As doenças cardiovasculares, particularmente a doença coronária e o acidente vascular cerebral, são as principais causas de morbilidade e mortalidade a nível mundial. A incidência destas doenças tem vindo a aumentar nos países de baixo e médio rendimento, como resultado da modificação dos estilos de vida e do aumento da prevalência de fatores de risco cardiovascular.
De entre os fatores de risco conhecidos para doenças cardiovasculares, a dislipidemia, a hipertensão arterial, a diabetes, o sedentarismo, o excesso de peso/obesidade, a dieta inadequada e o tabagismo são fatores de risco modificáveis e, portanto, passíveis de correção, o que pode minimizar situações de doença. Por outro lado, os fatores de risco genéticos não são modificáveis, mas se identificados precocemente, o risco associado pode ser minimizado.
Com o objetivo de determinar a prevalência dos principais fatores de risco cardiovascular na população portuguesa, com especial enfoque na dislipidemia e na caraterização genética do risco cardiovascular, o Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do Instituto Ricardo Jorge desenvolveu um estudo (e_COR) onde participaram 1688 indivíduos. Paralelamente foi realizado outro trabalho (e_LIPID) que pretendeu determinar o perfil lipídico da população portuguesa.
Os resultados do estudo e_LIPID mostram que a dislipidemia é um fator de risco prevalente na população portuguesa e a ligeira diminuição na prevalência da hipercolesterolemia verificada (16%) desde o último estudo nacional sobre o perfil lipídico da população portuguesa, em 2001, não acompanha o aumento exponencial da venda de estatinas em Portugal. Os investigadores sublinham, no entanto, que apesar da dislipidemia ser um fator de risco prevalente, é um fator de risco modificável, podendo ser evitado ou controlado/corrigido quando identificado.
Para saber mais sobre este trabalho, da autoria de Cibelle Mariano, Marília Antunes, Quitéria Rato e Mafalda Bourbon, clique aqui.