Relatório de Situação nº 354 | 19/02/2021 – DGS
Infeção por novo coronavírus (COVID-19) em PORTUGAL – Relatório de Situação
Covid-19 | Taxa de ocupação
Hospitais do Centro com menos de 700 internados em enfermarias
Os hospitais da região Centro registaram quinta-feira, 18 de fevereiro, uma nova redução de doentes internados em enfermarias covid-19, sendo já menos de 700, de acordo com o relatório de hoje da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro.
O boletim diário daquele organismo refere que às 23h59 de quinta-feira estavam internadas 693 pessoas em enfermaria, menos 50 do que na quarta-feira, e 132 em unidades de cuidados intensivos, mais três.
As taxas de ocupação nas enfermarias covid-19 e unidades de cuidados intensivos situam-se nos 61% e 74%, respetivamente.
A ARS revela ainda que ontem, quinta-feira, foram emitidas 83 altas médicas em enfermaria e três em unidades de cuidados intensivos, tendo-se registado nove óbitos em meio hospitalar, menos cinco do que na quarta-feira.
No setor social, privado, militar e estruturas de Apoio de Retaguarda encontram-se internados 44 doentes com covid-19, mais um do que na quarta-feira, em 100 camas ativas.
Visite:
ARS Centro – https://www.arscentro.min-saude.pt/
Covid-19 | OMS
Redução de casos na Europa permite reforçar sistemas de saúde
A Direção Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou esta sexta-feira, dia 19 de fevereiro, que a redução de casos de Covid-19 em toda a Europa permite às autoridades locais avaliar as suas respostas ao vírus e reforçar os sistemas de saúde.
Pela primeira vez, desde setembro, o número de novos casos registados numa semana é inferior a um milhão no total dos 53 países da região europeia para a OMS (que inclui vários países da Ásia Central), assinalou em comunicado o Diretor Regional para a Europa da organização com sede em Genebra, Hans Kluge.
Os novos casos confirmados diminuíram pela quinta semana consecutiva, apesar de continuarem “elevados”, prosseguiu o diretor da OMS, assinalando que “as novas mortes também baixaram pela terceira semana consecutiva”.
“Quando os números de casos de covid-19 estão em níveis mais baixos em muitos países, como acontece agora, as autoridades de saúde têm uma oportunidade para se concentrarem em avaliar e melhorar a eficácia das suas respostas face ao vírus”, frisou Hank Kluge.
A OMS lembra também que outros serviços de saúde, como os atendimentos oncológicos e os programas de vacinação infantil foram severamente afetados pela pandemia de Covid-19. A redução do número de casos que se verifica em todo o continente europeu permite, portanto, concentrar nos setores que foram negligenciados durante a pandemia.
“É também chegado o momento de preparar os nossos serviços de saúde para voltarem ao seu caminho, elaborar estratégias e prestar serviços de saúde além da resposta à covid-19”, apontou o Diretor Regional para a Europa. Segundo um estudo citado por Hank Kluge, “num período de 12 semanas em 2020, cerca de 28,5 milhões de operações planeadas tiveram de ser canceladas devido à covid-19”.
Por outro lado, à medida que os profissionais de saúde vão sendo vacinados, “a capacidade de lidar com os atrasos de cirurgias adiadas, tratamentos de quimioterapia cancelados e campanhas de vacinação interrompidas também aumenta”, observa a OMS.
Relativamente às novas variantes do coronavírus, mais contagiosas, Hank Kluge, considera que são “desafios extra” mas que “tudo pode ser controlado com as ferramentas que temos à disposição” neste momento.
Nota à Comunicação Social
Mais de 7 mil forças de segurança e 11 mil bombeiros receberam 1.ª dose
Mais de 7 mil elementos das forças de segurança e mais de 11 mil bombeiros já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, dando cumprimento ao definido no plano de vacinação para funções essenciais do Estado, de acordo com o comunicado do Ministério da Administração Interna (MAI).
O processo de vacinação de 15 mil bombeiros teve início no passado dia 11 de fevereiro e foram já vacinados 11.061 bombeiros.
Os bombeiros, dada a dimensão operacional do transporte pré-hospitalar que executam, desempenham uma função essencial do Estado e por isso estão a ser vacinados ao longo de duas semanas. A ordem de vacinação destes bombeiros foi definida pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil com base em critérios operacionais e abrange o universo de voluntários, sapadores e municipais.
A vacinação dos elementos das Forças de Segurança – 10 mil da Guarda Nacional Republicana (GNR) e 10 mil da Polícia de Segurança Pública (PSP) – teve início no passado sábado, dia 13 de fevereiro, e prolonga-se por quatro semanas.
De acordo com o MAI, até ao final do dia de ontem, já tinham sido vacinados 3.418 elementos da GNR e 3.638 elementos da PSP.
O planeamento deste processo de vacinação foi elaborado de forma articulada entre a GNR e a PSP, coordenado pelo Ministério da Administração Interna.
A ordem dos elementos a vacinar foi definida pela GNR e pela PSP, com base em critérios operacionais – priorizando militares e agentes na linha da frente e mais expostos aos riscos do Coronavírus – e também critérios de saúde – com prioridade a elementos que sofrem das comorbilidades/patologias listadas pela Direção Geral de Saúde.
Como exemplo de coordenação entre GNR e PSP, e de forma a aliviar a pressão sobre os serviços de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo, foi montado um centro de vacinação conjunta para os guardas e polícias desta área. Este centro funciona nas instalações da GNR no Quartel de Conde de Lippe, na Ajuda, em Lisboa. Neste centro foram já vacinados até ontem mais de 3.500 elementos da GNR e da PSP.
A vacinação dos militares e agentes das outras regiões do país está a ser efetuada nos centros de saúde.
Covid-19 | Terapia nutricional
DGS emite orientação sobre a terapia nutricional para os doentes internados
A Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgou uma orientação sobre a terapia nutricional para os doentes internados com Covid-19, nomeadamente para os doentes com maior gravidade e especificamente os doentes críticos.
O documento, que atualiza orientações de abril do ano passado, realça que a terapêutica nutricional é uma das componentes essenciais da prestação de cuidados a todos os doentes internados nas enfermarias (em áreas dedicadas a doentes Covid-19) e nos Serviços de Medicina Intensiva, podendo reduzir o risco de complicações.
“No doente crítico Covid-19, o tempo de internamento no Serviço de Medicina Intensiva e o período pós-doença crítica é prolongado, pelo que se trata de um grupo de doentes em que é expectável uma sarcopenia [perda de massa e força na musculatura esquelética] marcada e deterioração do estado nutricional”, acrescenta a orientação.
A DGS sublinha que a terapêutica nutricional no tratamento do doente com SARS-CoV-2 e controlo de comorbilidades associadas revela-se da maior importância.
Este foi um documento produzido pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da DGS, com o apoio de algumas instituições como – a Ordem dos Nutricionistas, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, o o Grupo de Infeção e Sépsis.
Para saber mais, consulte:
DGS > Orientação sobre terapia nutricional no doente com Covid-19
Baixo Alentejo | Atividade assistencial
ULS retoma atividade normal após «decréscimo de pressão» nos serviços com doentes com Covid-19
A Unidade Local de Saúde (ULS) do Baixo Alentejo vai reiniciar, na próxima semana, a cirurgia de ambulatório e retomar, gradualmente, consultas e exames, após o «decréscimo de pressão» nos serviços com doentes com Covid-19.
De acordo com a ULS do Baixo Alentejo existe «um decréscimo de pressão sobre a estrutura hospitalar», pelo que a unidade já procedeu de novo ao ajustamento da sua oferta de internamento, passando para 42 camas de Enfermaria Covid-19, ficando com uma taxa de ocupação de 80% e mantendo as 12 camas de Unidade de Cuidados Intensivos Covid-19, onde se verifica uma taxa de ocupação de 75%.
Esta alteração permite libertar a área de cirurgia de ambulatório e planear o reinício desta atividade, para a próxima semana, começando a dar resposta à lista de espera cirúrgica de ambulatório.
Está a ser programada a reabertura de camas para internamento de doentes cirúrgicos para permitir a retoma da atividade cirúrgica programada. Contudo, esta atividade «está dependente da manutenção favorável da situação epidemiológica e será equacionada o mais rapidamente possível», ressalva a ULS Baixo Alentejo.
Com o reajuste das estruturas à sua normalidade, de forma progressiva, dar-se-á início à retoma das restantes atividades, como consultas, meios complementares de diagnóstico e terapêutica e o Hospital de Dia.
No entanto, estas atividades «não foram suspensas na sua totalidade», mas sim «reduzidas, no momento de pico da pandemia, às situações consideradas muito prioritárias ou prioritárias», observa ainda a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo.
Para saber mais, consulte:
ULS Baixo Alentejo > Notícias
Retoma da atividade assistencial
Atividade cirúrgica em Matosinhos a 75% a partir da próxima semana
A atividade cirúrgica do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, vai estar a partir da próxima semana a funcionar a 75% da capacidade total, estando a aproximar-se da “atividade normal”, revelou hoje a Unidade de Saúde Local de Matosinhos (ULSM).
De acordo com a ULSM, a atividade cirúrgica está “já a aproximar-se da atividade normal”. “Na próxima semana, o Hospital Pedro Hispano estará já a funcionar a 75% da sua capacidade total, com um aumento do número de cirurgias já agendadas”, acrescentando que, neste momento, a capacidade ronda os 50% a 60%.
De uma média de 220 cirurgias realizadas por semana, o hospital passou para uma média de 160 devido à “necessidade de reorganização de algumas áreas de internamento para a resposta à covid-19”, nomeadamente as que implicassem internamento pós-cirúrgico na Unidade de Cuidados Intensivos.
“O Hospital Pedro Hispano nunca parou a atividade cirúrgica programada, apenas diminuiu o número de cirurgias agendadas, assegurando que a necessidade de suspender ou adiar estas intervenções para alocar recursos humanos e físicos à resposta à Covid-19 não agravasse a condição clínica do doente ou condicionasse o prognóstico da doença”, assegurou a ULSM. Nos últimos meses, o Hospital Pedro Hispano manteve a atividade assistencial programada de forma presencial, incluindo a realização de exames de diagnóstico, tratamentos e consultas.
Para saber mais, consulte:
ULS de Matosinhos – http://www.ulsm.min-saude.pt/
Cuidados Continuados Integrados
Obras de nova unidade de cuidados continuados arrancam em Évora
As obras de construção da Unidade de Cuidados Continuados Integrados da Santa Casa da Misericórdia (SCM) de Évora arrancaram esta semana, num investimento de cerca de quatro milhões de euros.
A Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) vai ser instalada num novo edifício que será construído num terreno situado junto ao Recolhimento Ramalho Barahona, de acordo com o Provedor da SCM de Évora, Francisco Lopes Figueira.
Segundo o responsável, a futura UCCI da instituição envolve um investimento na ordem dos quatro milhões de euros e vai ter capacidade para 42 camas.
A empreitada arrancou esta semana e tem um prazo de execução de 20 meses.
O projeto conta com apoio de fundos comunitários, através do Programa Operacional Alentejo 2020, com uma comparticipação de 55%, mas aguarda-se «um eventual reforço das verbas de comparticipação», assinalou o responsável.
Aplicação móvel MyHSMM
APP do Hospital de Barcelos visa facilitar comunicação com utentes
O Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, já tem disponível online a aplicação para dispositivos móveis MyHSMM, que tem como principais objetivos melhorar a acessibilidade dos utentes à sua informação clínica e de saúde e facilitar a comunicação entre estes e o hospital.
Com esta aplicação, os utentes passam a poder gerir de forma rápida e intuitiva os dados pessoais que constam no seu processo clínico hospitalar e a aceder de forma simplificada a múltiplos serviços e funcionalidades do hospital.
Esta ferramenta permitirá aos utentes, entre outras funcionalidades, consultar e receber notificações de consultas, exames e cirurgias agendadas; consultar o histórico de atos médicos realizados; pedir relatórios médicos e resultados de exames; apresentar reclamações ou sugestões e visualizar tempos de espera na urgência.
Acopladas à MyHSMM, e a operar em breve, outras três funcionalidades irão facilitar ainda mais a vida dos utentes: uma que possibilitará aos utilizadores efetuar check-in automático nos quiosques de admissão para consultas e exames, outra que permitirá aos utentes, de uma forma significativamente melhorada, receber notificações dos agendamentos via sms e outra que possibilitará a assinatura de documentos com recurso à Chave Móvel Digital.
Além disso, brevemente, os utentes poderão efetuar o pagamento das taxas moderadoras através de mbway e referência bancária e, ainda, receber no seu telemóvel informações atualizadas sobre o estado de saúde do seu familiar que se encontra no Serviço de Urgência.
Esta aplicação é gratuita e estará disponível nas versões Android, IOS e Windows e poderá ser descarregada na App Store, Google Play e em app.gov.pt.
O desenvolvimento desta solução foi cofinanciado pelo Fundo Social Europeu do Sistema de Apoios à Modernização Administrativa (SAMA 2020).
Para saber mais, consulte:
Hospital Santa Maria Maior > Notícias
Potenciais efeitos da redução do sal (sódio) no pão na diminuição da pressão arterial em Portugal: relatório HIA – INSA
18-02-2021
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através do seu Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis, divulga o relatório do estudo-piloto de Health Impact Assessment (HIA) ‘Reduction of salt (sodium) in bread and its contribution to the decrease of blood pressure in Portugal’. Trata-se de uma avaliação de impacto na saúde rápida, prospetiva e focada na equidade sobre o tópico ‘Redução gradual da quantidade de sal (sódio) no pão’, enquadrada no Programa de Treino de Competências em HIA coordenado pelo INSA (biénio 2017-2019).
Considerando ser as doenças cardiovasculares (DCV) uma das principais causas de morte em Portugal, a redução do consumo de sal uma das melhores abordagens (best buys) para a prevenção destas doenças e o pão um dos alimentos que mais contribuem para a ingestão de sal pela população portuguesa, em outubro de 2017 foi assinado um protocolo entre a Direção-Geral de Saúde, o INSA e algumas associações de industriais de panificação, pastelarias e similares para a redução gradual de sal no pão até 2021.
O objetivo principal deste estudo é aferir os potenciais impactos na saúde da população portuguesa resultantes da implementação deste Protocolo, de acordo com as metas estabelecidas no documento.
Dos principais resultados e conclusões apresentados, destaca-se o seguinte:
- A meta máxima preconizada pelo Protocolo de 1g de sal por cada 100g de pão em 2021, corresponde a uma redução de 29% face ao cenário atual, o que levará a uma redução esperada de 0,51g e 0,32g na ingestão diária total de sal para homens e mulheres, respetivamente;
- Neste cenário espera-se uma maior redução na ingestão de sal entre indivíduos com maior consumo de pão, ou seja, homens, indivíduos da região do Alentejo, indivíduos com idades compreendidas entre os 55 e 74 anos e naqueles que têm menor nível de educação;
- Em linha, os grupos acima descritos são os que apresentam uma maior diminuição nos valores de pressão sistólica (PS), com a implementação integral do Protocolo;
- A magnitude do efeito estimado na pressão arterial (PA) parece ser baixa para ter um impacto importante na diminuição do risco de doenças cardiovasculares (DCV), de acordo com a literatura. Não existindo limiares bem definidos devido ao envolvimento de outros fatores de risco, alguns estudos apontam que quaisquer reduções na PA se traduzem em benefícios;
- Do ponto de vista económico, o cenário de redução de ingestão total de sal diário considerado, embora mais baixo quando comparado com cenários testados por outros estudos, aproxima-se dos valores considerados como custo-efetivos de acordo com os limiares de referência (reduções acima de 0,5g sal/ dia) da Organização Mundial de Saúde (OMS);
- Os dados recolhidos através de questionário revelam que a maioria dos respondentes referem ter conhecimento da assinatura do Protocolo, não sentiram alterações (sabor, textura, durabilidade) no pão que consomem habitualmente e que não alteraram o seu padrão de consumo, nos últimos 12 meses.
Este estudo foi desenvolvido por um grupo de trabalho composto por elementos do INSA, da Administração Regional de Saúde do Algarve, da Direção-Geral da Educação e da Escola Nacional de Saúde Pública, com a supervisão técnica da OMS. Seguiu o modelo clássico de HIA, que combina procedimentos e métodos que permitem analisar os potenciais impactos de projetos, programas ou políticas, na saúde da população e sua distribuição, apoiando a tomada de decisões baseada na melhor evidência.
Consulte o relatório em inglês, em acesso aberto aqui. Para mais informações sobre o Programa de Treino de Competências em HIA, clique aqui.
Coletânea de três estudos-piloto Health Impact Assesment (HIA) em Portugal – INSA
18-02-2021
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através do seu Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis, divulga a coletânea de relatórios dos estudos-piloto de Health Impact Assesment (HIA) relativos a três tópicos com potenciais efeitos na saúde dos portugueses: redução gradual da quantidade de sal (sódio) no pão, sistema rotulagem alimentar, e reconversão de áreas industriais com solos contaminados.
Estes estudos foram desenvolvidos no âmbito do Programa de Treino de Competências em HIA coordenado pelo INSA, com o apoio técnico da Organização Mundial de Saúde (OMS). A importância da HIA é reconhecida e vista como uma relevante ferramenta estruturada para apoiar e possibilitar a Saúde em todas as políticas, promover a colaboração intersectorial e facilitar a abordagem dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Neste sentido, o INSA, no âmbito do Biennial Collaborative Agreement (BCA) entre a OMS e o Ministério da Saúde de Portugal, desenvolveu durante biénio 2017-2019 um Programa de Treino de Competências que visou apoiar os profissionais a dominar as ferramentas e a obter conhecimentos técnicos relevantes nesta matéria.
Subordinados a tópicos de interesse para saúde dos portugueses previamente selecionados, estes estudos-piloto tiveram início na sequência do primeiro workshop HIA em Portugal, que decorreu em novembro de 2017, e envolveram várias instituições da saúde e de outos sectores. Os estudos foram coordenados pelo INSA (redução gradual do teor de sal (sódio) no pão), pela Direção-Geral da Saúde (sistema de rotulagem nutricional) e pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (reconversão de áreas industriais com solos contaminados).
Trata-se de avaliações de impacto na saúde focadas na equidade, desenvolvidas numa abordagem learn by doing, com apoio técnico de peritos externos da OMS.
Dos principais resultados e conclusões apresentados nos relatórios, destaca-se o seguinte:
Potenciais efeitos da redução gradual do teor de sal (sódio) no pão na pressão arterial
- O Protocolo de Colaboração para a redução gradual do teor de sal no pão, assinado em 2017 entre a DGS, o INSA e representantes da indústria panificadora, estabelece a meta máxima de 1 g de sal por 100 g de pão, em 2021. Este limiar representa uma redução de 29% face ao consumo atual (menos 0,51 e 0,32 gramas de sal/dia, para homens e mulheres, respetivamente);
- Tendo por base a ingestão de sal esperada após a implementação desta meta, a magnitude do efeito estimado na pressão arterial (PA) parece ser baixa para ter um impacto importante na diminuição do risco de doença cardiovascular, de acordo com a literatura. Não existindo limiares bem definidos devido ao envolvimento de outros fatores de risco, alguns estudos apontam que quaisquer reduções na PA se traduzem em benefícios;
- Do ponto de vista económico, o cenário de redução de 29% na ingestão total de sal diária através do consumo de pão, embora mais baixo em comparação com outros estudos, aproxima-se dos valores considerados como custo-efetivos de acordo com os limiares de referência (reduções acima de 0,5g sal/ dia) da OMS;
- Recomenda-se a adoção de medidas complementares e integradas que promovam ativamente uma redução substancial da ingestão total de sal pela população, de forma a atingir os valores de referência da OMS (5g sal/dia), estendendo-se a outras categorias e produtos alimentares de elevado consumo no país (e.g. carne e derivados, sopas, etc.).
Sistema de rotulagem nutricional
- A evidência científica mostra que os consumidores têm dificuldade em interpretar a informação nutricional obrigatória que está presente nos rótulos dos produtos alimentares;
- A avaliação de diferentes modelos de rotulagem nutricional interpretativa (FOP-NL), nomeadamente quanto à sua capacidade de contribuírem para escolhas alimentares mais informadas e saudáveis, mostra que a probabilidade de os participantes escolherem um produto alimentar mais saudável é 3 a 5 vezes superior, quando estes sistemas de rotulagem estão disponíveis;
- O sistema de rotulagem deve ser único e consensual para os cidadãos, peritos e stakeholders, mas também adaptável aos produtos comercializados em Portugal;
- A Direção-Geral da Saúde recomenda ao Governo, que adote um sistema de rotulagem nutricional que ajude os cidadãos a fazer escolhas alimentares mais informadas e saudáveis.
Reconversão de áreas industriais com solos contaminados
- Com o objetivo de analisar o impacto real ou potencial da adoção das recomendações em matéria de operações urbanísticas na reconversão de áreas industriais com solos contaminados produzida por uma Comissão Técnica, coordenada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), desenvolveu-se um modelo conceptual de exposição para identificar as principais vias de exposição e os efeitos na saúde;
- Verificou-se que existem riscos associados à exposição a solos contaminados (e.g. doenças respiratórias, cardiovasculares, cancerígenas, etc.) que são reduzidos com a sua remediação;
- A remediação é a medida adequada para todos os grupos populacionais considerados no estudo. Os resultados mostram, ainda, que existem benefícios para a saúde com a remediação do solo, permitindo a redução de contaminantes para os valores de referência;
- A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), em colaboração com INSA, recomenda ao Estado Português, através do Governo, que crie legislação específica para a descontaminação obrigatória de solos contaminados, aquando da sua reconversão urbanística, tendo como suporte as recomendações da APA nesta matéria;
- Recomenda-se também que a legislação a criar para áreas com solos contaminados, com futura intervenção, inclua obrigatoriamente estudos de impacto na saúde, cujos planos de amostragem ambiental incluam os componentes solo, água e ar.
Os relatórios estão disponíveis em acesso aberto, em inglês.
Efeitos da redução do sal no pão
Redução do sal no pão contribui para a diminuição da pressão arterial em Portugal
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através do seu Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis, divulga o relatório do estudo-piloto de Health Impact Assessment (HIA) ‘Reduction of salt (sodium) in bread and its contribution to the decrease of blood pressure in Portugal’. Trata-se de uma avaliação de impacto na saúde rápida, prospetiva e focada na equidade sobre o tópico ‘Redução gradual da quantidade de sal (sódio) no pão’, enquadrada no Programa de Treino de Competências em HIA coordenado pelo INSA (biénio 2017-2019).
Considerando ser as doenças cardiovasculares (DCV) uma das principais causas de morte em Portugal, a redução do consumo de sal uma das melhores abordagens (best buys) para a prevenção destas doenças e o pão um dos alimentos que mais contribuem para a ingestão de sal pela população portuguesa, em outubro de 2017 foi assinado um protocolo entre a Direção-Geral de Saúde, o INSA e algumas associações de industriais de panificação, pastelarias e similares para a redução gradual de sal no pão até 2021.
O objetivo principal deste estudo é aferir os potenciais impactos na saúde da população portuguesa resultantes da implementação deste Protocolo, de acordo com as metas estabelecidas no documento.
Dos principais resultados e conclusões apresentados, destaca-se o seguinte:
- A meta máxima preconizada pelo Protocolo de 1g de sal por cada 100g de pão em 2021, corresponde a uma redução de 29% face ao cenário atual, o que levará a uma redução esperada de 0,51g e 0,32g na ingestão diária total de sal para homens e mulheres, respetivamente;
- Neste cenário espera-se uma maior redução na ingestão de sal entre indivíduos com maior consumo de pão, ou seja, homens, indivíduos da região do Alentejo, indivíduos com idades compreendidas entre os 55 e 74 anos e naqueles que têm menor nível de educação;
- Em linha, os grupos acima descritos são os que apresentam uma maior diminuição nos valores de pressão sistólica (PS), com a implementação integral do Protocolo;
- A magnitude do efeito estimado na pressão arterial (PA) parece ser baixa para ter um impacto importante na diminuição do risco de doenças cardiovasculares (DCV), de acordo com a literatura. Não existindo limiares bem definidos devido ao envolvimento de outros fatores de risco, alguns estudos apontam que quaisquer reduções na PA se traduzem em benefícios;
- Do ponto de vista económico, o cenário de redução de ingestão total de sal diário considerado, embora mais baixo quando comparado com cenários testados por outros estudos, aproxima-se dos valores considerados como custo-efetivos de acordo com os limiares de referência (reduções acima de 0,5g sal/ dia) da Organização Mundial de Saúde (OMS);
- Os dados recolhidos através de questionário revelam que a maioria dos respondentes referem ter conhecimento da assinatura do Protocolo, não sentiram alterações (sabor, textura, durabilidade) no pão que consomem habitualmente e que não alteraram o seu padrão de consumo, nos últimos 12 meses.
Este estudo foi desenvolvido por um grupo de trabalho composto por elementos do INSA, da Administração Regional de Saúde do Algarve, da Direção-Geral da Educação e da Escola Nacional de Saúde Pública, com a supervisão técnica da OMS. Seguiu o modelo clássico de HIA, que combina procedimentos e métodos que permitem analisar os potenciais impactos de projetos, programas ou políticas, na saúde da população e sua distribuição, apoiando a tomada de decisões baseada na melhor evidência.
Para saber mais, consulte:
INSA > Estudo – Reduction of salt (sodium) in bread and its contribution to the decrease of blood pressure in Portugal – em inglês