«Portaria n.º 28/2024
de 30 de janeiro
De acordo com o n.º 1 da Base 4 da Lei de Bases da Saúde, aprovada em anexo à Lei n.º 95/2019, de 4 de setembro, a política de saúde tem âmbito nacional e é transversal, dinâmica e evolutiva, adaptando-se ao progresso do conhecimento científico e às necessidades, contextos e recursos da realidade nacional, regional e local, visando a obtenção de ganhos em saúde.
Neste sentido, os centros de responsabilidade integrados (CRI) constituem-se como alteração de paradigma, face à organização tradicional das unidades hospitalares, potenciando a melhoria do acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), mediante a adoção de lógicas assistenciais colaborativas e participadas, e fomentando o aproveitamento de sinergias e a complementaridade de funções e especialidades.
O XXIII Governo Constitucional, considerando a experiência adquirida com as cerca de quatro dezenas de CRI já criados no SNS, e reconhecendo a mais-valia deste modelo de organização enquanto fator fundamental para potenciar os ganhos em saúde e a fixação de profissionais no serviço público de saúde, aprovou o novo regime jurídico da organização e funcionamento dos CRI, conforme o anexo ii do Decreto-Lei n.º 103/2023, de 7 de novembro, na sua redação atual.
De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 26.º do anexo atrás referido, a remuneração mensal dos profissionais que integram a equipa multiprofissional do CRI integra uma remuneração base e compensações pelo desempenho, podendo ainda, quando previstos por lei, integrar suplementos.
Nesta sequência, face à multiplicidade de áreas de intervenção dos CRI, e de acordo com o previsto no n.º 3 do artigo 27.º do mesmo instrumento legal, o modo de apuramento do índice de desempenho da equipa (IDE), de que depende a compensação pelo desempenho, designadamente os indicadores a considerar, bem como intervalos de valor esperado e variação aceitável, são definidos por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da Administração Pública, das finanças e da saúde, por área ou áreas de intervenção assistencial do CRI.
Tendo sido definidas áreas prioritárias para a criação de novos CRI, identificadas no preâmbulo do Decreto-Lei n.º 118/2023, de 20 de dezembro, importa desde já regulamentar o IDE referente aos CRI constituído por equipas dedicadas ao serviço de urgência (CRI-SU).
Reconhecendo, porém, que se trata de uma área nova, em que ainda não existe histórico que permita a definição da matriz definitiva de indicadores para os serviços de urgência e emergência do SNS e, em especial, os intervalos de valor esperado e variação aceitável, é constituída uma comissão de acompanhamento e avaliação, no âmbito de projetos-piloto a desenvolver em cinco estabelecimentos e serviços de saúde integrados no SNS, para os serviços de urgência de adultos, tendo em vista permitir adequar o modelo criado pela presente portaria, numa perspetiva técnico-científica, sempre com o objetivo de melhorar o desempenho e a capacidade de resposta dos serviços de urgência e emergência.
Assim, nos termos e ao abrigo do disposto no n.º 3 do artigo 27.º do anexo ii do Decreto-Lei n.º 103/2023, de 7 de novembro, na sua redação atual, manda o Governo, pelo Ministro das Finanças, pela Secretária de Estado da Administração Pública, no uso de competência delegada pela Ministra da Presidência através do Despacho n.º 8949/2022, de 8 de julho, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 141, de 22 de julho de 2022, alterado pelo Despacho n.º 12320/2022, de 10 de outubro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 204, de 21 de outubro de 2022, e pelo Secretário de Estado da Saúde, no uso de competência delegada pelo Ministro da Saúde através do Despacho n.º 12167/2022, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 201, de 18 de outubro de 2022, aditado pelo Despacho n.º 2617/2023, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 40, de 24 de fevereiro de 2023, o seguinte:
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objeto
1 – A presente portaria:
a) Regula o índice de desempenho da equipa (IDE) que integra o centro de responsabilidade integrado com equipas dedicadas ao serviço de urgência (CRI-SU), nos termos previstos no n.º 3 do artigo 27.º do regime jurídico da organização e do funcionamento dos centros de responsabilidade integrados (CRI), aprovado no anexo ii do Decreto-Lei n.º 103/2023, de 7 de novembro, na sua redação atual, doravante designado por Regime;
b) Determina o montante do suplemento remuneratório relativo à integração de cuidados, previsto na alínea c) do n.º 1 do artigo 27.º do Regime, a atribuir aos trabalhadores médicos que integram o CRI-SU;
c) Regula os termos de atribuição dos incentivos institucionais, previstos no artigo 28.º do Regime.
2 – A presente portaria procede ainda à criação de projetos-piloto de CRI-SU, bem como à definição dos procedimentos necessários à sua implementação, acompanhamento e avaliação.
Artigo 2.º
Âmbito
A presente portaria aplica-se aos CRI-SU e aos profissionais que os integram.
Artigo 3.º
Equipa multiprofissional
1 – A equipa multiprofissional do CRI-SU é constituída por trabalhadores médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e técnicos auxiliares de saúde, cujo exercício de funções seja assegurado, exclusivamente, no serviço de urgência.
2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, em função da tipologia e dimensão do respetivo estabelecimento ou serviço de saúde e do nível de resposta do serviço de urgência, pode o CRI-SU incluir outros profissionais, designadamente de grupos de pessoal distintos dos ali previstos.
3 – Nas situações referidas no número anterior, o plano de ação do CRI-SU deve igualmente, e relativamente a cada um dos profissionais incluídos, identificar a carga horária semanal a afetar.
Artigo 4.º
Matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência
1 – É definida uma matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência do Serviço Nacional de Saúde (SNS), composta por todos os indicadores que respeitem os pressupostos gerais, as características e os atributos definidos no anexo i da presente portaria e da qual faz parte integrante.
2 – Com exceção dos indicadores que compõem o IDE dos CRI-SU, as regras de cálculo e os intervalos de valor esperado e variação aceitável de cada indicador são atualizados anualmente, pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, I. P. (DE-SNS, I. P.), em articulação com a Administração Central do Sistema de Saúde, I. P. (ACSS, I. P.), considerando a evolução das boas práticas clínicas e do histórico de resultados alcançado pelas equipas.
CAPÍTULO II
Índice de desempenho da equipa do CRI-SU
Artigo 5.º
Definição do IDE
O IDE assenta no trabalho desenvolvido pela equipa multiprofissional do CRI-SU, considerando as dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados.
Artigo 6.º
Regras para cálculo do IDE
1 – O cálculo do IDE de cada CRI-SU é efetuado em função dos indicadores, das ponderações e dos intervalos de valor esperado e variação aceitável que constam do anexo ii da presente portaria e da qual faz parte integrante, válidos para um período de três anos.
2 – Para os efeitos previstos no número anterior, o intervalo de valor esperado corresponde ao conjunto de resultados de um indicador, tendo por base as boas práticas num contexto de trabalho organizado e eficiente, e o intervalo de variação aceitável corresponde aos desvios tecnicamente admissíveis em relação a essa mesma boa prática.
3 – Sempre que, por razões não imputáveis ao CRI-SU, se verifique a impossibilidade de recolha de informação que permita o cálculo de um dos indicadores, a ponderação deste é dividida pelos restantes indicadores da mesma dimensão, na direta proporção das respetivas ponderações.
4 – O resultado de cada indicador é expresso sem arredondamentos e o resultado do IDE expresso numa escala de 0 a 100, arredondado às décimas.
Artigo 7.º
Apuramento dos resultados do IDE
1 – A avaliação do grau de cumprimento de cada indicador que compõe o IDE é obtida de acordo com os critérios definidos no anexo iii da presente portaria e da qual faz parte integrante.
2 – A ACSS, I. P., apura os resultados obtidos pela equipa multiprofissional do CRI-SU, em cada um dos indicadores que compõem o IDE e comunica-os à unidade local de saúde (ULS) respetiva.
3 – O apuramento do resultado anual do IDE de cada CRI-SU, efetuado nos termos dos números anteriores, ocorre até 31 de março de cada ano e respeita ao ano civil anterior.
Artigo 8.º
Procedimento para atribuição da compensação pelo desempenho
1 – Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, o montante da compensação pelo desempenho dos profissionais do CRI-SU é pago nos termos previstos no capítulo vii do Regime.
2 – Até ao apuramento do resultado anual do IDE do CRI-SU, nos termos previstos no n.º 3 do artigo anterior, o montante da compensação pelo desempenho é igual ao auferido no mês anterior.
3 – Após o apuramento do resultado do IDE do CRI-SU, cada ULS procede, com efeitos a 1 de janeiro e para cada profissional, à regularização dos montantes correspondentes.
Artigo 9.º
Compensação pelo desempenho no primeiro ano de atividade
1 – Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, no ano de constituição do CRI-SU, o montante da compensação pelo desempenho corresponde a 50 % do valor máximo mensal previsto no n.º 4 do artigo 27.º do Regime.
2 – Após o apuramento do resultado do IDE do CRI-SU, cada ULS procede à regularização dos montantes correspondentes a cada profissional, com efeitos a 1 de janeiro do ano anterior.
CAPÍTULO III
Integração de cuidados
Artigo 10.º
Suplemento de integração de cuidados
1 – Os trabalhadores médicos que integrem o CRI-SU têm direito a um suplemento remuneratório no montante de 500 (euro), associado à integração de cuidados.
2 – O suplemento previsto no número anterior é pago 12 meses por ano.
3 – Nas situações em que, nos termos previstos no n.º 2 do artigo 3.º da presente portaria, seja incluído num CRI-SU um trabalhador médico, incluindo médico interno da formação especializada, o montante do suplemento previsto no presente artigo é proporcional ao número de horas de trabalho semanal normal asseguradas no CRI-SU.
4 – Para efeitos do número anterior, se o período normal de trabalho não for igual em cada semana, é considerada a respetiva média no período de referência de um mês.
CAPÍTULO IV
Atribuição de incentivos institucionais
Artigo 11.º
Definição dos incentivos institucionais
Os incentivos institucionais estão relacionados com a avaliação do impacto do desempenho da equipa multiprofissional do CRI-SU, aferido em função das dimensões de satisfação dos utentes, satisfação dos profissionais e melhoria contínua do desempenho.
Artigo 12.º
Regras de cálculo e valor dos incentivos institucionais
1 – O cálculo dos incentivos institucionais a atribuir a cada CRI-SU é efetuado através dos indicadores, e respetiva ponderação, que constam do anexo iv da presente portaria e da qual faz parte integrante, válidos para o período de um ano.
2 – A definição dos seis indicadores de melhoria contínua é negociada entre a ULS e a equipa multiprofissional dos CRI-SU, de entre os indicadores que integram a matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência prevista no artigo 4.º da presente portaria.
3 – O valor máximo dos incentivos institucionais a atribuir a cada CRI-SU depende dos seus níveis de desempenho, aferidos nos termos do anexo v da presente portaria e da qual faz parte integrante.
4 – Os valores máximos dos incentivos institucionais são os fixados na tabela constante do anexo vi da presente portaria e da qual faz parte integrante.
5 – O valor referido no número anterior é proporcional ao número de meses completos de atividade desenvolvida pelo CRI-SU no ano em causa, condicionado a um mínimo de seis meses de atividade.
Artigo 13.º
Apuramento dos resultados dos incentivos institucionais
O valor dos incentivos institucionais a atribuir a cada CRI-SU é apurado pela ULS respetiva, até 31 de março de cada ano, e respeita ao ano civil anterior.
Artigo 14.º
Procedimentos para atribuição e aplicação de incentivos institucionais
1 – O CRI-SU elabora o seu relatório de atividades e submete-o ao conselho de administração da ULS respetiva, até 31 de março do ano seguinte àquele a que respeita.
2 – A ULS, observando o princípio do exercício do contraditório, pode determinar a realização de uma auditoria clínica ou administrativa para verificar o cumprimento dos resultados apurados, devendo esta estar concluída até 15 de abril de cada ano.
3 – A ULS comunica ao CRI-SU, até 30 de abril de cada ano, a decisão fundamentada sobre a atribuição de incentivos institucionais.
4 – A aplicação dos incentivos institucionais ocorre nos termos previstos no Plano de Aplicação dos Incentivos Institucionais (PAII) elaborado pelo CRI-SU, devendo observar os procedimentos constantes do anexo vii da presente portaria e que dela faz parte integrante.
5 – A ULS publica, até 31 de julho de cada ano, um relatório de monitorização da distribuição dos incentivos institucionais.
6 – A DE-SNS, I. P., publica, até 15 de outubro de cada ano, um relatório de monitorização da execução dos PAII relativos ao ano anterior.
CAPÍTULO V
Contratualização e acompanhamento
Artigo 15.º
Processo de contratualização
1 – A contratualização anual do compromisso assistencial do CRI-SU decorre nos termos previstos no processo de contratualização interna das ULS, devendo estar enquadrado pelo Plano de Desenvolvimento Organizacional (PDO) da própria ULS.
2 – O contrato-programa do CRI-SU é assinado pelas partes até 31 de dezembro do ano anterior ao período a que respeita, conforme disposto no artigo 7.º do Regime, e deve integrar, caso exista, a carteira adicional de serviços que tenha sido acordada.
Artigo 16.º
Monitorização e acompanhamento
1 – Os indicadores que integram a matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência referida no artigo 4.º da presente portaria são monitorizados mensalmente na plataforma eletrónica disponibilizada para o efeito.
2 – Compete à ULS o acompanhamento do desempenho do CRI-SU, com periodicidade trimestral.
3 – Registando-se desvios negativos ao desempenho, há lugar à definição de um plano de melhoria, subscrito pela ULS e pelo CRI-SU.
4 – A ULS deve integrar no seu plano de auditoria interna ações direcionadas à verificação dos resultados obtidos pelo CRI-SU.
CAPÍTULO VI
Projetos-piloto de CRI-SU
Artigo 17.º
Projetos-piloto
1 – Os projetos-piloto, a desenvolver em cinco estabelecimentos e serviços de saúde integrados no SNS, para os serviços de urgência de adultos, visam permitir adequar o modelo criado pela presente portaria, numa perspetiva técnico-científica, tendo em vista melhorar o desempenho e a capacidade de resposta dos serviços de urgência e emergência.
2 – Os projetos-piloto pressupõem o desenvolvimento de um programa de acompanhamento a assegurar pelas ULS abrangidas, pela DE-SNS, I. P., pela ACSS, I. P., e pela Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E. P. E. (SPMS, E. P. E.), que contemple os termos da operacionalização dos projetos-piloto, designadamente os recursos disponíveis, a forma de articulação com outras unidades orgânicas da entidade, a definição da matriz de indicadores dos serviços de urgência e emergência, as suas regras de cálculo e os intervalos de valor esperado e variação aceitável, assim como as adaptações a introduzir nos sistemas de informação de suporte.
3 – Para os efeitos previstos no n.º 1, são identificados como projetos-piloto de CRI-SU as seguintes ULS:
a) Unidade Local de Saúde de Coimbra, E. P. E.;
b) Unidade Local de Saúde de Santa Maria, E. P. E.;
c) Unidade Local de Saúde de Santo António, E. P. E.;
d) Unidade Local de Saúde de São João, E. P. E.;
e) Unidade Local de Saúde de São José, E. P. E.
Artigo 18.º
Duração
1 – Os projetos-piloto têm a duração de 10 meses, contados a partir da data da entrada em vigor da presente portaria.
2 – As áreas governativas das finanças e da saúde promovem a elaboração de um relatório de monitorização e avaliação dos projetos-piloto, com o objetivo de avaliar os ganhos e os impactos alcançados, assim como ponderar medidas que contribuam para aperfeiçoamento do modelo, em especial, potenciadoras de maior acesso, eficiência e qualidade.
Artigo 19.º
Comissão de acompanhamento e avaliação
1 – É criada, no âmbito de execução dos projetos-piloto, a Comissão de Acompanhamento e Avaliação, doravante designada por Comissão.
2 – A Comissão tem a seguinte composição:
a) Dois representantes de cada uma das ULS abrangidas, de entre trabalhadores médicos e enfermeiros, que integrem o projeto-piloto CRI-SU;
b) Um representante da DE-SNS, I. P.;
c) Um representante da ACSS, I. P.;
d) Um representante da SPMS, E. P. E.
3 – Integram ainda a Comissão quatro peritos, com experiência no âmbito dos serviços de urgência e emergência, indicados pelo membro do Governo responsável pela área da saúde.
4 – No exercício das suas atribuições, e em função das matérias a tratar, a Comissão pode convidar para participar nos trabalhos representantes de outras entidades, nomeadamente de associações públicas profissionais, assim como proceder à audição de representantes de serviços ou personalidades de reconhecido mérito e experiência em avaliação de desempenho, gestão de risco clínico, ou outras, por iniciativa de qualquer dos membros.
5 – A Comissão é designada por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde, que deve identificar quem preside.
6 – Os mandatos dos representantes que integram a Comissão vigoram até à apresentação do relatório final de avaliação, referido na alínea c) do n.º 1 do artigo 21.º
Artigo 20.º
Funcionamento da Comissão
1 – A Comissão deve reunir regularmente, pelo menos, uma vez por mês, sendo lavradas atas das reuniões.
2 – O apoio logístico e administrativo necessário ao desenvolvimento das competências da Comissão é assegurado pela DE-SNS, I. P.
3 – A atividade dos elementos que integram a Comissão, bem como das entidades ou quaisquer personalidades convidadas a participar nos seus trabalhos, nos termos previstos no n.º 4 do artigo anterior, não é remunerada.
Artigo 21.º
Competência da Comissão
1 – Compete à Comissão referida nos artigos anteriores:
a) Acompanhar a implementação e a execução dos projetos-piloto, avaliando os resultados alcançados;
b) Elaborar relatórios trimestrais intercalares que devem ser remetidos aos membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e da saúde;
c) Elaborar um relatório final de avaliação e conclusões, incluindo recomendações e propostas concretas para a alteração e alargamento do regime previsto na presente portaria;
d) Propor, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 4.º, a matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência do SNS, bem como os intervalos de valor esperado e variação aceitável a utilizar pelos projetos-piloto de CRI-SU.
2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, compete, em particular, à DE-SNS, I. P., à ACSS, I. P., e à SPMS, E. P. E., face às respetivas atribuições, em articulação com a Comissão, assegurar a implementação e adequação contínua das condições dos projetos-piloto.
Artigo 22.º
Compensação pelo desempenho
1 – O montante da compensação pelo desempenho a pagar aos elementos que integrem os CRI-SU previstos nos projetos-piloto referidos no n.º 3 do artigo 17.º corresponde a 75 % do valor máximo mensal estabelecido no n.º 4 do artigo 27.º do Regime.
2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, nas situações em que, após apuramento do IDE, se conclua que o montante da compensação a auferir por cada profissional é superior ao que foi pago, nos termos do número anterior, deve a ULS proceder à regularização dos montantes correspondentes, com efeitos à data da entrada em funcionamento do projeto-piloto.
CAPÍTULO VII
Disposição complementares, transitórias e finais
Artigo 23.º
Adequação dos sistemas de informação
A ACSS, I. P., e a SPMS, E. P. E., adequam os sistemas de informação, designadamente os subjacentes ao cálculo dos indicadores e ao processamento de vencimentos, às regras previstas na presente portaria.
Artigo 24.º
Disposição final
Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 4.º, e na sequência da proposta apresentada pela Comissão, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 21.º, serão definidos os intervalos de valor esperado e variação aceitável para os indicadores previstos no anexo i, mediante alteração à presente portaria.
Artigo 25.º
Entrada em vigor
A presente portaria entra em vigor no primeiro dia seguinte ao da sua publicação.
O Ministro das Finanças, Fernando Medina Maciel Almeida Correia, em 23 de janeiro de 2024. – A Secretária de Estado da Administração Pública, Inês Pacheco Ramires Ferreira, em 25 de janeiro de 2024. – O Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Jorge Almeida Perdigão Seleiro Mestre, em 25 de janeiro de 2024.
ANEXO I
(a que se refere o n.º 1 do artigo 4.º)
Matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência
1 – Os indicadores que integram a matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência obedecem aos seguintes pressupostos gerais:
a) São independentes da origem, da fonte e da sua utilização, destacando-se aqueles que são produzidos pela ACSS, I. P., pela Direção-Geral da Saúde, entre outros;
b) Têm um bilhete de identidade com uma descrição clara, inequívoca e simples do que medem, do numerador e denominador, do que se regista (quando, onde e como), do seu modo de leitura (nas diferentes aplicações informáticas).
2 – Os indicadores que integram a matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência devem ter as seguintes características:
a) Estar tipificados de acordo com a seguinte classificação – estrutura, processo, resultado, ganhos em saúde;
b) Estar associados à complexidade, prioridade, gravidade e gestão de risco clínico;
c) Ter intervalos de valor esperado e variação aceitável – baseados nas boas práticas clínicas, na evidência disponível (nacional e ou internacional) e no histórico da atividade realizada pelas várias equipas;
d) Abranger as dimensões de adequação técnico-científica, acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados.
3 – Os indicadores que integram a matriz de indicadores para os serviços de urgência e emergência devem ter os seguintes atributos quanto a aspetos técnicos e metodológicos:
a) Relevância – importância, prioridade, impacto do resultado;
b) Robustez técnica científica – baseados na melhor evidência disponível;
c) Validade – mede aquilo que se propõe medir;
d) Fiabilidade – é capaz de ser reproduzido perante diferentes grupos;
e) Sensibilidade – é capaz de detetar as mudanças;
f) Exequibilidade – é possível operacionalizá-lo com eficácia.
ANEXO II
(a que se refere o n.º 1 do artigo 6.º)
Índice de desempenho da equipa
Dimensão | Designação | Ponderação | Valores esperados | Variações aceitáveis |
---|---|---|---|---|
Acesso… | Percentagem de doentes fora da área de influência direta. | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Acesso… | Percentagem de doentes atendidos dentro do tempo previsto na triagem (até 1.ª observação médica). | 10 % | Em definição… | Em definição. |
Acesso… | Tempo no SU desde a 1.ª observação médica até à alta clínica. | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Acesso… | Taxa de abandono do SU… | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Qualidade… | Taxa de resolutividade da equipa dedicada… | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Qualidade… | Percentagem de episódios de urgência que originam internamento. | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Qualidade… | Taxa de readmissões ao SU… | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Eficiência… | Gasto médio com MCDT por doente sem internamento. | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Integração cuidados | Percentagem de doentes orientados diretamente para ambulatório programado (HH/CSP). | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Integração cuidados | Taxa de utilizadores frequentes ((maior que)4) do SU… | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Integração cuidados | Taxa de internamentos evitáveis… | 9 % | Em definição… | Em definição. |
Nota. – SU – serviço de urgência e emergência; MCDT – meios complementares de diagnóstico e terapêutica; HH/CSP – hospitais/cuidados de saúde primários.
ANEXO III
(a que se refere o n.º 1 do artigo 7.º)
Avaliação do grau de cumprimento de cada indicador do IDE
Critério | Valorização |
---|---|
A condição [A e B] é verdadeira: A. [resultado do indicador] (igual ou maior que) [valor mínimo do intervalo esperado] B. [resultado do indicador] (igual ou menor que) [valor máximo do intervalo esperado] |
100 % da ponderação do indicador. |
A condição [(A e B) ou (C e D)] é verdadeira: A. [resultado do indicador] (maior que) [valor mínimo da variação aceitável] B. [resultado do indicador] (menor que) [valor mínimo do intervalo esperado] C. [resultado do indicador] (maior que) [valor máximo do intervalo esperado] D. [resultado do indicador] (menor que) [valor máximo da variação aceitável] |
Entre 0 % e 100 % da ponderação do indicador, obtida através de uma função linear, na proporção direta ou indireta dos resultados, consoante o tipo de indicador e os resultados estarem acima ou abaixo do intervalo esperado. |
A condição [A ou B] é verdadeira: A. [resultado do indicador] (igual ou menor que) [valor mínimo da variação aceitável] B. [resultado do indicador] (igual ou maior que) [valor máximo da variação aceitável] |
0 % da ponderação do indicador. |
ANEXO IV
(a que se refere o n.º 1 do artigo 12.º)
Tabela de indicadores dos incentivos institucionais
Dimensão | indicador | Ponderação | Valores esperados | Variações aceitáveis |
---|---|---|---|---|
Satisfação dos utentes… | A negociar entre a ULS e equipa | 20 % | Definidos na matriz de indicadores. | |
Satisfação dos profissionais… | A negociar entre a ULS e equipa | 20 % | Definidos na matriz de indicadores. | |
Melhoria contínua (acesso, qualidade, eficiência ou integração de cuidados). | A negociar entre a ULS e equipa | 10 % | Definidos na matriz de indicadores. | |
A negociar entre a ULS e equipa | 10 % | Definidos na matriz de indicadores. | ||
A negociar entre a ULS e equipa | 10 % | Definidos na matriz de indicadores. | ||
A negociar entre a ULS e equipa | 10 % | Definidos na matriz de indicadores. | ||
A negociar entre a ULS e equipa | 10 % | Definidos na matriz de indicadores. | ||
A negociar entre a ULS e equipa | 10 % | Definidos na matriz de indicadores. |
ANEXO V
(a que se refere o n.º 3 do artigo 12.º)
Critérios e níveis para atribuição de incentivos institucionais e valores de ponderação
Escalão | Resultado | Consequência | Percentagem do valor máximo por unidade funcional |
---|---|---|---|
1.º | (menor que) 50 | Sem direito a incentivos institucionais – intervenção da ULS… | – |
2.º | (igual ou maior que) 50 e (menor que) 75 | Sem direito a incentivos institucionais… | – |
3.º | (igual ou maior que) 75 e (menor que) 95 | Direito a incentivos institucionais … | Função linear |
4.º | (igual ou maior que) 95 | Direito a incentivos institucionais … | 100 % |
ANEXO VI
(a que se refere o n.º 4 do artigo 12.º)
Valor dos incentivos (euros)
Número de ETC por CRI | Valor dos incentivos |
---|---|
(menor que) 50 ETC … | 30 000 (euro) |
(igual ou maior que) 50 ETC e (menor que) 100 ETC… | 40 000 (euro) |
(igual ou maior que) 100… | 50 000 (euro) |
ETC – equivalente a tempo completo – 35 horas semanais.
ANEXO VII
(a que se refere o n.º 4 do artigo 14.º)
Procedimentos para aplicação dos incentivos institucionais
1 – Caso haja lugar à atribuição de incentivos institucionais, o CRI-SU prepara o Plano de Aplicação de Incentivos Institucionais (PAII) a inserir no plano de ação do ano seguinte.
2 – O PAII deve ser elaborado em formulário próprio criado pela ULS para o efeito.
3 – Entre outra informação, o formulário referido no número anterior deve prever detalhadamente os bens e serviços a adquirir.
4 – O documento técnico de apoio deve elencar as categorias e a tipologia de bens ou serviços aceites no PAII de forma a evitar que bens distribuídos de forma regular pela ULS sejam solicitados por esta via.
5 – O documento técnico deve ainda contemplar o processo, os fluxos e as responsabilidades cometidas a cada interveniente no circuito.
6 – Sem prejuízo do previsto nos números anteriores, o documento técnico de apoio deve ainda prever para cada uma das partes (ULS e CRI-SU) as responsabilidades e os prazos para apresentação, aprovação de documentos, atividades e consequências em caso de incumprimento.
7 – No âmbito da ULS, deve ser designado o responsável pelo acompanhamento da execução do PAII do CRI-SU.»
Centros de responsabilidade dedicados à urgência podem arrancar
Publicado o regime de incentivos que considera as dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados
1. CRI com equipas dedicadas ao serviço de urgência avançam nas ULS de Santa Maria, São José, Coimbra, São João e Santo António.
2. Publicado o regime de incentivos que considera as dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados.
3. Nova geração de CRI aumenta o acesso ao SNS, a qualidade dos cuidados proporcionados e permite atrair e fixar mais profissionais de saúde.
O Governo publicou hoje, em Diário da República, a Portaria n.º 28/2024, de 30 de janeiro, que estabelece as novas regras e incentivos que serão atribuídos aos centros de responsabilidade integrados com equipas dedicadas ao serviço de urgência (CRI-SU). Numa primeira fase vão avançar cinco projetos-piloto nas Unidades Locais de Saúde de Santa Maria, São José, Coimbra, São João e Santo António.
A Portaria prevê também a criação de uma comissão que desenvolva um programa de acompanhamento para apoiar e avaliar a implementação destes projetos. Assim, será possível de forma ágil fazer eventuais adaptações aos índices de desempenho e aos incentivos e generalizar o modelo ao resto do país. O objetivo é que estes projetos-piloto permitam adequar o modelo criado, numa perspetiva técnico-científica, tendo em vista melhorar o desempenho e a capacidade de resposta dos serviços de urgência e emergência.
Esta nova geração de centros de responsabilidade integrados aproveita a experiência adquirida com os mais de 40 CRI que já existiam e renova o modelo, o que permitirá potenciar os ganhos em saúde e a fixação de profissionais no serviço público de saúde. Os CRI representam uma alteração de paradigma, face à organização tradicional das unidades hospitalares, melhorando o acesso ao SNS, mediante a adoção de lógicas assistenciais colaborativas e participadas, e fomentando o aproveitamento de sinergias e a complementaridade de funções e especialidades.
Os CRI-SU contarão com médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e técnicos auxiliares de saúde que trabalhem em exclusivo no serviço de urgência. Contudo, cada instituição poderá decidir incluir outras profissões nos CRI, de acordo com as necessidades identificadas a nível local.
A matriz de indicadores prevista para os novos CRI-SU engloba dimensões de acesso, qualidade, eficiência e integração de cuidados. A percentagem de doentes atendidos dentro do tempo previsto na triagem até à primeira observação pelo médico, a taxa de readmissões, a resolutividade da equipa, a capacidade de orientar os doentes para cuidados em ambulatório, os utilizadores frequentes ou os internamentos evitáveis são alguns dos exemplos dos indicadores que vão ser considerados para a avaliação do desempenho global da equipa.
Os profissionais destes CRI podem duplicar o seu vencimento, se cumprirem os objetivos que permitam receber os respetivos suplementos e incentivos ao desempenho.
Neste arranque dos projetos, por não haver ainda um histórico de registo e avaliação dos indicadores, os profissionais vão receber 75% do valor máximo previsto. Caso a avaliação venha a revelar-se superior, será feito um pagamento com valor retroativo à data de início de funcionamento do CRI.
As regras de cálculo dos indicadores e as variações consideradas aceitáveis dentro de cada indicador são revistas anualmente. O programa de acompanhamento é assegurado em conjunto por cada Unidade Local de Saúde e pela Direção Executiva do SNS, pela Administração Central do Sistema de Saúde e pela Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Cabe a estas entidades identificar os recursos disponíveis, a forma de articulação com outras unidades orgânicas da entidade, a definição da matriz de indicadores dos serviços de urgência e emergência, as suas regras de cálculo e os intervalos de valor esperado e variação aceitável, assim como as adaptações a introduzir nos sistemas de informação de suporte.
Para saber mais, consulte:
Portaria n.º 28/2024
PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS, FINANÇAS E SAÚDE
Portaria que regula o índice de desempenho da equipa e a atribuição dos incentivos institucionais aos centros de responsabilidade integrados com equipas dedicadas ao serviço de urgência