Relatório n.º 23 da Resposta Sazonal em Saúde – Vigilância e Monitorização (08.05.2023 a 14.05.2023) – INSA
22-05-2023
A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou o Relatório n.º 23 – Resposta Sazonal em Saúde – Vigilância e Monitorização, relativo à semana 19/2023 (8 a 14 de maio). O documento integra informação de várias fontes e organismos além da DGS, como resultado de uma articulação intersetorial, nos quais se inclui o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Os pontos do resumo desta semana são:
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
- Na semana em análise (semana 19 de 2023), observou-se um aumento da temperatura do ar, nomeadamente das temperaturas máximas, sobretudo no início da semana. Prevê-se valores abaixo do normal em alguns locais junto à fronteira nas regiões Norte e Centro e litoral. Foi reportada uma previsão de risco muito elevado de exposição à radiação ultravioleta (UV);
- Não foram detetados casos positivos para o vírus da gripe no âmbito do Programa Nacional de Vigilância da Gripe. Desde o início da época, verificou-se um predomínio do subtipo A(H3) (78,1%), acompanhado de um aumento da proporção de casos do tipo B, correspondente a 9,4% dos casos;
- A notificação de casos de infeção por SARS-CoV-2 manteve uma tendência estável. A sublinhagem XBB tornou-se dominante na semana 10 de 2023 e tem vindo a aumentar, registando uma frequência de 93,6%;
- Relativamente à infeção por SARS-CoV-2/COVID-19, a nível mundial, durante os últimos 28 dias (10/04 a 07/05/2023), o número de novos casos e de novos óbitos diminuiu (-14% e -17%, respetivamente), em comparação com os 28 dias anteriores. Globalmente, embora a XBB.1.5 continue a ser a variante dominante, a sua prevalência tem diminuído de forma constante, representando 47,5% na semana 16/2023 (52,4% na semana 12 de 2023); a XBB.1.16 continua a aumentar em prevalência, representando 8,6% das sequências na semana 16 de 2023 (4% na semana 12 de 2023);
- Face à semana anterior, o número de consultas médicas nos Cuidados de Saúde Primários do Serviço Nacional de Saúde aumentou. A proporção de consultas por infeções respiratórias agudas diminuiu e a proporção de consultas por síndrome gripal estabilizou
- A procura geral do SNS24 diminuiu e do INEM aumentou;
- A proporção de episódios de urgência hospitalar por infeções respiratórias agudas diminuiu e a proporção de episódios de urgência hospitalar por síndrome gripal estabilizou;
- O número de internamentos em enfermaria por Vírus Sincicial Respiratório em crianças com menos de 2 anos de idade manteve uma baixa incidência;
- A mortalidade geral esteve de acordo com o esperado ao nível nacional;
RECOMENDAÇÕES
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- A análise sustenta a adoção de medidas de proteção, incluindo evitar exposição ao sol entre as 11h e as 17h, aplicar protetor solar, utilizar óculos de sol com filtro UV, procurar locais à sombra e climatizados e utilizar roupas frescas que cubram o corpo. Mais informação pode ser consultada aqui;
- A análise semanal sustenta a manutenção da vacinação contra a COVID-19;
- Reforça-se a necessidade de utilização do SNS24 como primeiro ponto de contacto com o sistema de saúde.
Portugal é o 8.º país mais preparado para combater a obesidade – DGS
Portugal é o 8.º país mais preparado para combater a obesidade, de acordo com o ranking World Obesity Atlas 2023, da World Obesity Federation, que analisa 183 países. O resultado deve-se ao conjunto de medidas de promoção da saúde que tem sido desenvolvido e que a Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, destaca hoje, Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade.
Portugal surge em 8.º lugar no ranking, que mede a preparação para combater a obesidade, sendo superado pela Suíça, Finlândia, Noruega, Islândia, Suécia, França e Reino Unido e destacando-se face aos países do Sul da Europa com poder económico semelhante.
O bom resultado de Portugal é, entre outros aspetos, explicado pelo facto de terem sido aplicadas várias medidas na área da promoção da saúde, nomeadamente da alimentação saudável e da atividade física. São exemplos destas as ações que visam legislar o marketing ou reduzir o sal nos alimentos – como o teor máximo de sal no pão.
Destaca-se, também, a capacidade das unidades de Cuidados de Saúde Primários em identificarem precocemente e darem resposta a patologias associadas à obesidade, como é o caso da diabetes ou das doenças cardiovasculares. A existência de Programas de Saúde Prioritários na DGS (alimentação saudável, atividade física, diabetes, doenças oncológicas e cardiovasculares) teve também um contributo importante para os resultados.
Apesar de a posição no ranking ser encorajadora, este relatório refere algumas projeções preocupantes: em 2035, a percentagem de adultos com obesidade em Portugal será de cerca de 39% – um aumento de 2,8% por ano. Além do impacto direto na saúde dos portugueses, se estas projeções se confirmarem, a despesa da saúde para mitigar problemas causados pela obesidade será equivalente a 2,2% do PIB em 2035.
Além de seguir indicadores da Organização Mundial de Saúde (OMS), o ranking avalia vários parâmetros e medidas colocadas em prática pelos 183 países analisados. Dados como a cobertura e capacidade de resposta dos serviços de saúde e a mortalidade prematura por doenças crónicas são analisados. A estes juntam-se, ainda, as políticas de prevenção desenvolvidas pelos países.
Mudar comportamentos
Ministro da Saúde encerrou encontro Oftalgest, em Viana do Castelo
O Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, destacou a evolução que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) teve na última década, dando como exemplo alguns tratamentos diferenciados que as pessoas recebem hoje e também a diferença estatística na mortalidade e morbilidade de doenças como o cancro. “Hoje oferecemos muito mais às pessoas”, insistiu o Ministro, esta sexta-feira, 19 de maio, no encerramento da segunda edição do Oftalgest, que decorreu em Viana do Castelo.
Concretamente na área da oftalmologia, Manuel Pizarro evocou algumas patologias, como as cataratas, que exigem hoje mais da especialidade, fruto do envelhecimento, mas contrapôs que estas intervenções estão muito mais facilitadas na atualidade.
Em relação ao futuro do SNS, o governante admitiu que há dificuldades, mas asseverou que estão em curso várias medidas que vão permitir reforçar a capacidade de resposta do SNS em várias frentes. “A nova combinação de tarefas entre profissionais de saúde é um debate que temos de fazer. A prestação de cuidados de saúde moderna exige a combinação de diferentes saberes”, defendeu, dando o exemplo de como na área da oftalmologia a prestação de cuidados só pode evoluir com uma combinação entre oftalmologistas, técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e outros profissionais de saúde.
Para o Ministro da Saúde, o futuro passa também por conseguir “levar mais especialidades para junto das pessoas, nos centros de saúde”, o que permite centrar efetivamente os cuidados nos doentes, aproximar profissionais e investir mais na promoção da saúde e na prevenção da doença.
“Precisamos mesmo de desenvolver uma agenda de promoção da saúde. Não pode ser um tema de rodapé dos discursos políticos”, frisou Manuel Pizarro, alertando que “a indução da mudança de comportamentos é complexa e demora o seu tempo”, pelo que o tempo de agir é agora.
Reunião geral SPMS
Secretário de Estado da Saúde participou em encontro que juntou os vários trabalhadores da SPMS
“A SPMS é uma entidade muito jovem, mas com muito impacto na inovação e no sistema de saúde”. Foi desta forma que o Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, começou a sua intervenção na reunião geral da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que teve lugar em Lisboa, na quarta-feira, 17 de maio, em que destacou o dinamismo e capacidade de adaptação que a instituição tem tido, muito em particular durante a pandemia, em que desenvolveu respostas e serviços que marcaram a resposta de Portugal à emergência de saúde pública.
O governante recordou a evolução rápida que a SPMS conheceu em pouco mais que uma década, período em que conheceu um total de cinco conselhos de administração distintos. “O impacto do vosso trabalho no sistema de saúde é muitíssimo relevante”, reforçou, acrescentando, a título de exemplo, que “a transição digital não se esgota no papel da SPMS, mas é muito importante neste domínio”.
Quanto a desafios, Ricardo Mestre defendeu que “fazer acontecer” será sempre o principal e o mais exigente, mas deu como exemplo concreto do trabalho da SPMS “a eficiência na partilha de recursos que a SPMS pode e deve induzir”.
Neste contexto, lembrou que o SNS arrancou o ano de 2023 com uma despesa autorizada de 14,5 milhões de euros, mais 40% do que antes da pandemia, e que todas as instituições do SNS contribuem para o desafio de “transformar o investimento em melhor resposta para as pessoas, e isso exige uma grande eficiência na gestão dos recursos”.
76.ª Assembleia Mundial de Saúde
A Secretária de Estado da Promoção da Saúde destacou OMS na Saúde Global e o compromisso com medidas de controlo de tabaco
Margarida Tavares defendeu hoje o aprofundamento da cooperação internacional para preparar a resposta global a futuras pandemias e construir gerações mais saudáveis. A governante assinalou que “nas últimas décadas, a Organização Mundial de Saúde desempenhou um papel fundamental no combate a desafios globais, como a pandemia de Covid-19”, assinalando o trabalho desenvolvido em prol da Cobertura Universal de Saúde e do acesso generalizado das populações aos Cuidados de Saúde Primários. A Secretária de Estado discursava na 76.ª Assembleia Mundial de Saúde, subordinada ao tema “75 anos: Salvar Vidas, Saúde para todos”, que decorre de 21 a 30 de maio, em Genebra, Suíça.
No ano em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) comemora o seu 75.º aniversário, Margarida Tavares defendeu que este “é o momento de aprofundar políticas de saúde abrangentes que melhorem a saúde das populações”, focadas na prevenção da doença e na promoção da saúde, a génese da organização internacional. Há 20 anos, a OMS lançou a Convenção Quadro para o Controlo do Tabaco, adotada por Portugal em 2005, e que uniu mais de 180 países em torno do compromisso de salvar milhões de vidas em todo o mundo, protegendo as pessoas dos efeitos nocivos do fumo do tabaco. “Os líderes mundiais da saúde tiveram a determinação necessária para se oporem ao uso do tabaco. O tempo provou que estavam certos e, por isso, inspiram-nos a renovar este compromisso”, disse Margarida Tavares.
A governante, ao dirigir-se à Assembleia, referiu a recente proposta do Governo Português para reforçar a legislação atual sobre o controlo do tabaco, com o objetivo de alcançar uma geração livre de tabaco em 2040. “Mesmo com evidências dos efeitos das políticas sem fumo e do progresso já alcançado nesta área, a proposta foi recebida com resistência”, salientou Margarida Tavares. Neste contexto, a Secretária de Estado agradeceu o apoio manifestado por Tedros Adnanom, Diretor-Geral da OMS, ao reforço das políticas de controlo de tabaco. “O tabaco, como ameaça à saúde global, requer uma resposta global. Podem contar com o nosso compromisso”, retribuiu.
De acordo com a Secretária de Estado, “este nível de compromisso, com impactos na qualidade de vida e saúde das populações, pode e deve ser alargado ao acordo dedicado às pandemias”, manifestando o apoio a um novo tratado internacional que permita ao mundo enfrentar melhor futuras pandemias.
O tratado que abrange todas as medidas de controlo do tabaco é, até hoje, o único instrumento jurídico negociado na OMS, que vincula atualmente 182 países. A OMS espera que um novo tratado sobre a pandemia, que visa colmatar as principais lacunas identificadas na luta contra a Covid-19 e se que encontra atualmente em negociação, se torne o segundo acordo deste tipo dentro de um ano, permitindo a sua adoção na Assembleia da OMS em 2024.
A trave mestra
Secretário de Estado da Saúde encerra o primeiro Congresso Internacional de Gestão em Saúde
Os desafios que se colocam à gestão em saúde têm semelhanças entre os vários países do mundo e entre os vários sistemas, defendeu o Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, este sábado, 20 de maio, quando presidiu ao encerramento do primeiro Congresso Internacional de Gestão em Saúde, no Porto, organizado pela Cespu – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário e pelos alunos da 20.ª edição da Pós-Graduação em Gestão e Administração em Saúde.
O Secretário de Estado começou por destacar que os temas do encontro estão em linha com as prioridades da tutela, nomeadamente em assuntos como a descentralização de competências, investimento, financiamento e sustentabilidade. “É também reconfortante perceber como a prestação de cuidados e a gestão estão cada vez mais interligadas, não podendo falar de uma sem a outra”, acrescentou.
Ricardo Mestre recordou que o SNS começou o ano de 2023 com uma despesa aprovada de 14,5 milhões de euros, o que representa um aumento de 40% em relação ao que existia antes da pandemia. Ainda assim, reiterou que, perante as necessidades e expetativas das pessoas, a gestão tem de ser muito criteriosa. “Temos a obrigação de transformar o investimento que os portugueses fazem no SNS em resultados para as pessoas e para os profissionais”, disse.
Para o governante, a fase que o SNS atravessa é especialmente entusiasmante, até pela entrada em funções da nova Direção Executiva, que corresponde à maior alteração orgânica desde o nascimento do SNS. “O SNS, para nós, é a trave mestra que suporta todo o sistema de saúde, mas tem de funcionar de forma articulada e complementar com os outros setores para responder melhor às pessoas, com mais qualidade e resultados”, disse.
A dimensão do SNS é, para o Secretário de Estado, uma das suas principais virtudes, com uma capilaridade que permite ter 2400 pontos de contacto abertos todos os dias, chegando diariamente a 152 mil pessoas. Mas, acrescentou, esta dimensão acarreta também algumas dificuldades na gestão, até porque “o SNS não pode fechar para balanço e reabrir só daqui a dois ou três meses”.
Ainda assim, Ricardo Mestre assegurou que o Ministério da Saúde está a trabalhar em várias frentes para reforçar o SNS, nomeadamente com investimento na transição digital, na valorização dos profissionais de saúde e na requalificação de várias infraestruturas e equipamentos. Só através do Plano de Recuperação e Resiliência está previsto um investimento global na ordem dos 1300 milhões de euros.
Sobre as reformas em curso, o governante deu o exemplo do alargamento das Unidades de Saúde Familiar, nos cuidados de saúde primários, e a criação de mais Unidades Locais de Saúde.
CHTMAD | Nova abordagem no tratamento da dor
Procedimento mais eficaz que permite reduzir doses e efeitos dos fármacos
A Unidade da Dor Crónica do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) introduziu novos procedimentos para o controlo “mais eficaz da dor” que permitem reduzir as doses e os efeitos laterais dos fármacos.
Em comunicado divulgado, o CHTMAD explica que esta diferenciação nos cuidados de saúde, prestados nesta área hospitalar, “teve início em contexto de consulta, com a realização de procedimentos ecoguiados mais simples, designadamente ‘infiltrações’ e procedimentos com radiofrequência em nervos mais periféricos”. Salienta que a atividade em bloco operatório “permite realizar técnicas mais invasivas, nomeadamente a nível da coluna vertebral, com a assepsia e os cuidados imprescindíveis às boas práticas médicas”.
“A grande vantagem deste tipo de procedimento é o controlo mais eficaz e duradouro da dor, que permite reduzir as doses e os efeitos laterais de fármacos como a morfina e análogos”, afirmou Catarina Sampaio, diretora do serviço de anestesiologia do CHTMAD, citada no comunicado.
A Unidade de Dor Crónica é uma valência funcional do serviço de anestesiologia do CHTMAD, que acompanha doentes com dor associada a múltiplas patologias, essencialmente do foro não oncológico.