Artigo: Redução do Consumo de Açúcar em Portugal: Evidência Que Justifica Ação – DGS

Redução do consumo de açúcar em Portugal

A elevada prevalência das doenças crónicas é um dos principais desafios na área da saúde pública. Estas doenças são atualmente e, a nível mundial, a principal causa de mortalidade, representando, no ano de 2012, 68% de todas as causas de morte.

Os hábitos alimentares inadequados são um dos quatro principais fatores de risco modificáveis para estas doenças. Em Portugal, de acordo com os dados estimados pelo estudo Global Burden of Diseases (GBD), os hábitos alimentares inadequados (19%) surgem como o fator de risco que mais contribui para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa.

Os hábitos alimentares inadequados incluem a ingestão excessiva de açúcares simples, cujo consumo excessivo tem sido associada ao excesso de peso/obesidade e consequentemente ao risco de desenvolvimento de doenças crónicas associadas. Por outro lado, o consumo de açúcar constitui também um dos principais fatores de risco para as cáries dentárias, uma das doenças não transmissíveis mais prevalentes a nível mundial.

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), no âmbito da sua missão apresenta neste documento de trabalho uma revisão da evidência científica atual e apresenta um contributo inicial para uma discussão alargada sobre a necessidade, benefícios e estratégias disponíveis para a redução do consumo de açúcar em Portugal.

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O consumo excessivo de açúcares (adicionados e/ou naturalmente presentes) tem sido associada ao excesso de cáries dentárias e peso/obesidade. O PNPAS apresenta neste documento uma revisão da evidência científica atual e apresenta um contributo inicial para uma discussão alargada sobre a necessidade, benefícios e estratégias disponíveis para a redução do consumo de açúcar em Portugal.

Consulte o documento aqui. 

Artigo: A gripe em Portugal: Análise Preliminar da Atividade Gripal na Época 2015/2016 – INSA

A análise preliminar dos dados da atividade gripal em Portugal na época de 2015/2016 (setembro de 2015 a junho de 2016) mostra que esta foi de baixa intensidade. À semelhança da época anterior, o período epidémico ocorreu entre as semanas 1/2016 e 9/2016, com o valor máximo de incidência a verificar-se na semana 3/2016 (59,4 casos por 100.000 habitantes).

A frequência de casos de gripe mais elevada foi observada em crianças até aos 4 anos (50, 0%;14/28), seguida dos adolescentes e jovens adultos dos 15 aos 44 anos (43,6%;226/518). Em todos os grupos etários o vírus de gripe A(H1)pdm09 foi o mais frequente, sendo que a percentagem mais elevada verificou-se no grupo etário 65 ou mais anos (97,4%).

Outra das conclusões deste trabalho efetuado pelos Departamentos de Doenças Infeciosas e de Epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge, indica que os vírus A(H1)pdm09 foram semelhantes à estirpe vacinal da época 2015/2016, enquanto os vírus do tipo B e do subtipo A(H3) circulantes mostraram diferenças relativamente às estirpes vacinais da época 2015/2016. A maioria dos vírus detetados em 2015/2016 foram semelhantes às estirpes recomendadas para a vacina da próxima época gripal 2016/2017.

O Programa Nacional de Vigilância da Gripe (PNVG) assegura a vigilância epidemiológica da gripe em Portugal, integrando as componentes de vigilância clínica e laboratorial. A componente clínica integra a Rede de Médicos-Sentinela e possibilita a determinação semanal das taxas de incidência de síndroma gripal (SG), permitindo descrever a intensidade e evolução da epidemia na população portuguesa. A componente laboratorial tem por base a identificação e caraterização das estirpes do vírus da gripe em circulação em cada inverno.

Estes e outros dados são apresentados no artigo “A gripe em Portugal: análise preliminar da atividade gripal na época 2015/2016”, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico Observações. Para consultar na íntegra o trabalho de Patrícia Conde, Pedro Pechirra, Paula Cristóvão, Inês Costa, Ausenda Machado, Ana Paula Rodrigues, Baltazar Nunes e Raquel Guiomar, clique aqui.

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Gripe

Artigo: Efetividade da Vacina Antigripal Sazonal na Época 2015/2016 – Resultados do Projeto EuroEVA – INSA

Em Portugal, na época 2015-2016, o período epidémico da gripe sazonal ocorreu entre as semanas 1/2016 e 9/2016, tendo-se verificado uma atividade gripal de intensidade baixa. O vírus da gripe do subtipo A(H1)pdm09 foi o predominante na última época, tendo também sido detetado com menor frequência o vírus da gripe B/Victoria, especialmente no final da época.

Outra das conclusões da época 2015-2016 da gripe indica que a efetividade da vacina antigripal (EV) no grupo-alvo (65,8%) foi ligeiramente superior em relação à estimada na população em geral (56,1%), resultados, estes, que indicam que a vacina antigripal nesta época conferiu uma proteção moderada.

Estas estimativas EuroEVA (Efetividade da Vacina da Gripe na Europa) estão em linha com os resultados intermédios publicados pelo Reino Unido (49,1% contra A(H1)pdm09)(4) e pelo grupo do estudo europeu multicêntrico I-MOVE (Monitoring vaccine effectiveness during influenza seasons and pandemics in Europe) relativamente à análise de 10 países europeus (46,3% contra o vírus de gripe em geral)

O projeto EuroEVA, componente portuguesa do estudo europeu multicêntrico I-MOVE, tem por objetivo obter estimativas da efetividade da vacina antigripal sazonal e pandémica durante e após a época de gripe. Desde a época de 2008/2009, Portugal, juntamente com outros países europeus, tem vindo a implementar um protocolo comum, utilizando um desenho de estudo caso-controlo teste negativo.

Estes resultados são apresentados no artigo “Efetividade da vacina antigripal sazonal na época 2015/2016: resultados do projeto EuroEVA”, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico Observações. Para consultar na íntegra o trabalho de Verónica Gómez, Raquel Guiomar, Ana Paula Rodrigues, Pedro Pechirra, Patricia Conde, Paula Cristóvão, Inês Costa, Baltazar Nunes e Ausenda Machado, clique aqui.

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Gripe

Artigo Científico: Programas de promoção da alimentação saudável em Portugal: uma primeira proposta de avaliação – DGS

Programas de promoção da alimentação saudável em Portugal

Com o apoio da DGS avaliaram-se  29 programas de promoção de alimentação saudável e/ou atividade física realizados entre 2001 e 2015 em Portugal.

Foi assim possível reunir, pela primeira vez, neste formato, um conjunto de informação sobre a realidade nacional ao nível dos projetos na área da prevenção e controlo da obesidade infantil, permitindo a sua caracterização e eventual melhoria no futuro.

As investigadores Jessica Filipe e Cristina Godinho em parceria e com o apoio do PNPAS/DGS descreveram e observaram  29 programas de promoção de alimentação saudável e/ou atividade física realizados entre 2001 e 2015 em Portugal. Foi assim possível reunir, pela primeira vez, neste formato, um conjunto de informação sobre a realidade nacional ao nível dos projetos na área da prevenção e controlo da obesidade infantil, permitindo a sua caracterização.

Os autores concluem que existem vários obstáculos à melhoria e replicação futura destes projetos. Entre eles estão:
  1. a insuficiente quantidade de informação disponibilizada;
  2. a utilização de terminologia inconsistente para descrever o conteúdo das intervenções;
  3. a ausência frequente de uma fundamentação teórica e empírica das atividades e metodologias selecionadas;
  4. a utilização de desenhos e processos de avaliação não otimizados.
Outro obstáculo a ter em conta é a insuficiência de recursos financeiros disponíveis. Esta fragilidade torna a sua manutenção difícil, prejudicando a alocação de recursos materiais vitais para o seu desenvolvimento, assim como o envolvimento desejável de todas as partes, com graves repercussões para a sua sustentabilidade a médio e longo prazo. Assim, a a probabilidade de existência de projetos curtos e sem continuidade aumenta e acarreta outras repercussões, como a falta de avaliação e de reporte dos resultados de modo conclusivo.

Muito trabalho ainda por fazer e muito apoio a dar a todos os profissionais de saúde e da educação que obstinadamente teimam em realizar estas atividades de serviço público, muitas vezes sem quaisquer condições e com horas pessoais de trabalho extra dado em prol de uma sociedade melhor e com mais saúde para as crianças portuguesas.

Pode ler o trabalho na íntegra ou descarregar aqui.

Artigo: Diagnóstico Laboratorial de Casos de Importação de Infeções por Vírus Zika

O Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI) do Instituto Ricardo Jorge elaborou um artigo com o objetivo de alertar para importância do diagnóstico e métodos utilizados no diagnóstico laboratorial de infeções por vírus Zika. Neste trabalho é também apresentada a casuística de infeção por Zika identificados no CEVDI de junho de 2015 a junho de 2016.

Durante o período em causa, foram enviadas ao laboratório 388 amostras com pedido específico de diagnóstico de Zika. A maior parte dos pedidos de diagnóstico coincide temporalmente com aconfirmação da ocorrência de infeções congénitas assim como da transmissão por via sexual realizada pela Organização Mundial da Saúde (fevereiro) não se tratando provavelmente de casos de suspeita de doença mas de diagnóstico diferencial ou exclusão de infeção nas grávidas.

De junho de 2015 a junho 2016 foram confirmados 17 casos positivos de infeção por Zika. Oito casos positivos (47%) foram confirmados por biologia molecular, sobretudo na urina. Em três casos (18%) foi identificada virúria e anticorpos IgM específicos e, também em três casos (18%), foi confirmada virúria e anticorpos anti-flavivírus evidenciando infeção anterior, ou coinfeção, por outro flavivírus.

De acordo com as autoras deste trabalho, publicado na última edição do Boletim Epidemiológico Observações e que pode ser consultado aqui, “no diagnóstico laboratorial tornou-se evidente que um diagnóstico molecular positivo confirma um caso. No entanto um resultado negativo deve ser avaliado ou sujeito a confirmação por serologia posteriormente”.

Já em relação à natureza da amostra a enviar ao laboratório, “a urina confirma-se como uma amostra importante, uma vez que a virúria prolonga o período de deteção do vírus até pelo menos ao décimo dia após início dos sintomas, devendo ser sempre enviado ao laboratório amostra de sangue em EDTA e urina”.

“O diagnóstico serológico é importante na confirmação de ausência de anticorpos anti-flavivírus (resultado negativo). No entanto um resultado positivo tem que ser avaliado com nova amostra e titulação para outros flavivírus o que, no fim, até pode não levar a um resultado conclusivo”, acrescentam as investigadoras Maria João Alves e Líbia Zé-Zé.

O vírus Zika (Flavivirus) é um arbovírus transmitido sobretudo por mosquitos, mas também, por transmissão materno-fetal e sexual. Existem evidências que as infeções por vírus Zika podem estar associadas à síndrome de Guillian-Barré e a casos congénitos de microcefalia e outras malformações do sistema nervoso central.

O CEVDI tem desenvolvido o diagnóstico e estudos epidemiológicos de vírus transmitidos por artrópodes desde o princípio dos anos 90. O diagnóstico de Zika foi desenvolvido e padronizado em 2007.

Veja aqui o artigo

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Vírus Zika

Artigo: Rastreio Neonatal da Homocistinúria Clássica Revela uma Elevada Frequência da Deficiência em MAT I/III na Península Ibérica – INSA

Este trabalho demonstrou que a “realização deste rastreio baseado apenas na determinação da metionina plasmática, gera alguma controvérsia devido à baixa especificidade e sensibilidade”. Isto porque, referem os autores do estudo, “nem em Portugal, nem na Galiza foram até à data identificados casos falsos negativos, mas foi identificado um número considerável de casos com uma forma aparentemente benigna de Def. MAT I/III, desconhecida na Península Ibérica antes do rastreio neonatal” por espectrometria de massa em tandem.

Em Portugal o rastreio da deficiência de CBS iniciou-se em 2004, tendo até à data sido identificados dois doentes (1:425 000 RN). “Esta baixa prevalência ao nascimento e a identificação de um elevado número de indivíduos com uma condição aparentemente benigna, colocam em questão a manutenção deste rastreio no painel nacional de doenças rastreadas”, concluem os investigadores da Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética do Instituto Ricardo Jogre.

Para evitar o elevado número de casos falsos-positivos, é sugerida a implementação de um teste de segunda linha, através da determinação da homocisteína total. Este exame “permitiria reduzir consideravelmente o número de RN identificados com deficiência em MAT I/III e melhorar a especificidade e o valor positivo preditivo do rastreio da homocistinúria clássica”.

A homocistinúria clássica é uma doença genética, de transmissão autossómica recessiva, mundialmente rara (1/344 000), e devida à deficiência na enzima cistationina b-sintetase. Bioquimicamente, esta deficiência resulta na elevação da metionina e homocisteína no plasma e da homocistina na urina. Clinicamente multissistémica, destaca-se a miopia, subluxação do cristalino, atraso mental, alterações esqueléticas (síndrome de Marfan) e eventos tromboembólicos.

Para consultar o artigo de Ana Marcão, María L. Couce, Célia Nogueira, Helena Fonseca, Filipa Ferreira, José M. Fraga, M. Dolores Bóveda e Laura Vilarinho, clique aqui.

Artigo: Estudo de Dislipidemias Familiares Monogénicas Raras – INSA

Com o objetivo de fazer uma revisão dos casos de dislipidemias familiares monogénicas raras em estudo no Instituto Ricardo Jorge, o Departamento de Promoção da Saúde e Doenças Crónicas, em colaboração com várias outras instituições, elaborou um trabalho onde apresenta os dados clínicos e moleculares mais relevantes destes doentes. Foram estudados, ou está em curso o estudo, 14 casos, sendo que em 8 destes doentes foi encontrada a causa genética da doença.

Esta situação permitiu, segundo os autores do trabalho, “uma melhor e mais personalizada abordagem terapêutica com melhoria do prognóstico do doente, assim como também, um aconselhamento genético adequado, com identificação de outros familiares em risco”. “Doentes com as várias dislipidemias raras apresentadas têm um risco acrescido de ter outras doenças graves como pancreatite, doença cardiovascular ou complicações neurológicas e devem, por esta razão, ser identificados o mais precocemente possível, de forma a minimizar ou prevenir os efeitos nefastos destas condições”, refere o artigo.

Os investigadores alertam ainda para a necessidade de cumprimento da circular normativa da Direção-Geral da Saúde que recomenda que todas as crianças antes dos 10 anos de idade realizem a caraterização do seu perfil lipídico, já que em todos os casos apresentados neste trabalho a dislipidemia apresenta-se desde a infância. A identificação da etiologia de cada dislipidemia é importante para a implementação da correta abordagem terapêutica uma vez que a mesma depende da via metabólica afetada.

A dislipidemia é um distúrbio do perfil lipídico, seja por elevação ou diminuição de partículas lipídicas, usualmente associadas aos triglicéridos (TGs), colesterol LDL (C-LDL) ou colesterol HDL (C-HDL) (1–3). Uma dislipidemia para ser considerada rara, deve estar presente em menos de 1 em 2 000 pessoas, embora algumas doenças raras tenham frequentemente uma prevalência mais baixa, estimada em menos de 1 em 100 000 indivíduos.

Para consultar na íntegra o artigo de Ana Catarina Alves, Sílvia Sequeira, Oana Moldovan, Goreti Lobarinhas, Helena Mansilha, Sequeira Duarte, Ana Gaspar, António Guerra e Mafalda Bourbon, clique aqui.