveis. Os trabalhos de observação, monitorização e de epidemiologia nutricional conduzidos pelas entidades portuguesas, onde o INSA está incluído, têm sido eficazes na estabilização e redução da obesidade conforme tem vindo a ser reportado nos documentos científicos, agora reunidos pela revista “The Lancet”.
O estudo da revista “The Lancet” realça ainda que todas as conclusões e constatações sobre alterações antropométricas são influenciadas pela alimentação e nutrição, incluindo o balanço energético, a adequação e a qualidade dos nutrientes especialmente dos macronutrientes (proteína e gordura) e dos micronutrientes como as vitaminas lipo ou hidrossolúveis. O teor dos nutrientes determinado de forma rigorosa e com padrões de qualidade é um dos fatores que condicionam as conclusões dos estudos comparativos transnacionais, destacam estes investigadores.
A qualidade analítica é também uma das competências maiores do Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA, que enquanto Centro Colaborativo da OMS/Europa integra outros projetos associados ao Programa Alimentar Mundial recentemente galardoado com o Prémio Nobel da Paz e que são conducentes a melhorias no estado nutricional das crianças e jovens com repercussões altamente significativas para a saúde na idade adulta.
O artigo “Height and body-mass index trajectories of school-aged children and adolescents from 1985 to 2019 in 200 countries and territories: a pooled analysis of 2181 population-based studies with 65 million participants”, pode ser consultado aqui.
Saúde Infantil e Juvenil
Portugal entre os melhores do mundo na evolução da relação altura/IMC
Portugal é um dos países em que as crianças e adolescentes mostram, nos últimos 35 anos, uma evolução mais saudável na estatura em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), de acordo com um estudo publicado pelo jornal britânico especializado em saúde The Lancet.
O estudo, que incluiu 65 milhões de pessoas em 200 países e territórios que contou com a colaboração do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), monitorizou a trajetória da altura e do IMC de crianças e adolescentes em idade escolar (5-19 anos) entre 1985 e 2019.
Nesta investigação, Portugal surge como um dos países, ao lado da Dinamarca, Polónia e Montenegro, em que se observaram os maiores ganhos em saúde nos últimos 35 anos em termos de nutrição e obesidade.
“Ficámos muito satisfeitos quando em 200 países Portugal surge ao lado de países como a Dinamarca e outros como um dos que teve maiores ganhos em saúde pelo facto de ter um aumento da estatura. Normalmente há deficiências nutricionais em crianças mais baixas”, afirma Ana Rito, investigadora do INSA.
A nutricionista, que é investigadora principal do sistema de vigilância nutricional das crianças em idade escolar – dos 6 aos 9 anos – (Childhood Obesity Surveillance Initiative – COSI em Portugal, afirmou que para este estudo da Lancet várias instituições contribuíram com diversas bases de dados e que Portugal contribuiu com os dados recolhidos no âmbito do COSI.
“Relativamente às nossas crianças, avaliadas durante 10 anos, posso assegurar que houve melhorias no peso mas também no IMC. Temos hoje crianças mais altas e menos pesadas e índices de massa corporal melhores”, garantiu.
Ana Rito disse que Portugal “tem feito um investimento grande em termos de vigilância do estado nutricional”, uma situação que considera essencial para que todos tenham consciência do estado em que estão.
“Houve essa trajetória de aumento na estatura e, de facto, um decréscimo no IMC e nas prevalências de obesidade e excesso de peso infantil”, contou, sublinhando a importância de a população ter consciência deste problema.
Como exemplo da intervenção nacional a este nível, Ana Rito deu o exemplo da criação da taxa sobre as bebidas açucaradas, depois de, através dos dados do COSI, se ter percebido que uma grande maioria das crianças em idade escolar consumia refrigerantes pelo menos uma vez por semana.
Ana Rito afirmou que os valores conseguidos vão trazer “ganhos em saúde consecutivos” numa população infantil que se torna cada vez mais saudável e que em adulto será menos doente”.
Contudo, a investigadora lembra que apesar dos resultados obtidos, Portugal ainda está longe do objetivo: “Baixámos 8,3% no excesso de peso infantil entre 2008 e 2019, mas ainda temos 30% de crianças com excesso de peso. Não encontrámos a solução”.
No estudo publicado na publicação The Lancet, as famílias portuguesas destacam-se no que toca à consciencialização conducente à mudança de comportamentos associados ao estilo de vida saudáveis.
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