A gripe ocorre geralmente entre Novembro e Março, no hemisfério Norte, pelo que é designada por sazonal. Portugal está dentro do período sazonal atrás referido, pelo que se regista já atividade gripal, embora ainda sem grande significado e dentro de padrões considerados normais.
O Programa Nacional de Vigilância da Gripe (PNVG) assegura a vigilância epidemiológica da gripe em Portugal, através da integração da informação das componentes clínica e virológica, providenciando informação detalhada relativamente à atividade gripal que pretende suportar as entidades com poder de decisão em saúde pública. Este Programa é coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Instituto Ricardo Jorge), através do seu Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe (LNRVG) e em estreita colaboração com o Departamento de Epidemiologia (DEP) do Instituto, envolvendo também e a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O PNVG integra as atividades do Programa Europeu de Vigilância da Gripe e outros Vírus Respiratórios, coordenado pelo ECDC, que cobre as áreas da vigilância da gripe sazonal humana, gripe pandémica e gripe de origem animal, assim como a vigilância de outros vírus respiratórios. O Programa tem como objetivos a recolha, análise e disseminação da informação sobre a atividade gripal, identificando e caraterizando de forma precoce os vírus da gripe em circulação em cada época bem como a identificação de vírus emergentes com potencial pandémico e que constituam um risco para a saúde pública.
O PNVG tem ainda os seguintes objetivos específicos:
- Descrição da epidemiologia da gripe;
- Monitorização da intensidade, dispersão geográfica e evolução da epidemia de gripe;
- Identificar os tipos e subtipos do vírus da gripe em circulação, determinação do fenótipo e genótipo, suscetibilidade aos antivirais, semelhanças com as estirpes vacinais recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS);
- Monitorização da suscetibilidade da população (seroepidemiologia);
- Monitorização do impacto da doença provocada pelo vírus da gripe e fatores de risco associados.
A integração das componentes de vigilância clínica e laboratorial assume uma elevada importância para o conhecimento da epidemiologia da gripe devido à natureza não específica da doença, uma vez que esta apresenta sinais e sintomas comuns a infeções respiratórias provocadas por outros agentes respiratórios virais. Desta forma é através da reunião da informação clínica e laboratorial que se obtém o verdadeiro retrato da epidemia gripal em cada época.
A componente laboratorial constitui um indicador precoce do início de circulação dos vírus influenza em cada época de vigilância e assegura a especificidade do sistema de vigilância. A informação da atividade gripal decorrente das atividades do PNVG é disponibilizada semanalmente através do Boletim de Vigilância da Gripe. No site da DGS, pode igualmente ser consultada a informação semanal atualizada sobre a atividade gripal.
PERÍODO DE VIGILÂNCIA
A vigilância da síndroma gripal, baseada exclusivamente no diagnóstico clínico, mantém-se ativa ao longo de todo o ano, sendo este aspeto especialmente relevante na eventualidade, da ocorrência de um surto fora da época, considerada habitual, para a atividade gripal (outubro a maio do ano seguinte). A vigilância virológica, e de base laboratorial, está ativa de outubro (semana 40) a maio (semana 20) do ano seguinte, sendo no entanto possível efetuar o diagnóstico do vírus da gripe em qualquer altura do ano.
O PNVG integra as componentes clínica e virológica para a descrição da atividade gripal em cada inverno. Para avaliar o impacto e severidade da epidemia de gripe estão igualmente associadas ao Programa as componentes de vigilância da gripe em unidades de cuidados intensivos e a vigilância da mortalidade por todas as causas.
Vigilância clínica: a componente clínica do PNVG, baseada exclusivamente no diagnóstico clínico, é suportada pela Rede Médicos-Sentinela e tem um papel especialmente relevante por possibilitar o cálculo de taxas de incidência permitindo descrever a intensidade e evolução da epidemia no tempo. Os Médicos-Sentinela notificam semanalmente ao Departamento de Epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge todos os novos casos de doença que ocorreram nos utentes inscritos nas respetivas listas, o que permite o cálculo das taxas de incidência.
Vigilância virológica: A componente virológica tem por base o diagnóstico laboratorial do vírus da gripe. Constitui um indicador precoce do início de circulação dos vírus influenza em cada época de vigilância e assegura a especificidade deste sistema. Tem como objetivos a deteção e caraterização dos vírus da gripe em circulação através da análise laboratorial utilizando métodos clássicos de diagnóstico virológico e de biologia molecular.
Atualmente é operacionalizada pela Rede Médicos-Sentinela, pela Rede de Serviços de Urgência (SU), Serviços de Obstetrícia (GG) e pelo projeto EuroEVA (EE) que notificam casos de síndroma gripal e realizam igualmente a colheita de exsudado da nasofaringe que enviam ao Instituto Ricardo Jorge para análise laboratorial.
A Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe colabora, desde 2009, de forma ativa para a vigilância da gripe em Portugal através do diagnóstico, notificação de casos e envio de vírus para caraterização fenotipica e genotipica.
O constante aperfeiçoamento do Sistema de Vigilância no âmbito do PNVG, resultante do empenho de todos os seus intervenientes, tem contribuído para uma melhor caraterização das epidemias de gripe que ocorrem no nosso País. Tal permite a emissão atempada de alertas à população e a disponibilização de informação de apoio à decisão das autoridades de saúde com vista a uma melhor gestão da procura dos serviços de saúde.
Veja todas as relacionadas:
Tag Gripe