DGS, SPMS e INEM lançam Campanha para sensibilizar para a correta utilização do SNS24 e do INEM
A Direção-Geral da Saúde (DGS), a Serviços Partilhados do Ministérios da Saúde (SPMS) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) lançam hoje a Campanha “Quando ligar SNS 24 ou INEM?” para sensibilizar para a correta utilização das linhas “808 24 24 24” e “112” pelo cidadão. O uso desadequado destas linhas pode atrasar respostas críticas no tempo e ocupar recursos de forma errada.
Com o objetivo de proporcionar uma melhoria da qualidade de atendimento e garantir a acessibilidade dos utentes ao organismo mais competente para prestar o serviço pretendido em cada momento, a campanha compara problemas de saúde não emergentes e situações que podem envolver risco de vida, clarificando desta forma quando se deve utilizar o SNS 24 ou o INEM.
Em caso de dor ligeira ou moderada, febre, alteração da pressão arterial, comichão, tosse persistente, choro persistente da criança, diarreia ou náuseas, ou outra situação não emergente, o utente deve entrar em contacto com o SNS 24 através do número 808 24 24 24 para receber o aconselhamento adequado. Já quando se trate de um acidente com feridos, uma suspeita de AVC, dor no peito, engasgamento, dificuldade em respirar, alteração do estado de consciência, queimaduras graves ou em zonas sensíveis, hemorragias abundantes ou incontroláveis, o utente deve ligar 112 – Número Europeu de Emergência.
A Linha SNS 24 atendeu, em 2022, mais de nove milhões de chamadas, o maior número de atendimentos de sempre. Também os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM receberam, nesse ano, mais de 1.5 milhões de chamadas, o número mais elevado desde que há registo. Destas chamadas atendidas nos CODU do INEM, mais de 103.000 foram transferidas para o SNS 24, o que representa uma média de 280 chamadas por dia que foram consideradas não urgentes e um aumento de 10% face a 2021.
Face ao aumento da atividade destes serviços, importa que a sua utilização seja feita de forma cada vez mais informada. Com esta campanha pretende-se melhorar a qualidade do atendimento, concentrar os recursos de emergência médica em situações efetivamente graves e melhorar a literacia em saúde dos cidadãos.
A campanha “Quando ligar SNS 24 ou INEM?”, assinada pela DGS, SPMS e INEM, é uma campanha multimeios, presente em rádio, outdoors e plataformas digitais, e terá outros suportes educativos como flyers e cartazes, assim como sessões dirigidas ao público em geral. Será ainda a primeira campanha apresentada num novo suporte de comunicação que recorre à utilização das Ambulâncias do INEM como veículos publicitários.
Tecnologia ao serviço do SNS
Secretário de Estado da Saúde abriu conferência sobre transição digital
“Com as verbas do PRR, podemos reformular decisivamente o uso da tecnologia no Serviço Nacional de Saúde”. A convicção foi deixada pelo Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, na abertura da conferência “Transformação Digital da Saúde acelerada pelo PRR”, um encontro organizado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que teve lugar esta segunda-feira, 16 de janeiro, no Centro Hospitalar e Universitário do Porto.
O governante afirmou que o investimento destinado à transformação digital da Saúde no âmbito do PRR, de cerca de 300 milhões de euros, vai permitir acelerar novas respostas em quatro pilares de ação: o reforço das infraestruturas e redes de dados, novas ferramentas para os cidadãos e de valorização do trabalho profissional e novos circuitos de armazenamento e utilização de dados, em que se inserem os desenvolvimento da medicina personalizada e o uso da inteligência artificial aplicada aos sistemas de saúde.
Perante um ciclo de investimento sem precedentes na vertente digital do SNS, já com 117 projetos em curso nestas diferentes dimensões, Ricardo Mestre defendeu que a tecnologia não deve ser encarada como um fim e sublinhou que o desafio, além de contínuo, passará por fazer acompanhar estes recursos de uma “reorganização dos processos de trabalho”. A necessidade de envolver todos os profissionais e possibilitar que estes novos instrumentos de trabalho contribuam para a valorização das carreiras são outras marcas desta reforma digital.
“A transição digital não é um fim em si mesmo. Implementar o PRR é fundamental, mas no sentido em que a tecnologia é instrumental para a nossa política de saúde e para o desiderato de reforçar o Serviço Nacional de Saúde”, afirmou o Secretário de Estado da Saúde. “É fundamental para investir na promoção do acesso, na prevenção da doença e para termos populações mais empoderadas e com hábitos saudáveis de saúde”.
Interação com os cidadãos mais eficiente
Ricardo Mestre acrescentou ainda que esta aposta não é exclusiva dos investimentos do PRR na Saúde, procurando-se, de uma forma transversal, tornar a interação entre o Estado e os cidadãos mais eficiente. Na Saúde, a exigência da população é no entanto cada vez maior, reconheceu.
“As nossas expectativas de que este processo ocorra de forma positiva e construtiva são elevadas. A Saúde, tradicionalmente, acaba por estar na linha da frente da Administração Pública em matéria de transição digital e a experiência da pandemia mostrou-nos como a tecnologia permite dar novas respostas e produzir ganhos que durante muito tempo foram perseguidos, como a telessaúde, e que agora foi possível implementar”, frisou, vincando a importância de sedimentar o “impulso positivo” deixado pela resposta à covid-19. “Temos um plano, temos recursos financeiros e temos agora de nos concentrar na execução”, concluiu o Secretário de Estado da Saúde.
Governo vai analisar a rede hospitalar
Elaboração de um estudo que permita a requalificação e abertura de novos equipamentos
O Governo vai fazer um estudo para perceber que rede hospitalar nacional é desejável que Portugal tenha em 2030. “Estamos a trabalhar para encomendar, a uma instituição credível, um estudo sobre a rede hospitalar que desejaríamos ter em 2030. Algo que permita dar coerência ao conjunto de decisões que temos tomado”, revelou hoje o Ministro da Saúde.
Questionado sobre se este estudo poderá levar a encerramentos, Manuel Pizarro garantiu: “Estamos mais concentrados na requalificação e nas aberturas de novos espaços do que nos encerramentos”.
Salvaguardando que “há muitas decisões que foram já tomadas de forma casuística e são boas decisões”, o governante afirmou que “é absolutamente claro” que o país precisa de “atualizar a rede hospitalar”.
O Ministro da Saúde exemplificou: “Vai avançar o Hospital de Lisboa-Oriental. Está em construção um novo Hospital Central do Alentejo. Vai avançar o novo Hospital do Algarve ou o novo Hospital do Oeste. Mas temos noção de que há muitos outros espaços que precisam de uma reflexão organizada”.
O ministro da Saúde deu como exemplo da necessidade de planeamento, o Hospital de Penafiel que “parece ser”, disse, “insuficiente para atender toda a população”.
“Isso também acontece em Almada, no Hospital Garcia de Orta, ou no Amadora-Sintra, no Hospital Fernando Fonseca”, acrescentou.
Programa de Formação
Com o objetivo de atrair jovens médicos para hospitais de zonas pouco populosas
O Governo vai lançar em 2024 um programa de formação partilhada para atrair jovens médicos aos hospitais de territórios pouco povoados, um modelo que dará aos interessados benefícios salariais e de habitação.
O programa chama-se “Mais Médicos” e aplicar-se-á às sete unidades hospitalares localizadas em Bragança, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Santiago do Cacém e Beja. A revelação foi feita pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que adiantou estar a trabalhar com a Ordem dos Médicos para que o Modelo de Formação Partilhada arranque no início do próximo ano.
Na prática, a ideia passa por permitir que os médicos “mais jovens” trabalhem um período de tempo num hospital destas zonas e outro num hospital do litoral. Ao Estado caberá premiar esta escolha, majorando a remuneração dos médicos que adiram quando estes estiverem no hospital de uma zona de baixa densidade populacional.
“Na semana passada anunciamos que a contratação dos médicos especialistas será feita por cada instituição. Temos de reconhecer que há hospitais que partem em desvantagem. Há hospitais, cuja localização geográfica faz com que seja mais difícil atrair profissionais. Esses hospitais precisam de um programa especial para atraírem médicos não só especialistas, mas para o período de formação das especialidades”, disse Manuel Pizarro.
O programa será adaptado à realidade e necessidades de cada hospital.
Em causa estão especialidades como Medicina Interna, Cirurgia Geral, Anestesia, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria e Radiologia. As especialidades de Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e da Adolescência podem vir a ser incluídas no plano.
Comportamentos Aditivos e Dependências
SICAD divulga manual de intervenção em crianças e jovens
O Serviço de Intervenção nos Comportamento Aditivos e nas Dependências (SICAD) disponibiliza online o seu manual «Intervenção em Crianças e Jovens com processos de Promoção e Proteção no âmbito dos Comportamentos Aditivos e Dependências», que pretende ser uma ferramenta útil para os profissionais que atuam nesta área.
Este documento surgiu pela necessidade de elaboração de um documento que reúna a informação de forma sistematizada e integradora, procurando a união de esforços em prol do superior interesse das crianças e jovens.
No manual são desenvolvidos temas como: dados epidemiológicos, adolescência, sistema de promoção e proteção à infância e juventude, adolescência e adições, respostas e intervenções para crianças e jovens com comportamentos aditivos e dependências, e recursos de apoio à decisão no processo de promoção e proteção.
Para saber mais, consulte:
Infarmed | Ensaios clínicos
Nos primeiros nove meses de 2022 foram autorizados 102 ensaios
O Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde recebeu 133 pedidos para realização de ensaios clínicos nos nove primeiros meses de 2022, tendo autorizado 102.
Relativamente ao mesmo período de 2021, o Infarmed recebeu no ano passado mais seis pedidos de ensaios clínicos, estudos destinados a descobrir ou verificar os efeitos de um ou mais medicamentos experimentais, mas autorizou menos ensaios. Dos 127 pedidos submetidos à autoridade nacional do medicamento nos primeiros nove meses de 2021, foram autorizados 115 e um indeferido.
De acordo com o Infarmed, o tempo médio de decisão foi de 55 dias úteis nos três primeiros trimestres de 2022 e de 31 dias úteis no mesmo período de 2021.
Em todo o ano de 2021, foram submetidos 175 pedidos de ensaios clínicos, autorizados 144 e indeferidos dois, sendo o tempo médio de decisão 33 dias úteis.
Desde 2006, o ano de 2020, em plena pandemia, foi o que registou o maior número de pedidos de ensaios clínicos, totalizando 187, mais 45 do que em 2019, e autorizada a realização de 155, mais 13 comparativamente ao ano anterior.
Os medicamentos experimentais mais objeto de ensaio clínico foram na área do cancro (64), seguindo-se do sistema nervoso central (18), gastrointestinal e metabólico (14), sistema cardiovascular (9) e sistema respiratório (7).
A maior parte dos pedidos para ensaios clínicos em 2022 foram feitos pela indústria farmacêutica (124) e os restantes (9) por investigadores académicos, uma tendência que se tem observado ao longo dos anos.
A realização de um ensaio clínico em Portugal está dependente da autorização do Infarmed e da emissão de parecer favorável da Comissão de Ética para a Investigação Clínica.
Para saber mais, consulte:
Infarmed – https://www.infarmed.pt/
Miller Guerra
Ministro da Saúde associa-se a homenagem a médico que esteve na origem do Relatório das Carreiras Médicas
Neurologista de renome e um político profundamente humanista, o Prof. João Pedro Miller Guerra foi um médico, um pedagogo, um investigador, um político, um cidadão, entre muitas outras coisas, que se afirmou pelos valores e pelo percurso dedicado à causa pública e ao bem comum, assente no conhecimento e na ética. Estas foram algumas das razões que estiveram na origem de uma homenagem a Miller Guerra, organizada pelo Município de Vila Flor e pela Ordem dos Médicos, à qual o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, se associou.
O evento decorreu sábado, dia 14 de janeiro, em Vila Flor, no distrito de Bragança. No Auditório de Vila Flor juntaram-se várias personalidades, familiares e amigos, na presença da filha de Miller Guerra, Maria Zulmira e de dois netos.
O Ministro da Saúde, na sua intervenção, recordou as várias áreas em que o médico se distinguiu e afirmou que “foi na soma de todas estas capas que vestiu que encontramos a grandiosidade de alguém que, independentemente da capa que usava a cada momento, nunca deixou de ter o doente como preocupação cimeira, percorrendo caminhos inusitados e nem sempre fáceis”. Manuel Pizarro destacou, ainda, que Miller Guerra foi deputado pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte, devendo-lhe o país “o emblemático Relatório das Carreiras Médicas, documento que esteve na génese do Serviço Nacional de Saúde como hoje o conhecemos”.
O governante lembrou que o neurologista defendia a “democratização da assistência”, e que foi com base nessa premissa que agiu, dando origem ao famoso Relatório das Carreiras Médicas, percursor do Serviço Nacional de Saúde, “que veio a concretizar com António Arnaut, entre outros nomes, e de que não abdicamos de continuar a implementar”. O Ministro da Saúde evocou Michel Foucault, que afirmou que “a primeira missão de um médico é de ordem política”, para defender que Miller Guerra “foi um exemplo de como a esfera da política e da saúde beneficiam em ser combinadas com transparência, honestidade e dedicação à causa pública para se conseguirem melhores políticas e melhores resultados em saúde, num caminho que deve ser sempre apoiado na solidez técnica e ética.”
Neste contexto, Manuel Pizarro assegurou que não tem “preconceitos ideológicos” em relação à iniciativa privada na saúde, mas contrapôs, a propósito do dossier das maternidades, que muitas das zonas em que o Serviço Nacional de Saúde tem dificuldades não dispõe de qualquer alternativa privada, precisamente por não haver rentabilidade. E garantiu que o SNS será reforçado para que continue a manter a sua capilaridade territorial.
Já antes, num artigo de opinião publicado sobre o mesmo tema, o Ministro da Saúde tinha evocado “o notável percurso de Miller Guerra como médico e professor universitário”, que “nunca o afastou da intervenção cívica ativa, mesmo durante a ditadura, contra a qual se posicionou. Percebeu desde jovem que, num país marcado pelo atraso brutal dos indicadores de saúde, os médicos tinham um papel transformador que obrigava a uma participação social crítica”.
“Sendo católico convicto, Miller Guerra sempre se colocou do lado do progresso da ciência. Na década de 60, foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Planeamento Familiar”, reforçou, lembrando que o homenageado “encarava a profissão médica com uma visão profundamente humanista, que transmitia aos seus discípulos e de que não devemos desistir nunca”. Na intervenção durante a cerimónia, o governante lembrou várias passagens de discursos e documentos deixados pelo médico, destacando-se o papel dos clínicos perante os doentes, refletido nesta afirmação do neurologista: “vocês são responsáveis pelo doente total e pessoalmente. Assumam os vossos doentes não como propriedade, mas com responsabilidade inalienável”.