A Unidade de Infeções Parasitárias e Fúngicas do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge, efetuou um estudo com o objetivo de analisar o número de casos de histoplasmose registados em Portugal. Resultados mostram que, entre 2009 e 2015, foram descritos na literatura 10 casos de histoplasmose em Portugal, a maioria diagnosticados na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Este trabalho foi realizado através de um levantamento bibliográfico exaustivo, com recurso à base de dados PubMed e ao portal português B-on. A investigação teve também em conta a base de dados de Grupos de Diagnóstico Homogéneo (GDH), disponibilizada pela Administração Central do Sistema de Saúde, sobre os episódios de internamento hospitalar do Sistema Nacional de Saúde, durante o período de 2009 a 2014.
Não sendo a histoplasmose uma doença de declaração obrigatória em Portugal, os episódios de internamento registados nos GDH dão informação apenas sobre as situações graves da doença, resultante de infeções primárias ou de comorbilidade. De acordo com as autoras do estudo, “apesar dos GDH registarem episódios de internamento e não doentes e de existir alguma heterogeneidade na codificação dos mesmos entre hospitais, podemos assumir que o número de episódios de internamento em Portugal se tem mantido constante entre 2009 e 2015, observando um ligeiro decréscimo ao longo dos anos”.
“Com o aumento da mobilidade intercontinental das populações aumenta também o número de indivíduos em risco para a infeção por fungos endémicos em alguns países do globo. Assim, e apesar de ser considerada uma doença rara na Europa, a suspeita clínica e consequente diagnóstico da histoplasmose começa a ser mais frequente pelo que devem ser desenvolvidos sistemas de monitorização e vigilância desta infeção”, sublinham ainda as investigadores. “Clínicos e microbiologistas devem estar em alerta e aumentar o seu conhecimento sobre a patogenicidade, os métodos de diagnóstico diferencial, o tratamento e a evolução do padrão epidemiológico desta e de outras infeções fúngicas”, acrescentam.
O Histoplasma capsulatum é o agente etiológico da histoplasmose, apresentando duas variedades com caraterísticas epidemiológicas diferentes. A infeção ocorre sobretudo por inalação de esporos em locais contaminados por Histoplasma, dando origem a um quadro assintomático ou a manifestações clínicas moderadas ou graves, semelhantes a pneumonia ou outras infeções respiratórias. Na maioria das situações, a cura é espontânea, sendo as formas mais graves da infeção consideradas raras nos indivíduos imunocompetentes.
“Histoplasmose em Portugal – infeção rara?” foi publicado na última edição do Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica do Instituto Ricardo Jorge que visa contribuir para o conhecimento da saúde da população, os fatores que a influenciam, a decisão e a intervenção em Saúde Pública, assim como a avaliação do seu impacte na população portuguesa.Para consultar o artigo de Cristina Veríssimo, Helena Simões e Raquel Sabino, clique aqui.