04/01/2021
Etiqueta: Braille
Sistema Braille Oficializado em Portugal
- Decreto-Lei n.º 126/2017 – Diário da República n.º 192/2017, Série I de 2017-10-04
Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
Oficializa o Sistema Braille em Portugal
«RESUMO EM LINGUAGEM CLARA (SEM VALOR LEGAL)
O que é?
Este decreto-lei oficializa o sistema Braille que é utilizado em Portugal, o qual é apresentado no anexo a este decreto-lei.
O sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas, que se aplica a todas as grafias (por exemplo, à língua portuguesa, matemática, química, música e informática).
O que vai mudar?
Criam-se novas regras para a utilização do sistema Braille em Portugal.
O sistema Braille será aplicado a todas as grafias. Por exemplo, à:
- língua portuguesa
- matemática
- química
- música
- informática.
As diferentes grafias serão propostas pelo Núcleo para o Braille e Meios Complementares de Leitura, do Instituto Nacional para a Reabilitação, e aprovadas pelas/os ministras/os:
- da ciência, tecnologia e ensino superior
- da educação
- do trabalho, solidariedade segurança social.
Depois de aprovadas, estas grafias serão publicadas nos sites do Instituto Nacional para a Reabilitação e da Direção-Geral do Ensino Superior.
O sistema Braille aprovado assenta numa matriz de 6 pontos, aos quais se acrescentam:
- o ponto 7, por baixo do ponto 3
- o ponto 8, por baixo do ponto 6.
Estes pontos adicionais vão permitir a representação de cada um dos pontos de código das tabelas de codificação de caracteres usadas nas tecnologias da informação e comunicação.
Que vantagens traz?
Com este decreto-lei pretende-se:
- adaptar o sistema Braille às necessidades de escrita que existem atualmente
- oficializar os sinais usados e as diferentes aplicações do Braille
- definir condições adequadas para enquadrar, estruturar, normalizar e orientar o uso do Braille
- criar condições para o desenvolvimento do Braille, como meio natural de leitura e escrita das pessoas com deficiência visual e ferramenta indispensável à sua integração familiar, escolar, profissional e social.
Quando entra em vigor?
Este decreto-lei entra em vigor no dia a seguir à sua publicação.
«Decreto-Lei n.º 126/2017
de 4 de outubro
O Decreto n.º 18.373, de 22 de maio de 1930, reconheceu a conveniência de «uniformizar em Portugal o método de leitura e escrita do Sistema Braille para uso dos cegos, em harmonia com a nova ortografia oficial», e aprovou o método de leitura que faz parte integrante do referido decreto.
Sucede que a realidade braillográfica então decretada deixou de satisfazer, desde há muito, as necessidades sentidas pelos utilizadores, que tiveram de passar a aplicar o Braille não só à escrita vocabular, quer no modo integral quer no estenográfico, como também à escrita, nomeadamente, da matemática, da química, da fonética, da informática, da música.
Por outro lado, o Sistema Braille deixou de ser apenas um código elementar de leitura e escrita tátil para se tornar também no cerne de uma vasta problemática hoje em dia merecedora do interesse académico, dando origem a investigação desenvolvida nos seus vários domínios, servida por uma já ampla e reputada bibliografia.
Assim, torna-se necessário oficializar o material signográfico e as suas diversas aplicações braillográficas e definir as condições adequadas ao enquadramento, estruturação, normalização e orientação do emprego do Braille, bem como o seu desenvolvimento como o meio natural de leitura e escrita das pessoas com deficiência visual, o que o torna numa ferramenta imprescindível à sua integração familiar, escolar, profissional e social.
Além do que a normalização e a oficialização do Sistema Braille constitui uma antiga aspiração das pessoas com deficiência visual e das suas organizações representativas, as quais, em Portugal como em todo o mundo e por largo tempo, têm vindo a promover empenhadamente a sua adoção.
Assim:
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Objeto
É aprovado o Sistema Braille, vigente em Portugal, em anexo ao presente decreto-lei e do qual faz parte integrante, como matéria para aplicação às diferentes grafias do Braille.
Artigo 2.º
Sistema Braille
1 – O Sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas.
2 – Os sinais do Sistema Braille aplicam-se a todas as grafias, designadamente, à Língua Portuguesa, Matemática, Química, Música e Informática.
3 – O sistema Braille assenta numa matriz de 6 pontos.
4 – Para permitir a representação em Braille de cada um dos pontos de código das tabelas de codificação de carateres, incorporadas nas tecnologias da informação e comunicação, são sotopostos ao ponto 3 e ao ponto 6 da célula Braille, respetivamente os pontos 7 e 8.
Artigo 3.º
Aprovação das grafias
1 – A aprovação das grafias referidas no n.º 2 do artigo anterior, é objeto de despacho a publicar pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da deficiência, da educação e da ciência, tecnologia e ensino superior, sob proposta do organismo público que tem a cargo o planeamento, execução e coordenação das políticas destinadas a promover os direitos das pessoas com deficiência.
2 – Após a publicação do despacho referido no número anterior, a divulgação das grafias faz-se pela publicação das mesmas nos sítios oficiais da Internet do Instituto Nacional para a Reabilitação, I. P., da Direção-Geral da Educação e da Direção-Geral do Ensino Superior.
3 – A proposta referida no n.º 1 é elaborada pelo Núcleo para o Braille e Meios Complementares de Leitura, no âmbito das respetivas competências.
Artigo 4.º
Norma revogatória
É revogado o Decreto 18.373, de 22 de maio de 1930.
Artigo 5.º
Entrada em vigor
O presente decreto-lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 10 de agosto de 2017. – António Luís Santos da Costa – Manuel Frederico Tojal de Valsassina Heitor – Tiago Brandão Rodrigues – José António Fonseca Vieira da Silva.
Promulgado em 11 de setembro de 2017.
Publique-se.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Referendado em 28 de setembro de 2017.
O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa.
ANEXO
(a que se refere o artigo 1.º)
Sistema Braille
Os seis pontos do Sistema Braille são numerados de cima para baixo e da esquerda para a direita. Os três pontos que formam a fila vertical esquerda têm os números 1, 2, 3; aos que compõem a fila vertical direita cabem os números 4, 5, 6.
Dieta Mediterrânica em Braille
PNPAS pretende melhorar saúde das pessoas com deficiência visual
O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), da Direção-Geral da Saúde, lançou o primeiro documento em Braille e leitura aumentada sobre dieta mediterrânica.
O texto agora produzido, com o apoio da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, e que será distribuído aos seus associados, reproduz os princípios alimentares da dieta mediterrânica, esperando que este seja o primeiro de outros passos destinados a melhorar a saúde alimentar deste grupo da população.
Em Portugal, estima-se existirem cerca de 900 mil cidadãos com dificuldades de visão. Destes, cerca de 28 mil são pessoas cegas. A estas pessoas que não conseguem ver, mesmo com ajuda, teremos de juntar muitos outros milhares de pessoas com muito baixa visão.
Estes portugueses e suas famílias, para além das dificuldades físicas e económicas, nomeadamente uma proporção muito elevada de desemprego (75% das pessoas cegas na União Europeia estão desempregadas), discriminação e mobilidade, têm também riscos aumentados de saúde.
Apesar de serem poucos os trabalhos científicos sobre o assunto a nível global, pensa-se que a proporção de crianças e adolescentes com deficiência visual que desenvolveram obesidade ou pré-obesidade varie entre 18,4% e os 63%, valores acima da média quando comparados com crianças sem problemas de visão.
Assumindo que as crianças e os adolescentes com deficiência visual são mais propensos a desenvolver obesidade, talvez resultado de dificuldades em fazer uma alimentação mais saudável ou dificuldades em participar em atividades comuns de atividade física, é importante dar atenção redobrada a este grupo vulnerável e muitas vezes esquecido.
A informação de qualidade sobre alimentação saudável destinada a pessoas com deficiência visual é ainda muito escassa ou praticamente inexistente em Portugal.
A dieta mediterrânica é um modelo alimentar que tem por base produtos vegetais, o azeite como gordura principal e métodos de confeção simples, recorrendo a alimentos da época, de proximidade e frescos. Este modelo alimentar saudável foi declarado Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO e, desde então, Portugal tem a obrigação de protegê-lo através de diversas medidas de salvaguarda.
Com a edição de «Os princípios da Dieta Mediterrânica» em Braille, o PNPAS contribui para a divulgação deste modelo alimentar na comunidade das pessoas com deficiência visual.
O PNPAS insere este documento na sua missão e estratégia de «informar e capacitar para a compra, confeção e armazenamento de alimentos saudáveis, em especial nos grupos mais desfavorecidos», tendo já produzido diferentes documentos e ferramentas pedagógicas destinadas a grupos mais frágeis da população.
Visite:
Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável – http://nutrimento.pt/