Artigo: Toxinfeções Alimentares (TIAS): da Investigação à Prevenção – INSA

ARTIGO: TOXINFEÇÕES ALIMENTARES: DA INVESTIGAÇÃO À PREVENÇÃO

O Instituto Ricardo Jorge, assegurando a função de laboratório de referência, reporta internacionalmente, desde 1993, os dados referentes à investigação de toxinfeções alimentares (TIAS) ocorridas em Portugal. O conhecimento da epidemiologia da doença através da sua vigilância integrada envolvendo o ambiente e a saúde humana e animal contribui para a identificação de perigos e fatores de risco. Assim, é também gerada evidência científica para reduzir o risco de doença do consumidor.

Neste artigo, é descrito como os dados de TIAS podem ser usados como evidência científica para identificar boas práticas de segurança alimentar para o consumidor. É ainda divulgado o material educativo elaborado com base na informação dos perigos, fatores contributivos e condições associadas às TIAS que ocorreram em casas particulares em Portugal nos últimos anos (2009-2013).

Considerando a investigação das 40 TIAS que ocorreram em Portugal entre 2009 e 2013, em produtos alimentares analisados em laboratórios do Instituto Ricardo Jorge em que o agente etiológico e o local de exposição foram identificados, 35% ocorreu em cozinhas domésticas, 15% em restaurante/bar/café/hotel, 15% em instituições residenciais, 12,5% em cantinas e 7,5% em escolas/creches; o tipo de alimento contaminado mais frequentemente consumido foi refeição mista (62,5%). É também descrita a frequência dos fatores contributivos encontrados nas TIAS ocorridas. “Inadequada temperatura/tempo conservação” (45%) e “Manipulador infetado”  (35%) são os dois principais fatores encontrados.

O guia de boas práticas foi estruturado em nove capítulos, com os cuidados a ter desde a compra dos alimentos até ao seu consumo. O conteúdo final do guia foi revisto e transformado de modo a que a sua mensagem fosse mais facilmente compreendida e posta em prática de um modo eficaz pela população em geral.

Para consultar o artigo da autoria de Silvia Viegas, Luísa Oliveira, Luís Saboga Nunes, Lúcia Costa e Maria Antónia Calhau, clique aqui.

Estudo INSA: A Doença dos Legionários Poderá Ser Transmitida Pessoa-a-Pessoa

ESTUDO REVELA QUE DOENÇA DOS LEGIONÁRIOS PODERÁ SER TRANSMITIDA PESSOA-A-PESSOA
 A evidência de que a doença dos Legionários poderá ser transmitida pessoa-a-pessoa acaba de ser descrita por um grupo de profissionais de saúde portugueses pertencentes a várias instituições, entre estas a Administração Regional de Saúde do Norte e o Instituto Ricardo Jorge. Apesar do risco de transmissão pessoa-a-pessoa da doença dos Legionários ser certamente muito baixo, as conclusões deste trabalho poderão servir para alertar a comunidade médico-científica para a eventual necessidade de rever as medidas de prevenção e controlo desta doença.

O caso de provável transmissão pessoa-a-pessoa da doença dos Legionários descrito neste trabalho inédito a nível mundial ocorreu no contexto do surto que se registou na região de Vila Franca de Xira, entre novembro e dezembro de 2014, e que originou mais de 400 casos de doença, incluindo 14 mortes. Até hoje, a hipótese da doença dos Legionários se transmitir pessoa-a-pessoa nunca tinha sido evidenciada, sendo aceite que esta doença apenas poderia ser adquirida por inalação de aerossóis de fontes ambientais que contenham a bactériaLegionella.

No artigo científico publicado hoje, dia 4 de fevereiro, na revista New England Journal of Medicine, a revista mais conceituada mundialmente na área da medicina, os autores do estudo explicam que chegaram a estas conclusões depois de identificarem, na região de saúde do Norte, dois casos fatais de doença em familiares, em que um deles não tinha qualquer associação geográfica com Vila Franca de Xira (epicentro do surto). Esta descoberta surgiu paralelamente à investigação epidemiológica e ambiental realizada com o objetivo de controlar o surto da doença dos Legionários.

Perante a necessidade de melhor compreender a razão desta ocorrência, foi estudada pelo Instituto Ricardo Jorge a relação genética entre as bactérias isoladas destes doentes, tendo-se concluído, após a sequenciação total do genoma, em ambos os casos que, para além de se tratar da estirpe anteriormente identificada como causadora do surto de Vila Franca de Xira, as bactérias isoladas revelavam uma similaridade total do seu material genético. Além desta forte evidência, a investigação epidemiológica revelou a existência de um contacto muito estreito entre os dois familiares, pelo que a equipa de investigadores concluiu tratar-se de um caso provável de transmissão pessoa-a-pessoa de doença dos Legionários.

A doença dos Legionários é uma doença que se caracteriza por uma pneumonia, atingindo preferencialmente pessoas idosas, fumadoras, imunodeprimidas ou pessoas com doenças crónicas (como diabetes e doenças pulmonares, por exemplo). Os principais sintomas são febre, dores de cabeça, dores musculares, tosse e diarreia. A pneumonia provocada porLegionella pode ser grave, podendo a morte ocorrer em 5-14% dos doentes. Este microrganismo vive habitualmente na água, em ambientes aquáticos naturais, como rios e lagos, podendo contaminar sistemas de água criados pelo Homem, como redes prediais de abastecimento, sistemas de refrigeração, entre outros. A doença dos Legionários pode ocorrer como casos isolados ou na forma de surtos, sendo mais frequente entre o final do Verão e o Outono.

Com o título “Probable Person-to-Person Transmission of Legionnaires’ Disease”, o artigo é assinado por 17 coautores. Participaram neste trabalho clínicos da Administração Regional de Saúde do Norte e investigadores do Instituto Ricardo Jorge de Lisboa.

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Tag Legionella

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 25 a 31 Janeiro 2016 – INSA

Atividade gripal baixa na última semana de janeiro
Pormenor da capa do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe
Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe revela atividade gripal baixa, com tendência estável, entre 25 e 31 janeiro.

O Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), refere uma atividade gripal epidémica de baixa intensidade, com tendência estável, na semana de 25 a 31 de janeiro.

De acordo com o boletim informativo:

  • Vigilância clínica: a taxa de incidência de síndroma gripal foi de 47,8 por 100.000 habitantes, indicando atividade gripal epidémica de baixa intensidade, com tendência estável.
  • Vigilância laboratorial:
    • o vírus da gripe A(H1)pdm09 foi detetado em 64% (27/42) dos casos analisados na semana 4/2016, valor superior ao verificado na semana anterior. O vírus da gripe A(H1)pdm09 foi o predominantemente detetado;
    • os vírus da gripe circulantes são, na sua maioria, semelhantes aos vírus contemplados na vacina antigripal da época 2015/2016.
  • Severidade: foram admitidos 15 novos casos de gripe nas 27 Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) que reportaram informação, estimando-se em 4,5% a taxa de admissão por gripe em UCI. Este valor é cerca de uma vez e meia superior ao estimado na semana anterior. Em todos os doentes foi identificado o vírus influenza A(H1N1)pdm09.
  • Impacte: mortalidade observada por todas as causas com valores de acordo com o esperado.
  • Monitorização da temperatura ambiente, taxa de incidência de síndroma gripal e mortalidade: o valor médio da temperatura mínima do ar, na semana de 25 a 31 de janeiro de 2016 foi de 5.6°C (valor acima do normal).
  • Situação internacional: observou-se um aumento da atividade gripal na Europa, que, no entanto, se manteve baixa na maioria dos países. A maioria dos vírus subtipados pertence ao subtipo A(H1N1)pdm09. (dados da semana 3).

Na Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a Plataforma Saúde Sazonal, disponível na área “Saúde em Tempo Real”, apresenta a evolução semanal de alguns indicadores relacionados com a síndrome gripal.

A Plataforma Saúde Sazonal reúne informação sobre a taxa de incidência semanal de síndrome gripal, estimada pela Rede Médicos Sentinela, sobre o número de casos positivos para gripe detetados pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e para outros vírus respiratórios, bem como dados sobre o número de consultas por síndrome gripal nos cuidados de saúde primários por semana, assim como uma área onde é apresentada uma perspetiva rápida da média semanal das temperaturas máximas e mínimas observadas em Portugal continental.

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Tag Gripe

Aberto Concurso para Técnico Superior (Formação Interna) – INSA

Prazo de 10 dias úteis.

  • AVISO N.º 1242/2016 – DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 23/2016, SÉRIE II DE 2016-02-03
    Saúde – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P.

    Procedimento concursal comum, para constituição de vínculo de emprego público por tempo indeterminado para o preenchimento de um posto de trabalho, previsto e não ocupado no mapa de pessoal do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP (INSA), na categoria e carreira de técnico superior – área de formação interna

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Vírus Zika: Perguntas Mais Frequentes e Respostas – INSA

Maria João Alves, investigadora do Instituto Ricardo Jorge

O Zika é um vírus da família Flaviviridae que é transmitido aos seres humanos pela picada de mosquitos infetados. Os principais vetores são do género Aedes. Em Portugal, o Instituto Ricardo Jorge, através do seu Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI), em Águas de Moura, é o laboratório responsável pelo diagnóstico do vírus Zika.

O Instituto faz o diagnóstico laboratorial desta doença através da deteção de RNA viral em amostras biológicas de doentes na fase aguda da doença e da deteção de anticorpos no soro.  Para conhecer um pouco melhor o que é este vírus e algum do trabalho desenvolvido pelo CEVDI, conversámos com Maria João Alves, investigadora do Instituto Ricardo Jorge e uma das principais especialistas na área dos vírus hemorrágicos.

O que é o vírus Zika e como é que este se transmite?

O vírus Zika é um vírus do género Flavivírus (outros flavivírus são o vírus West Nile, Dengue, Febre amarela) descoberto em 1947 num macaco, sentinela para a febre amarela, que estava febril, na floresta de Zika no Uganda. Este vírus é transmitido por mosquitos do género Aedes, sobretudo Aedes aegypti. Um investigador norte-americano descreveu um caso de transmissão por via sexual em 2011 e em 2014 foi descrita a possibilidade de uma transmissão perinatal.

O vírus Zika não provoca sintomatologia em cerca de 80% das pessoas que infeta. Quando existe sintomatologia, esta ocorre entre 3 a 12 dias depois da picada do mosquito e é ligeira, auto-limitada, com febre, cefaleia, mal-estar, anorexia e exantema maculo-papular (erupção cutânea) e dura entre 2 a 7 dias.

Até 2007, foram conhecidas unicamente 14 casos clínicos de infeção por vírus Zika em África e no Sudeste Asiático. Em 2007 ocorreu, pela primeira vez fora de África e Ásia, um surto com 185 casos na Micronésia, seguido de outro na Polinésia Francesa em 2013-2014, com 8700 casos, e Nova Caledónia, com 1365 casos. Depois, em 2014, surgem casos na Ilha de Páscoa (Chile) e, em 2015, no Brasil.

Como é que se faz o diagnóstico desta doença e qual o seu tratamento?

O diagnóstico laboratorial de Zika é realizado no Instituto Ricardo Jorge desde 2007. O laboratório tem instaladas capacidades de diagnóstico molecular, que permite identificar o vírus na fase em que está em circulação no sangue (3 a 5 dias depois do início dos sintomas) ou na urina (3 a 10 dias depois do início dos sintomas), e diagnóstico imunológico que permite identificar anticorpos após a exposição. Não há tratamento específico para as infeções por vírus Zika, a não ser os sintomáticos como analgésicos, anti-piréticos e anti-histamínicos.

Que recomendações devem ser dadas à população?

Os cidadãos que viajem para zonas endémicas devem adotar sobretudo medidas preventivas para evitar a picada do mosquito, usando roupas que cobram maior parte do corpo, repelentes e redes mosquiteiras, entre outras.

O que se sabe da relação entre o vírus Zika e as alterações fetais, em particular microcefalias?

A relação entre o vírus Zika e as microcefalias foi descrita apenas no Brasil, que viu o número de casos de microcefalia aumentar drasticamente no último ano. Ainda não há uma prova conclusiva desta relação, mas há uma coincidência temporal muito grande entre a ocorrência de casos de Zika e microcefalias. As mães durante a gravidez podem ter sido infetadas pelo vírus e mesmo sem sintomatologia na mãe, este pode ter afetado o desenvolvimento do feto.

No surto que ocorreu na Polinésia Francesa já tinham sido descritos em 1% dos casos, pela primeira vez, sintomatologia neurológica. Nessa altura os investigadores relacionaram a sintomatologia neurológica com a quase simultaneadade de um surto de dengue na mesma região.

Portugal tem desde há vários anos uma rede de vigilância de vetores. De que forma é que esta têm contribuído para o contribuído para o conhecimento epidemiológico das espécies de vetores presentes no nosso país?

Portugal tem desde 2008 uma Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE) cujos participantes são as Administrações Regionais de Saúde, a Direção-Geral da Saúde e o Instituto Ricardo Jorge. Nesta rede é feita a vigilância sistemática de mosquitos. Os objetivos da REVIVE são identificar a diversidade e abundância de mosquitos, se são vetores de doença, quer dizer se estão ou não infetados com vírus, e detetar atempadamente a introdução de espécies exóticas e invasoras de maneira a que seja possível para as autoridades de nacionais reagirem atempadamente com medidas de controlo adequadas.

Uma das espécies exóticas/invasoras é exatamente a espécie, já identificada na ilha da Madeira, Aedes aegypti, que transmite Dengue, Chikungunya e Zika. Outra espécie é Aedes albopictus que já está presente na maior parte da Europa mediterrânica e que, apesar de menos eficaz, também pode transmitir dengue e chikungunya. Estas duas espécies não foram identificadas em Portugal continental, quer dizer que, por enquanto, não pode haver casos autóctones destas patologias.

Qual tem sido a contribuição do Instituto Ricardo Jorge em termos internacionais?

O Instituto Ricardo Jorge, enquanto autoridade competente na vigilância epidemiológica, formação e divulgação de conhecimento, tem contribuído, através do Departamento de Doenças Infeciosas e do CEVDI, para o estudo deste e de outros vírus transmitido por vetores através de redes internacionais de laboratórios.

A Rede Europeia para o Diagnóstico de Doenças Virais Importadas (European Network for Diagnostics of Imported viral Diseases – ENIVD) identificou, na Europa, 20 laboratórios, de 13 países, com capacidade para diagnosticar vírus Zika. O CEVDI do Instituto Ricardo Jorge contribuiu com material de referência que foi distribuído por todos esses laboratórios europeus.

Por outro lado, no âmbito da rede ibérico-americana (ViroRed), o CEVDI também distribuiu materiais de referência para apoio ao diagnóstico de Zika em países da América latina, assim como na organização de estágios para investigadores do Brasil, Venezuela e Panamá. O mais recente ocorreu no CEVDI em Novembro passado para treino em diagnóstico de Zika.

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Tag Vírus Zika

Comunicado do Diretor-Geral da Saúde sobre Doença por vírus Zika (2)

Documento: Avaliação de Risco do ECDC Sobre Doença por Vírus Zika

Comunicado do Diretor-Geral da Saúde sobre Doença por Vírus Zika (1)

Orientação DGS: Doença por Vírus Zika

Artigo: Microbiologia do Ar 2010 – 2014: Dados do Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade  – INSA

Em média, nos 5 anos do Programa de Avaliação Externa da Qualidade – Microbiologia do Ar (2010-2014), mais de 88,5% dos laboratórios participantes no programa têm obtido um desempenho satisfatório. Esta é uma das conclusões do estudo efetuado pelo Instituto Ricardo Jorge com o objetivo de avaliar os resultados obtidos ao longo do tempo de atividade deste programa.

Outra das conclusões aponta para que o programa de avaliação externa da qualidade – Microbiologia do Ar tem permitido melhorar a comparabilidade dos resultados dos seus participantes, levando igualmente a uma harmonização de procedimentos, melhorando a rastreabilidade das medições, facilitando a validação de resultados e de todo o processo conducente à acreditação dos ensaios.

O Programa de Avaliação Externa da Qualidade – Microbiologia do Ar, consiste na avaliação do processo de amostragem de ar e análise laboratorial, tendo em vista a quantificação de bactérias e fungos em suspensão no ar. Este programa foi organizado pela Unidade de Ar e Saúde Ocupacional do Departamento de Saúde Ambiental do Instituto Ricardo Jorge, em colaboração com o Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade.

Para conhecer melhor este estudo, da autoria de Manuela Cano, Nuno Rosa, Helena Correia e Ana Paula Faria, clique aqui. Este artigo foi publicado na edição outubro-dezembro de 2015 do Boletim Epidemiológico Observações.

Veja também: Tag Boletim Epidemiológico Observações

Rastreio Neonatal: Número de Recém-Nascidos Estudados Aumentou em 2015

Em 2015, o número de recém-nascidos estudados no âmbito do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce (PNDP), coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Instituto Ricardo Jorge), foi de 85058, o que corresponde a mais 1958 testes realizados do que em 2014 (83100).

O distrito do Porto foi onde se verificou o maior aumento de recém-nascidos estudados (15631, mais 538 do que em 2014), mas é no distrito de Lisboa onde continuam a nascer mais bebés (24603, mais 212 do que no ano anterior). Braga também registou um aumento significativo de exames realizados (6189, mais 301), assim como Faro (4024, mais 240), Coimbra (3766, mais 142) e a Região Autónoma da Madeira (1893, mais 130).

Os distritos da Guarda (752, menos 57), Aveiro (4235, menos 42), Beja (1023, menos 35), Bragança (612, menos 35), Beja (1023, menos 35) e a Região Autónoma dos Açores (2206, menos 86) registaram menos “testes do pezinho” do que em 2014.

O PNDP realiza, desde 1979, testes de rastreio de algumas doenças graves, em todos os recém-nascidos, o chamado “teste do pezinho”. O rastreio não é obrigatório o que significa que podem existir mais nascimentos do que testes realizados, ou até mesmo o contrário, mas não deixa de ser um indicador bastante preciso relativamente à natalidade em Portugal, tendo em conta taxa de cobertura de quase 100% deste programa.

Estes testes permitem identificar as crianças que sofrem de doenças, quase sempre genéticas, como a fenilcetonúria ou o hipotiroidismo congénito, que podem beneficiar de tratamento precoce. Todas as análises laboratoriais do PNDP são efetuadas num único laboratório, a Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana, no Instituto Ricardo Jorge, no Porto.

A cobertura do PNDP é atualmente superior a 99 por cento dos recém-nascidos, o que permite através do rastreio e da confirmação do diagnóstico, o encaminhamento dos doentes para a rede de Centros de Tratamento, sedeados em instituições hospitalares de referência, contribuindo para a prevenção de doenças e ganhos em saúde.

Programa Nacional de Diagnóstico Precoce:

DIAGNÓSTICO PRECOCE

O Programa Nacional de Diagnóstico Precoce (PNDP) realiza, desde 1979, testes de rastreio em todos os recém-nascidos de algumas doenças graves, o chamado “teste do pezinho”.Estes testes permitem identificar as crianças que sofrem de doenças, quase sempre genéticas, como a fenilcetonúria ou o hipotiroidismo congénito, que podem beneficiar de tratamento precoce.

Os resultados deste rastreio têm sido muito positivos. Mais de 1600 crianças doentes foram, rastreadas e tratadas logo nas primeiras semanas de vida, em centros de tratamento especializados evitando-se graves problemas de saúde.

Todas as análises laboratoriais do PNDP são efetuadas num único laboratório, a Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana, no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no Porto.

O Rastreio é obrigatório?
Não é, e será sempre dependente da vontade dos pais. Porém, dado que para todas as doenças estudadas existe tratamento, as vantagens para o bebé e para todo o ambiente em que está inserido são claras e evidentes.

Como devem proceder os pais quando nasce o bebé?
Nas Maternidades, Hospitais e Centros de Saúde, existem fichas apropriadas para a colheita. A partir do 3º dia de vida e se possível até ao 6º, os pais devem levar o bebé a um desses locais para fazer a colheita de sangue. Com uma picada no calcanhar do bebé colhe-se sangue para o papel de filtro da ficha de colheita que, depois de seco, é enviado, pessoalmente ou pelo correio, para a Unidade de Rastreio Neonatal.

A análise é suportada pelo SNS, sendo gratuita para os pais.

DOENÇAS RASTREADAS
  • Hipotiroidismo Congénito
  • Fibrose Quística
  • Doenças Hereditárias do Metabolismo 
    • Aminoacidopatias
      • Fenilcetonúria (PKU) / Hiperfenilalaninemias
      • Tirosinemia Tipo I
      • Tirosinemia Tipo II
      • Leucinose (MSUD)
      • Citrulinemia Tipo I
      • Acidúria Arginino-Succínica
      • Hiperargininemia
      • Homocistinúria Clássica
      • Hipermetioninemia (Déf. MAT)
    • Acidúrias Orgânicas
      • Acidúria Propiónica (PA)
      • Acidúria Metilmalónica (MMA, Mut-)
      • Acidúria Isovalérica (IVA)
      • Acidúria 3-Hidroxi-3-Metilglutárica (3-HMG)
      • Acidúria Glutárica Tipo I (GA I)
      • 3-Metilcrotonilglicinúria (Déf. 3-MCC)
      • Acidúria Malónica
    • Doenças Hereditárias da ß-oxidação Mitocondrial dos Ácidos Gordos
      • Def. da Desidrogenase dos Ácidos Gordos de Cadeia Média (MCADD)
      • Def. da Desidrogenase dos Ácidos Gordos de Cadeia Muito Longa (VLCADD)
      • Def. da Desidrogenase de 3-Hidroxi-Acil-CoA de Cadeia Longa (LCHADD)/TFP
      • Def. em Carnitina-Palmitoil Transferase I (CPT I)
      • Def. em Carnitina-Palmitoil Transferase II (CPT II)/CACT
      • Def. Múltipla das Acil-CoA Desidrogenases dos Ácidos Gordos (Acidúria Glutárica Tipo II)
      • Def. Primária em Carnitina (CUD)
COLHEITAS

Normas para a colheita de sangue

1 – Proceder à colheita a partir do 3º dia de vida (após 48h de alimentação) e se possível até ao 6º.
2 – Desinfetar o calcanhar do bebé com éter ou álcool. Se usar álcool, deixar secar bem antes de picar. Se o pé estiver muito frio aquecê-lo previamente.
3 – Picar no lado esquerdo ou direito do calcanhar, utilizando uma lanceta rejeitável.
4 – Deixar formar uma boa gota de sangue no calcanhar, de modo a preencher o 1º círculo de uma só vez. Proceder da mesma forma nos restantes círculos.
5 – A colheita só é válida se o reverso do papel de filtro ficar bem impregnado. Se houver dificuldades na colheita é preferível preencher somente 2 círculos bem, do que 4 mal.
6 – Deixar secar à temperatura ambiente (habitualmente 3 a 4 horas), evitando a luz direta do sol.
7 – Enviar ao Laboratório de Rastreio, se possível, no próprio dia da colheita ou no dia seguinte.

Informações complementares

1 – É IMPORTANTE que a colheita de sangue seja feita ente o 3º dia e o 6º dia de vida, pelos seguintes motivos:
– Antes do 3º dia os valores dos marcadores existentes do sangue do bebé podem não ter valor diagnóstico.
– Após o 6º dia alguns marcadores perdem sensibilidade, e há o risco de atrasar o início do tratamento. A colheita deverá, no entanto, ser sempre executada, mesmo que tardiamente.
2 – Não usar pomadas analgésicas ou anticoagulantes.
3 – Pode ser utilizado sangue colhido para outros fins.
4 – Se a colheita é feita à sexta-feira ou na véspera de um feriado será sempre aconselhável enviá-la de imediato para o correio. Assim, temos mais garantias de que seguirá no primeiro correio do primeiro dia útil.
5 – Será sempre preferível fazer a colheita e guardar a ficha à temperatura ambiente, do que obrigar a mãe a voltar ao local de colheita.

As fichas deverão ser enviadas por Correio Azul e o mais rapidamente possível, para:
Unidade de Rastreio Neonatal
Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
R Alexandre Herculano, 321
4000-055 Porto

TESTE DO PEZINHO

O estado da receção e os resultados do “teste do pezinho” podem ser consultados através da Internet.

É disponibilizada aos utentes a informação do resultado NORMAL ou EM CURSO.

Poderá ainda saber atempadamente, se a ficha com o sangue do seu bebé, deu ou não entrada no Instituto.

Como consultar?

1 – Selecionar a opção “Resultados do Teste do Pezinho” no menu lateral direito deste portal.

2 – Introduzir o número do código de barras entregue aos pais no ato da colheita.

3 – Selecionar o botão consultar.

NOTA:

A informação de que a ficha deu entrada no Instituto é disponibilizada online normalmente a partir da 2.ª semana a seguir à colheita.

O resultado está disponível, normalmente, a partir da 4ª semana.

No caso de ser diagnosticada alguma doença, os pais serão avisados mais cedo, diretamente pelo telefone ou através da Unidade de Saúde mais próxima, normalmente 10 a 15 dias após o nascimento do bebé.