Ocorrência de Situação de Fraca Qualidade do Ar: Recomendações da DGS

Uma massa de ar proveniente dos desertos do Norte de África, que transporta poeiras em suspensão, está prevista atravessar Portugal Continental durante o dia 30 de novembro de 2024.

Prevê-se a ocorrência de uma situação de fraca qualidade do ar no Continente, registando-se um aumento das concentrações de partículas inaláveis de origem natural no ar afetando, nomeadamente, as Regiões do Alentejo, Algarve e interior da Região Centro.

Este poluente (partículas inaláveis – PM10) tem efeitos na saúde humana, principalmente na população mais sensível, crianças e idosos, cujos cuidados de saúde devem ser redobrados durante a ocorrência destas situações.

Assim, e enquanto este fenómeno se mantiver, a Direção-Geral da Saúde recomenda:

– a população em geral deve evitar os esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre e evitar a exposição a fatores de risco, tais como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes.

– os seguintes grupos de cidadãos, pela sua maior vulnerabilidade aos efeitos deste fenómeno, para além de cumprirem as recomendações para a população em geral, devem, sempre que viável, permanecer no interior dos edifícios e, preferencialmente, com as janelas fechadas: crianças; idosos; doentes com problemas respiratórios crónicos, designadamente asma; doentes do foro cardiovascular.

– os doentes crónicos devem manter os tratamentos médicos em curso.

– em caso de agravamento de sintomas contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) ou recorrer a um serviço de saúde.

Para informação adicional sobre a qualidade do ar e os valores medidos nas estações de monitorização, pode ser consultada a página da internet da APA ou a App QualAr.


Neurotecnologias: novas fronteiras e desafios éticos – CNECV

Os progressos das neurotecnologias estão a revolucionar a forma como compreendemos e interagimos com o cérebro humano, desde o tratamento de doenças graves, como Parkinson e Alzheimer, até a melhoria de capacidades cognitivas e motoras, porém suscitam questões éticas e desafios de equidade no acesso que requerem atenção global. O tema “O cérebro modificado: Implicações Éticas das neurotecnologias” inspirou o Seminário Anual do CNECV que decorreu no passado dia 21 de novembro, com cerca de 120 pessoas a assistir ao debate de forma presencial no auditório António de Almeida Santos, na Assembleia da República.

Na abertura, Ana Abrunhosa, presidente da Comissão da Saúde da AR, formulou a questão:“Será que as neurotecnologias impõem novos direitos ao elenco dos direitos humanos já existentes ou obrigam-nos a olhar para os direitos já existentes de uma outra forma? Como estamos a falar de tecnologias numa área em que é possível ler e modificar a atividade cerebral colocam-se questões de ética e de direitos, liberdades e garantias muito importantes”, salientou.

Maria do Céu Patrão Neves, presidente do CNECV, explicou que a escolha do tema do seminário está relacionada com o próximo Relatório sobre o Estado das Novas Tecnologias do Conselho, que analisará o impacto social e as implicações éticas dasneurotecnologias. “Que estes progressos sirvam os interesses reais da população sem ficarem cativos de interesses sectários, como os económico-financeiros, para que não agravem as iniquidades do nosso mundo”, defendeu.

Dafna Feinholz, chefe da Divisão de Bioética e Ética da Ciência e Tecnologia daUNESCO, alertou para desigualdades significativas no desenvolvimento e acesso às neurotecnologias. O mercado de dispositivos neurotecnológicos deve alcançar os 24,2 mil milhões de dólares até 2027, continuando ocrescimento exponencial dos últimos 20 anos: as publicações científicas na área aumentaram 35 vezes entre 2001 e 2021, enquanto o número de patentes cresceu 20 vezes. No entanto, 80% das publicações de impacto são dominadas por apenas 10 países e 90% das patentes são originárias de seis nações. Dafna está também preocupada com a privacidade: um estudo recente mostrou que 29 das 30 empresas analisadas têm acesso total aos dados neurais dos consumidores sem políticas claras sobre o uso dessas informações.

No painel “Ética: o Olhar das Instituições”, moderado pela Conselheira Inês Godinho, Jeroen van den Hoven, do Grupo Europeu de Ética para a Ciência e as Novas Tecnologias (EGE) da Comissão Europeia, sublinhou também o crescimento acelerado do mercado nesta área e manifestou preocupação com a utilização das neurotecnologias fora do campo médico, por exemplo nas áreas do entretenimento, com perigos relacionados com o neuromarketing.

Hoven apontou os riscos da manipulação de dados cerebrais que podem comprometer a liberdade e a privacidade dos cidadãos. O uso crescente de dados neurais, que incluem biometria cognitiva e inferências sobre estados mentais, levanta questões éticas fundamentais. Na sua perspetiva, o músico Sting sintetizou essa complexidade ao declarar: “Podem roubar os meus dados, mas jamais saberão quem realmente sou.” Como sublinha o filósofo Richard Moran, citado por van den Hoven, “para compreender uma pessoa precisamos de evidências totais, incluindo estados subjetivos e emocionais que extrapolam o que os dados conseguem captar. Confiar apenas em grandes volumes de dados externos pode levar à desumanização.”

Mark Bale, do Comité Diretivo para os Direitos Humanos em Biomedicina e Saúde, do Conselho da Europa, destacou avanços recentes na neuroimagem, estimulação cerebral profunda e redes neurais artificiais.O britânico alertou para a importância dos neurorights — direitos que garantem a liberdade de pensamento, privacidade e integridade mental. Defendeu ainda quadros éticos e legais que equilibrem inovação com direitos humanos, sensibilizando a sociedade para um uso justo e responsável dessas tecnologias.

Albino Oliveira-Maia, Investigador Principal da Fundação Champalimaud, esboçou o panorama atual das neurotecnologias e destacou os desenvolvimentos em áreas relacionadas com disfunções motoras com o uso de próteses invasivas do córtex cerebral ou a estimulação cerebral profunda invasiva, que mostra grande eficácia no tratamento de condições neuropsiquiátricas complexas, manifestando também preocupações sobre a necessidade de promover a equidade no acesso a estas novas tecnologias.


OMS Europa elogia Portugal

28/11/2024

Diretor Geral da OMS Europa elogia Portugal em reunião com Ministra da Saúde

A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esteve em Copenhaga a convite do diretor geral da OMS Europa, Hans Kluge.  No encontro, Hans Kluge agradeceu o apoio de Portugal à sua reeleição para este segundo mandato.  Por sua vez, Ana Paula Martins reforçou o apoio e o compromisso do país à OMS. A ministra da Saúde convidou, ainda, Hans Kluge para participar num evento a realizar na primavera de 2025 em Lisboa, que terá como objetivo definir o futuro da Saúde em Portugal até 2025.

Durante uma manhã inteira de trabalhos, a ministra da saúde reuniu com responsáveis dos vários departamentos da Organização Mundial de Saúde. Foram discutidos temas como a inteligência artificial em contextos de saúde, estratégias para a infância e adolescência e para a diminuição do uso de tabaco e álcool, o envelhecimento saudável ou os rastreios oncológicos.

Portugal foi aliás elogiado pela forma exemplar como envolve a comunidade civil nas suas iniciativas de saúde pública.

A ministra da Saúde e Hans Kluge debateram também a vinda para Portugal de um escritório da OMS na área da Inteligência Artificial.

O Diretor Geral da OMS Europa sublinhou ainda a importância de Portugal assumir um papel ativo na definição de das prioridades de trabalho da Organização Mundial de Saúde.

Acompanharam a ministra nesta visita, o subdiretor-geral de Saúde, André Peralta, e uma adjunta do gabinete de Ana Paula Martins.


Webinar do Infarmed explora potencial da terapia fágica em contexto hospitalar

28 nov 2024

O Infarmed abordou no dia 25 de novembro, em formato webinar, as potencialidades da nova norma orientadora que regula a utilização de medicamentos manipulados para terapia fágica em contexto hospitalar. Este documento visa criar um enquadramento regulamentar que permita o uso seguro e eficaz desta terapia inovadora em Portugal.

“Face ao grave problema da resistência antimicrobiana e reconhecendo-se a existência de situações em que os medicamentos antibióticos podem não ser eficazes e suficientes para um tratamento adequado, importa que sejam viabilizadas alternativas terapêuticas como estas”, comenta Carlos Lima Alves, Vice-Presidente do Conselho Diretivo do Infarmed e um dos oradores do webinar

A terapia fágica utiliza bacteriófagos – vírus que infetam exclusivamente bactérias – como uma alternativa ou complemento à antibioterapia. Este avanço pode beneficiar doentes que necessitam de soluções personalizadas para infeções complexas ou multirresistentes.

De acordo com a norma, os bacteriófagos podem ser usados em preparações magistrais realizadas na farmácia hospitalar, sob a responsabilidade direta dos profissionais de saúde envolvidos. A aplicação desta terapia requer a validação da Comissão de Ética e da Comissão de Farmácia e Terapêutica, bem como a apresentação de um certificado de análise que assegure a qualidade da preparação.

Durante a sessão, Ana Paula Martins, avaliadora da Direção de Avaliação de Medicamentos (DAM), destacou o contexto regulamentar desenvolvido com o apoio da Direção de Inspeção e Licenciamento (DIL) e do Gabinete Jurídico e de Contencioso (GJC) do Infarmed. Segundo a especialista, a fagoterapia surge como uma resposta à crescente resistência antimicrobiana, oferecendo uma abordagem altamente específica e direcionada contra bactérias específicas ou estirpes bacterianas.

“Esta norma tem como objetivo principal permitir que possa ser considerada a utilização da terapia fágica de uma forma mais confiante, por se ter criado um enquadramento específico para a sua utilização e, por outro lado, permitir acompanhar de perto a utilização destes produtos para se poderem fazer adaptações e melhorias, garantindo sempre a segurança da utilização nos doentes”, destaca Ana Paula Martins.

O webinar contou ainda com as participações de Rui Santos Ivo, Presidente do Conselho Diretivo do Infarmed, e de Marta Marcelino, diretora da DAM.

A norma está disponível para consulta no site do INFARMED.