Causada pela bactéria Francisella tularensis, a tularémia é uma zoonose que pode ser encontrada nos lagomorfos e roedores, sendo estes animais considerados potenciais causadores de risco de transmissão ao Homem, quer por contacto direto quer através dos vetores como carraças e mosquitos. A espécie F. tularensis é a mais patogénica do géneroFrancisella e engloba três subespécies (F. tularensis subsp. tularensis, F. tularensis subsp.holarctica e F. tularensis subsp. mediasiatica).
A principal via de transmissão de infeção para o Homem é a cutânea, mas também podem ocorrer por outras vias como a conjuntiva ocular, as mucosas da boca e nariz e a gastrointestinal. A tularémia tem um período de incubação de três a cinco dias e a doença manifesta-se por febre (38-40ºC), cefaleias, fadiga, mialgias e arrepios de frio. Estão descritas várias formas clínicas de tularémia: ulceroglandular, glandular, oculoglandular, orofaríngea, pneumónica, tifoidal e séptica. As duas primeiras são as mais comuns e encontram-se frequentemente associadas à picada de artrópodes ou ao contato com animais infetados.
Com o objetivo de esclarecer a prevalência desta doença em Portugal, o Laboratório Nacional de Referência de Doenças Infeciosas Transmitidas por Vetores e a Unidade de Resposta a Emergências e Biopreparação, do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Ricardo Jorge, elaboraram um estudo para avaliar a frequência de F. tularensis em amostras humanas, artrópodes vetores e potenciais reservatórios como os lagomorfos silvestres no período compreendido entre 1 de janeiro de 2011 e 15 de junho de 2015.
Durante o estudo foram analisadas 5372 amostras, das quais 93 foram provenientes de humanos, 237 carraças, 4949 mosquitos e 93 amostras de lagomorfos. Todas as amostras analisadas provenientes de humanos assim como os mosquitos analisados deram resultado negativo. Das 237 carraças analisadas, 15 espécimens (6.33%) revelaram a presença de F. tularensis subsp. holarctica. Quanto à análise efetuada às amostras de lagomorfos verificou-se que seis (6.45%) foram positivas.
Poderá ficar a saber mais sobre este estudo, realizado por Carina Carvalho, Sofia Núncio, Isabel Lopes de Carvalho, aqui